segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Série Imperatriz Memórias 06: A chegada dos primeiros jornais

Publicado em 29 de novembro de 2023, às 6:46
Fonte: Roseane Arcanjo Pinheiro – É presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI). É jornalista e professora do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão – campus Imperatriz. É Doutora em Comunicação pela PUCRS. Faz pós-doutorado em Comunicação (UFRN)
Jornal A Luz: semanário com quatro páginas. Imagem cedida pela autora.

Os primeiros veículos de grande circulação nas cidades foram os jornais, com suas capas, manchetes e notícias locais, nacionais e internacionais. Na região oeste maranhense não foi diferente. Nela o jornalismo iniciou seus primeiros passos a partir de 1932. É em Imperatriz-MA, elevada à categoria de cidade em 1924, no governo de Godofredo Viana, que temos os primeiros registros da existência dessas mídias. O primeiro jornal da cidade foi manuscrito e tinha como título “O Alicate”, fundado pelo redator Antônio José Marinho. A circulação era irregular e apenas em alguns pontos da cidade.
Mas, de fato, o primeiro jornal impresso de Imperatriz, de que se tem notícia, foi “A Luz”, um “semanário independente”. Não possuía seções e tinha quatro páginas. Há um único exemplar preservado hoje, o número 3, de 25 de outubro de 1936. Traz notícias sobre o dia a dia do município, como concursos e festejos. Os impressos tinham uma vantagem em relação aos manuscritos, havia maior número de exemplares circulando, o que resultava em envolver mais leitores.

O segundo jornal impresso imperatrizense foi “O Astro”, fundado em 24 de julho de 1949. Era órgão de divulgação do Partido Social Trabalhista (PST), que à época foi liderado pelo prefeito Simplício Moreira.
Mergulhada no marasmo econômico e enfrentando as precárias estradas, Imperatriz mudou completamente seu perfil, a partir dos anos 1960, com a construção da rodovia Belém-Brasília, que corta ao meio a localidade. Conforme estudos de Adalberto Franklin, houve um acréscimo da população do município em 278,5%, entre 1950 e 1960. A região recebeu intenso fluxo migratório desde o final do governo de Juscelino Kubitschek, apresentando evolução demográfica crescente.

Nos anos 70 do século XX, a cidade de Imperatriz conheceu seu jornal mais antigo em circulação, “O Progresso”, fundado em 3 de maio de 1970 por José Matos Vieira e Jurivê de Macedo. Conforme Thays Assunção, em seu livro sobre a imprensa de Imperatriz, a localidade viu o número de jornais se multiplicar nas décadas seguintes. Entre os anos 70 e 80, é registrado um aumento expressivo do número de impressos. Na década de 1970, circulam em Imperatriz seis títulos. E durante os anos 80 são registrados 49 jornais. Dentre esses títulos, verificou-se o aparecimento de 5 jornais religiosos, 5 culturais, 15 institucionais, 9 de interesse geral, 6 políticos, 3 sindicais, 2 de emissora de televisão, 1 de negócios, 2 de educação e 8 estudantis. São muitas vozes que desejam participar do debate público e da organização política da cidade.
O segundo município da região a possuir referência quanto a veículo impresso é Açailândia, com o “Jornal de Açailândia”, de 1987, semanal e noticioso. A cidade surgiu em decorrência da construção da BR-010 (Belém-Brasília), por meio dos acampamentos dos trabalhadores da estrada, que deu origem ao núcleo populacional. Com a construção da BR 222, o local ganhou ligação com São Luís e Santa Luzia, obtendo crescimento e a emancipação, em 1981.
Os veículos impressos do Maranhão, especialmente no século XX, foram surgindo à medida que o debate público foi se constituindo com a participação de segmentos sociais nas disputas políticas, com forças capazes de alterar a organização social. O desenvolvimento foi desigual em decorrência das dinâmicas sociais e políticas e da implantação de atividades econômicas e do acesso da população à educação. O território continuará marcado pela intensa desigualdade social e pelo jogo político em torno de projetos que não contemplam a maior parte da sociedade, características que vão continuar a tensionar as relações sociais nos séculos seguintes.

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Este texto é o sexto da série “Imperatriz Memórias”, uma iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI), em parceria com o site Região Tocantina e o Jornal O Progresso, para publicizar questões de relevância para a história e a memória da cidade.

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