Apesar de ser unânime entre os teóricos da psicologia de que a melhor maneira de lidarmos com as emoções é expressando-as, no cotidiano, erroneamente é disseminada a ideia de que devemos reprimir as emoções.
A ideia de reprimir as emoções, ainda que carregada das melhores intenções, contribui para a manutenção de modos adoecedores de enfrentar as situações da vida.
As emoções são constitutivas da vida e não devem ser qualificadas como positivas e/ou negativas, as emoções são emoções, são parte da vida e, portanto, devem ser vivenciadas e experienciadas como qualquer outro fenômeno ligado à vida.
Reprimir as emoções, além de levar ao adoecimento, contribui para que as pessoas não desenvolvam habilidades para lidar e gerenciar acontecimentos conflitivos.
A reflexão acerca da expressão das emoções pode levar as pessoas a terem uma melhor competência social, sobretudo no que tange a lidar com situações delicadas. Portanto, é imperativo que dissolvamos a ideia de que reprimir emoções é sinônimo de força. Reprimir emoções apenas contribuirá para tornar as pessoas mais frágeis e adoecidas.
A medicina psicossomática nos ensina que os distúrbios somáticos são distúrbios afetivos que se manifestam na vida do sujeito não só por meio de afecções corporais graves e dor crônica, mas, também, por meio da dificuldade na fala, na falha da capacidade de simbolização-ressignificação, e podemos dizer que na falha na capacidade de expressar as emoções. É sempre importante lembrar de que, quando a boca cala, os órgãos falam e quando a boca fala, os órgãos saram. A fala é uma das principais ferramentas de que dispomos para ressignificar os acontecimentos, sobretudo, os acontecimentos de natureza traumática.
É sempre importante desenvolver formas de expressar as emoções, sentir as emoções e nos desprendermos da ideia de que reprimir as emoções é algo bom. As emoções precisam encontrar lugar em nossa experiência, chega a ser até um pleonasmo, todavia, é necessário integrar as emoções à nossa experiência. Sigmund Freud já nos alertava de que “a fuga é o caminho mais seguro para se tornar prisioneiro daquilo que se quer evitar”.