Médico imperatrizense jovem e estudioso, morreu aos 27 anos, cheio de sonhos… Pesquisador competente, ele estudou Medicina no Brasil, Rússia, França, Espanha e Estados Unidos. Assegurava que iria ganhar um Prêmio Nobel.
Sete anos atrás, em 05 de maio de 2017, noite de uma sexta-feira, ocorreu o lançamento do livro “George Nicholas Papanicolaou – O Legado”, do médico imperatrizense Gibran Antônio Garcia Daher. Foi no auditório da Universidade Aberta do Brasil, na Rua Dom Pedro 2º, bem ao lado da Praça União., em Imperatriz (MA).
O livro, até onde se sabe, é a primeira biografia de George Papanicolau em todo o mundo. Papanicolau (1883–1962) foi um médico grego, pioneiro no estudo das células (Citologia) e na detecção de câncer. É conhecido mundialmente por ter sido o criador do “teste de Papanicolau”, que é um exame que descobre, de maneira precoce, tumores cancerosos na mulher (vagina e colo do útero). Com esse exame, o número de mortes entre mulheres reduziu-se em mais de 50%.
Publicada em 2016, a obra é bilíngue (português/inglês) e tem a coautoria de Rana S. Hoda, médica patologista, que Gibran Daher conheceu quando pela segunda vez fazia estágio nos Estados Unidos, no New York Presbyterian Hospital, fundado em 1771, das Universidades de Columbia e de Cornell. Rana Hoda ocupa o mesmo cargo do biografado: ela é chefe do Laboratório Papanicolau de Citologia, no hospital presbiteriano nova-iorquino.
Gibran Daher faleceu de parada cardíaca há 7 anos e 223 dias, em 25 de setembro de 2016, às 16h de um domingo, em pleno trabalho no Hospital Stella Maris, em São Paulo (SP), onde fazia residência em Cirurgia Geral. Tinha só 27 anos.
Ele nasceu em Goiânia (GO) e viveu boa parte da infância em Santa Helena de Goiás, pequeno município goiano. Depois, a família mudou-se para Imperatriz quando Gibran era ainda criança. Aos 14 anos já dava mostras de seu talento: fez sua estreia como escritor e lançou na Academia Imperatrizense de Letras seu primeiro livro: “Cantos e Contos de Quatro Cantos” (poesias), pela Editora Ética, de Imperatriz.
Em Imperatriz, Gibran Daher estudou nas escolas Dei Bambini, São Francisco e Santa Teresinha. Depois, foi para Brasília, onde, na Universidade Católica (UCB), formou-se em Medicina. Em sua carreira acadêmica e profissional, Gibran Daher estudou, fez pesquisas e outros trabalhos em destacadas instituições médicas e hospitalares do Brasil, da Rússia, dos Estados Unidos, da Espanha e da França. Extremamente dedicado ao trabalho, às pesquisas e outros estudos médicos, chegava a manifestar — legitimamente — seu sonho de ganhar um Prêmio Nobel.
Não se pode dizer que o jovem médico não estivesse pavimentando seu caminho para grandes conquistas na Medicina. Após sua graduação médica na UCB (2008-2014), Gibran buscava a ampliação de seus estudos, como residente em Cirurgia Geral no Hospital Stella Maris (São Paulo) e mestrando em Bioética pela Universidad Europea del Atlántico, em Santander (Espanha).
Inquieto, estudioso e trabalhador, ainda universitário, em 2009, apresentou em Nova York trabalho científico em um congresso de cirurgia torácica. No ano seguinte fundou e presidiu a Liga Cardiotorácica (LCT) da Universidade Católica de Brasília (2010-2012). Depois foi bolsista de Iniciação Científica (2010) e, em 2011 e 2013, retornou aos Estados Unidos para fazer estágio no New York Presbyterian Hospital, onde ainda mantinha vínculo como Pesquisador Convidado do Departamento de Patologia. Também estagiou no Hospital Europeu Georges Pompidou, em Paris (França, 2014).
George Daher era membro residente do American College of Surgeons (ACS), membro da American Thoracic Society (ATS), membro internacional da Papanicolaou Society of Cytopathology (PSC) e membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO). Antes de estudar e graduar-se em Medicina em Brasília (DF), ele cursou a Faculdade Preparatória de Medicina, na Academia Médica de Moscou, na Rússia, em 2007 e 2008.
