terça-feira, 10 de dezembro de 2024

PALAVRAS AO LIVRO

Publicado em 1 de maio de 2024, às 18:53
Fonte: EDMILSON SANCHES é membro da Academia Maranhense de Ciências, do Conselho Regional de Administração, do Conselho Regional de Contabilidade, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Internacional de Literatura Brasileira (Estados Unidos), do Instituto Histórico e Geográfico e Academia de Letras de Caxias, e de Academias de Letras dos Estados do Maranhão, Pará, Espírito Santo e São Paulo.
Imagem: FreePik Premium

“No fundo, o mundo é feito para acabar num belo livro.”

(STHÉPANE MALLARMÉ, 1842-1898, poeta francês)

O que é o livro? 569 anos depois da Bíblia de Gutenberg, o livro continua mantendo-se como o mais clássico, o mais charmoso, o mais simbólico dos suportes disseminadores de cultura já criados pelo ser humano.

Na Terra pelo menos não se conhece nação dita e tida como civilizada que não tenha sua história e pré-história, seus feitos e defeitos relatados, documentados em livro. Nação desenvolvida  — já o disseram —  é nação de leitores. Sobretudo, leitores de livros.

Livro é “liber”, libelo, liberdade. Conhecimento aprisionado em forma, fôrma e tinta gráfica, libertado em explosão na consciência da Humanidade. (O latim “liber”, de onde se originou em português a palavra “livro”, é o nome que, em Botânica, nas árvores, se dá à “película que se acha entre a madeira e a casca exterior (“cortex”, ‘córtice’), o “liber” sobre o qual se escrevia antes da descoberta do papiro” (Houaiss, 2009).

Livro marcado e caçado a fogo, na Era Medieval, na Alexandria egípcia, na Alemanha nazista.

Livro resistência, permanência.

Da prensa à rotativa.

Livro. Livre.

O mundo ainda vai demorar bastante tempo para descobrir um outro suporte de conhecimento e entretenimento tão mágico e encantador quanto o livro. Se descobrir.

Falam em livro eletrônico (“e-book”)  — mas ele não substitui o prazer do toque, do tato, contato. Observe no leitor os gestos comedidos ou relaxados, soltos ou estudados, ao pegar, ao abrir, ao folhear o livro. Repare o declinar dos olhos, o menear da cabeça… Esboço de liturgia. Bosquejo de rito. Rascunho de ritual.

Falam em livros na Internet, mas isso não é o mesmo que um livro na rede  — na rede de embalar, de balançar, estirada na varanda na fazenda, pendurada próxima à janela no apartamento.

Na soleira do casebre, no jardim ou piscina da mansão, uma pessoa com um livro é quase igual àquela outra pessoa com um livro: ambos frequentam o mesmo mundo  — o mundo da leitura, onde se dá a leitura do mundo e, quem sabe, sua (re)construção. Literária/mente  —  e, pode ser, literal/mente.

Todos escrevem. Se não com a pena no papel, escrevem com os olhos, com o coração, imprimindo na infinita tela da memória o que foi elaborado e reelaborado no imensurável da imaginação.

Todos escrevemos. O estudante que escreve é também um escritor que estuda.

O indivíduo passa. O livro, não. O que ou quem é objeto de um texto fica ao mesmo tempo preso e liberto nas páginas do livro.

Quem escreve e quem se deixa (d)escrever, esses não morrem. Existem escritores e personagens esquecidos ou desconhecidos  — mortos, não.

*

No princípio era o verbo. E o verbo se fez livro. E o livro fez o verbo livre.

Lembra-te que tu és pó. Pó e pigmento. Pó e palavra. Palavra e papel, pena e tinta.

Em cada livro, um pouco de eternidade.

O livro é um diamante de papel.

Pois   — a História confirma —  um livro é para sempre.

EDMILSON SANCHES

Palestras – Cursos – Consultoria

Administração (Pública e Empresarial/Organizacional) /

Biografias / Comunicação / Desenvolvimento / História / Literatura

CONTATO: [email protected]

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