terça-feira, 18 de março de 2025

SEM MEDO DE ERRAR: O QUE ADOLESCENTES DEVEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NO MOMENTO DA ESCOLHA PROFISSIONAL

Publicado em 25 de março de 2024, às 14:51
Fonte: Péricles de Souza Macedo – Psicólogo pela UNINOVE-SP. Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP. Psicoterapeuta. Professor na UNIBALSAS.
Imagem: FreePik Premium

Péricles de Souza Macedo – Psicólogo pela UNINOVE-SP. Mestre em Psicologia Social pela PUC-SP. Psicoterapeuta. Professor na UNIBALSAS.

A questão da escolha profissional de jovens e adolescentes tem se colocado como importante desafio para muitas pessoas que ao terminarem o ensino médio se veem às voltas com a necessidade imposta pela realidade de escolher. Escolher nem sempre é um processo linear e marcado por uma linha de equilíbrio. Ao contrário do que muitos pensam, o processo se dá a partir de contradições, o que significa que o sujeito nem sempre vai lidar exatamente com uma escolha pronta, com um caminho pronto, mas, terá que construir um caminho e pavimentar uma estrada que nem sempre será linear, mas, cheia de idas e vindas e de altos e baixos.

A perspectiva sócio-histórica em psicologia trabalha com a ideia de que a vocação do ser humano é não ter vocação nenhuma, isto quer dizer que, o ser humano não está determinado a priori a desempenhar papel  X ou Y, mas, ele pode se tornar aquilo que as possibilidades da realidade permitirem. Poderíamos dizer que a vocação da abelha é produzir mel, todavia, em se tratando de ser humano, a única vocação é não ter vocação. Essa perspectiva visa a desnaturalizar a escolha profissional, bem como historicizar o processo de escolha, evidenciando que, uma escolha não se dá em um vácuo social e tampouco estará atrelada apenas a questões intrínsecas ao sujeito, mas, se dará articulada à trama social que envolve o sujeito. A perspectiva sócio-histórica trabalhará com a dialética individuo-sociedade, de modo a não cair em nenhum dos pêndulos, nem de focalizar apenas questões individuais e nem de cair na armadilha de que o sujeito já está determinado socialmente e por isso não há mais nada a se fazer. As condições objetivas servem para explicar o contexto de escolha do sujeito, mas, não deve ser tomado como um fator determinista.

Com base na perspectiva sócio-histórica, compreender os aspectos inerentes á escolha profissional é imprescindível para que o sujeito faça uma boa escolha. A boa escolha profissional é aquela que leva o sujeito à reflexão da multiplicidade de aspectos envolvidos no processo de escolha. Uma boa escolha profissional não existe a priori, porque ela sempre estará dada como uma possibilidade a ser alcançada a partir da exploração dos determinantes da escolha e da reflexão que será produzida acerca desses determinantes.

Nada garante a melhor escolha profissional . Uma das formas de resolver e de lidar com os desafios inerentes à uma escolha é o que chamamos de ATO DE CORAGEM. Qualquer escolha em última instância resulta de um ato de coragem. Um ato de coragem leva em conta todos os indicadores possíveis. Pode acontecer o caso em que os indicadores apontam para determinado caminho e a pessoa escolhe o outro, o que seria uma escolha por desafio que também leva em conta os mesmos indicadores. A ideia de colocar todas as variáveis na balança para ver qual lado pesa mais não funciona. Porque as variáveis tendem para o equilíbrio , isto é, se existe alguma desvantagem numa opção, a outra também apresentará desvantagens e assim por diante.

Não existe indicador capaz de apontar de antemão qual a melhor escolha, porque se existisse, não ocorreria escolha. Uma escolha na qual uma possibilidade é ótima e outra é péssima, não é uma escolha. Não existe escolha quando se compara uma BMW com um Fiat Uno.

Escolher significa ter que se posicionar , tomar partido entre as possibilidades colocadas que são igualmente atrativas e possuem também desvantagens. São possibilidades que brigam entre si. Por isso, na perspectiva sócio-histórica, qualquer escolha implica em conflito e escolher dentro dessa perspectiva significa resolver conflitos. Qualquer escolha implica em riscos. Não existe escolha sem riscos. Escolha sem riscos não é escolha. A insegurança e a incerteza fazem parte de qualquer escolha e de qualquer tomada de decisão. O que o sujeito vai fazer com a indecisão é que fará toda a diferença. Qualquer escolha implica em perda. É um mito dizer que só existe um caminho para cada pessoa . Ao contrário disso, podemos dizer que existem múltiplos caminhos e por isso a perda faz parte da escolha. Escolher uma profissão implica a perda de outras, pelo menos no momento da escolha.

Nesse processo, faz-se mister autoconhecimento, conhecer o , máximo possível do universo das profissões e do mundo do trabalho, conhecer a configuração do mundo do trabalho atualmente e perceber o que você já construiu e o que pode ser articulado a partir dessa construção com o que você almeja profissionalmente.

Como dizi o poeta Milton Nascimento

 “Nada a temer, senão o correr da luta
Nada a fazer, senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura”

Referência

BOCK, Silvio Duarte. Orientação Profissional: abordagem sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2018.

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