quarta-feira, 23 de abril de 2025

IMAGEM E PERCEPÇÃO no espetáculo O MULATO

Publicado em 4 de janeiro de 2024, às 16:28
Fonte: Linda Barros, escritora e atriz. Membro da Academia Poética Brasileira
Imagem: Divulgação Improviso

O teatro é a forma clara de mostrar a realidade. Casando cena, texto, figurino, cenário e, principalmente, o corpo dos atores, é possível fazer uma descrição dando nossa devida percepção do espetáculo.

Apesar de não estar presente no espaço físico do teatro vendo o espetáculo, pode-se fazer uma breve análise. O Mulato é uma obra naturalista em que Aluízio Azevedo desenha um personagem (Raimundo – O Mulato) com todas as características de uma sociedade e de um país desgastado pelo preconceito.

Pelas imagens do espetáculo, podemos ter uma noção da força entre o texto, o cenário, o figurino e, principalmente, os personagens. O mundo é uma máquina que emana uma força brutal, no entanto, claramente, necessitamos do outro para nos locomover e dar vida à nossa própria existência, pois cada ser humano é único, mas independente disso, precisa do outro. A consonância com o elenco em paralelo às imagens é necessária para aqueles que não estiverem presentes terem uma visão somativa entre texto e interpretação.

A força e a garra da mulher e sua constante luta por sua existência é o ponto alto dessa montagem. O corpo de elenco, juntamente com seu diretor, consegue passar para o espectador a essência da obra de Aluízio em um misto de dor e sofrimento.

A conexão entre os atores no palco é o que faz o espetáculo ficar grandioso, pois, a expressividade corporal entre eles, deixa o espectador impactado, fazendo com que haja uma proximidade e o “diálogo” entre elenco e plateia. O ponto alto do espetáculo é simbolicamente a mulher, em constantes processos de transformação, visto que, independente do espaço que ocupa na sociedade, ainda assim não é suficiente para que seja notada, ou seja, vive constantemente manipulada.

Com elenco de Ruan do Vale, Fernando Filho, Sofia Cartágenes, Matheus Khrystian, Mika Soeiro e Ricardo Carvalho, O Mulato, adaptação da obra do maranhense Aluísio Azevedo, o grupo Teatro Improviso leva aos palcos o retrato das mazelas da sociedade da época (a obra foi publicada em 1881), no entanto, apesar de o texto ser do século XIX, podemos dizer que são temáticas muito atuais, os atores conseguem mostrar e confrontar no palco,  as matizes vigentes em uma época de hipocrisia dentro dos círculos sociais de maior poder vigente, como o clero e a burguesia.

Na montagem do Grupo Teatro Improviso, o diretor Marcos Dominici conseguiu através de seu elenco, mostrar uma São Luís obsoleta e decadente, trazendo a mulher para o centro da cena, com isso, quebra uma corrente, literalmente, dando liberdade e voz à mulher. O Mulato é uma releitura, com uma visão perspicaz, observada por uma plateia atenta que, mesmo quem não tendo intimidade com a obra original, pode adentrar em temáticas atemporais descritas por Aluísio Azevedo e muito bem dissecada pelo elenco.

Ficha Técnica

Espetáculo: O MULATO (adaptação da obra de Aluízio Azevedo

Direção: Marcos Dominici

Produção: Mateus Dias, Deyves Mendes, Nicolly Maciel, Artur Miranda e Renan Andrade

Elenco: Ruan do Vale, Fernando Filho, Sofia Cartágenes, Matheus Khrystian, Mika Soeiro e Ricardo Carvalho

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