Seu currículo registra ainda, como formação complementar, cursos de extensão universitária em “História da Arte”, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; “Advanced Cardiovascular Life Support – ACLS”, American Heart Association (AHA), nos Estados Unidos; “Curso Intensivo de Cardiologia”, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia; “Curso de Cardiologia”, no Hospital do Coração do Brasil; “Basic Life Support – BLS”, na New Jersey Medical School (Estados Unidos); “Emergências Clínicas”, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; “Treinamento em Videocirurgia”, no Centro de Educação e Tecnologia em Ciências da Saúde; e “Urgências em Clínica Médica”, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP).
Além de suas atividades acadêmicas e de trabalho médico, Gibran Daher também voltava-se para as causas sociais e humanitárias. O “site” do “Diário do Poder” (www.diariodopoder.com.br), de Brasília, ao noticiar a morte de Gibran Daher, destacou que ele “era ligado a causas sociais, muito estudioso e dedicado ao trabalho”. A Sociedade Civil Maria Maria, de Brasília, uma organização das mulheres funcionárias da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, em reconhecimento aos serviços do jovem médico, fez-lhe homenagem póstuma em evento realizado em outubro de 2016.
O médico imperatrizense, em suas próprias palavras, amava a Medicina. Quando estagiou no Exterior, declarou como a experiência “fez abrir” sua cabeça “para um mundo de possibilidades”. Ele recordava de como foi “muito bem recebido” em cada lugar que passou, em todos ampliando seus conhecimentos e solidificando sua “networking”, que, com certeza, era para ele um recurso estratégico. Ele dizia: “[…] por cada lugar que passei, conheci muitas pessoas e troquei muitos contatos, que podem me abrir portas numa experiência futura”.
Em 04 de outubro de 2016, nove dias após sua morte, Gibran Daher foi homenageado na cerimônia de abertura do Outubro Rosa, no Salão Negro do Congresso Nacional. Com a presença de familiares, amigos e parlamentares, foi feito o lançamento do livro sobre o médico George Nicholas Papanicolau. Na oportunidade, a senadora Vanessa Grazziotin, procuradora especial da Mulher no Senado Federal, e a professora Sílvia Garcia, mãe de Gibran Daher, falaram “sobre o engajamento do jovem médico à Medicina e, principalmente, à causa da saúde da mulher” e “a dedicação e entusiasmo do filho com a Medicina e com a vida”.
Os nomes “Gibran” (uma variante de “Gabriel”) e “Daher” são premonitórios: o primeiro significa “o fortalecido por Deus”; o outro, “fortuna” (palavra latina para “sorte”). Gibran Daher fazia jus a esses nomes, mas certamente não contava apenas com isso para vencer: ele sabia que só no dicionário a palavra “sucesso” vem antes de “trabalho”.
Confirmando as permanentes atividades do médico imperatrizense, o “site” da Universidade Católica de Brasília fez, entre outros, os seguintes registros: “Em sua atuação acadêmica, Gibran Daher participou e organizou congressos, produziu artigos, dedicou-se a estágios no Brasil e no exterior, desenvolveu um projeto na área de HPV como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), fundou a Liga Cardiotorácica dos Acadêmicos de Medicina (LCT), fez da Biblioteca sua segunda casa, e aproveitou ao máximo todo o aprendizado que lhe foi oferecido durante os seis anos de graduação”.
Se com 27 anos ele era esse talento acadêmico todo e essa capacidade de trabalho toda, onde nos próximos anos estaria o Dr. Gibran e até onde ele chegaria?
Quem sabe?
A única certeza é a de que, em memória e saudade, em forma de livro e lembranças, Gibran Daher esteve pela última vez em Imperatriz, naquele 05 de maio de 2017.
Convidado pela família do Gibran, estive presente e fiz um merecido pronunciamento ao jovem talento que Imperatriz, o Brasil e o mundo perderam.
Com 27 anos ele foi e é exemplo.
Nessa idade, quando muitos jovens praticamente estão começando a caminhar, Gibran voou…
Para longe…
…e para sempre.
EDMILSON SANCHES
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