segunda-feira, 14 de outubro de 2024

A Lógica do “Sem Sentido”

Publicado em 5 de janeiro de 2024, às 20:39
Fonte: Cláudio Santos – Advogado, educador e comunicador.
Imagem: FreePik Premium.

Em todo pensamento e/ou ação humana existe lógica? Qual o significado de lógica em nosso convívio social? Por que desconsiderar a lógica e apegar-se ao “achismo”? Existe lógica na “insensatez padronizada”?

Acredita-se que no plano das ideias ou da realização destas, em regra, algum fundamento razoável esteja sempre presente. Por mais criativo que seja o indivíduo, naturalmente sua mente irá direcionar seus questionamentos, inquietações e/ou soluções para algo que seja minimamente coerente e/ou condizente com sua realidade pessoal, cultural, profissional, etc. Então podemos dizer que, excetuando-se os casos de total abstração ou até mesmo alienação social, biologicamente somos norteados para agirmos com racionalidade.

Socialmente falando, agir com lógica é comportar-se de acordo com raciocínios válidos e consistentes. Aceitos pelo bom senso e/ou por estudos normativos ou filosóficos. Assemelha-se ao entendimento da Sociologia Compreensiva de Max Weber: em que qualquer ação humana que possuísse um sentido e uma finalidade determinados por seu autor seria uma ação social. Sendo esta, pois, a forma e a orientação que a ação com sentido assume.

Em sociedade, a busca pela compreensão dessa rede crescente de significados engendrados massivamente e que são resultado de interações sociais, não prescinde de hermenêutica. E é justamente nessa perspectiva de interpretar, com base em fatos ou razões, que surgiu a seguinte dúvida: Há lógica/racionalidade/sensatez em falas e ações aparentemente sem sentido?

Nossa sociabilidade, em meio ao nosso constante processo de socialização (cada vez mais virtual), está se tornando “refém” de “teorias” sem argumentação plausível ou justificativa viável e que são produto de opiniões despretensiosas ou de intenções de atender o mercado. E, nesse contexto de “despreocupação” com o desenvolvimento de pensamento crítico, os “achismos” tornam-se comodamente aceitáveis, utilizáveis e “repostáveis”. Tornando-se tão fortes que parecem ter uma lógica própria para serem tidos como verdades imediatas e sem grandes oposições.

Em tempos de “fake news” em escala global, a mesma estratégia adotada para combatê-las pode ser utilizada para minimizar a popularização dos “achismos”: antes de internalizar, praticar e repassar informações e efetivar ações, questione, analise, avalie; para não ser “coautor” de teorização fundada deliberadamente em subjetivismo malicioso.

Atualmente, o que podemos chamar de “insensatez padronizada” pode ser tido como um movimento criteriosamente confeccionado (de modo racional e articulado) para o alcance de benefícios objetivamente estabelecidos. E parte da pretensa satisfação de necessidades, motivações e preocupações de um público-alvo (target), em que produtos e serviços serão oferecidos para essa fatia da sociedade.

Dessa maneira está claro que existe lógica na disseminação de mensagens e ações que aparentemente não fazem sentido, porém  podem culminar na realização de vendas com potencial de expansão (negócio escalável). E um exemplo disso são algumas empresas especializadas em marketing digital ou que servem de suporte para eleger qualquer candidato(a) em período eleitoral.

Quem nunca se deixou seduzir por produtos e/ou serviços que são anunciados como milagrosos ou essenciais para nossa vivência? As fantasiosas “Organizações Tabajara” hoje assumem diversos segmentos empresariais, principalmente nas redes sociais, em que alguns “Social Media” conseguem fazer com que qualquer um possa ser bem sucedido do dia para a noite ou com que alguma falácia seja repassada em progressão geométrica sem responsabilização iminente.

Parafraseando o saudoso jurista Roberto Lyra Filho, a ideologia é a “cegueira parcial da razão”. Então o que depreendemos dessa lógica do “sem sentido”?  Que assim como a ideologia  dos que estão no poder é capaz de influenciar na não percepção de realidades (alienação), a lógica do “sem sentido” também tem o condão de produzir em grande quantidade consumidores facilmente manipuláveis, incapazes de agir e pensar por si próprios.

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