Há dez anos, em maio de 2014, eu fiz, a convite, duas palestras sobre o tema geral “A Importância da Leitura no Mundo Atual”. No tempo dado de 3 horas e 20 minutos tentei mostrar a imprescindibilidade e os encantos da leitura.
Antes do dia daquela palestra, estive em livraria de dois “shopping centers” de Imperatriz. Como quase sempre, era uma tristeza o ambiente de desolação, de pouca frequência. Livrarias que têm de colocar mais e mais livros escolares/universitários para ter um pouco mais de “movimento”. Livrarias que têm de colocar ursinhos de pelúcia e itens que não são papel com letras para sobreviver. Não sei como bancam custos de aluguel, funcionários etc.
Há alguns anos antes da data da palestra, a venda de livros em Imperatriz apresentava um crescimento de 20,07%. Na mesma época, o consumo de cerveja (sem falar em outras bebidas), 586,77%.
Também, pudera: segundo uma informação da associação da categoria, havia em Imperatriz mais de DEZ MIL bares e pontos-de-venda de bebidas — contra apenas duas recentes livrarias, um sebo e alguns pontos de venda de livros especializados em instituições de ensino superior. Nessa época, o Índice de Potencial de Consumo do mercado de Imperatriz era de R$ 1 bilhão 022 milhões 078 mil.
Quem sabe o índice de leitura se eleve no dia em que inventarem o livro engarrafado, a revista líquida… Talvez assim desça redondo…
Talvez assim porque sim…
Em 2006, o “Atlas do Mercado Brasileiro”, publicação anual da Gazeta Mercantil, o mais tradicional jornal de Economia do País, fundado em 1920, em São Paulo (SP), registrava que, em Imperatriz, consumiam-se anualmente, apenas pelos dados oficiais:
—– R$ 42 milhões 900 mil em roupas;
—– R$ 24,5 milhões em medicamentos;
—– R$ 11,7 milhões em cerveja;
—– R$ 6 milhões em fumo;
—– R$ 4 milhões no cabeleireiro;
—– e R$ 3,2 milhões investidos em livros e revistas.
Outro dado, naquele mesmo ano: Em todo o Maranhão, gastava-se mais com cabeleireiros (R$ 60 milhões 400 mil), consumia-se mais papel higiênico (R$ 45 milhões 300 mil) do que livros e revistas (R$ 43 milhões 300 mil).
Beleza e higiene são importantes e indispensáveis. Leitura talvez não o seja.
Comparando-se o total das vendas de papel higiênico (R$ 45,3 milhões) com o de livros e revistas (R$ 43,3), e a despeito da excepcional geração de autores excepcionais, dá para dizer que somos mais cagões do que intelectuais?
Claro que não…
Mas uma coisa é certa: o cérebro precisa ter mais conteúdo…
…e o intestino precisa se livrar dele…
E paremos por aqui, antes que esse assunto comece a feder…
Com a palavra, o leitor.
EDMILSON SANCHES
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