sexta-feira, 6 de setembro de 2024

UM LIVRO E O LIVRO – (Para o livro “Ribamar Cunha – Trajetória de um  Vencedor”, Imperatriz: Iorcunha, 2017)

Publicado em 12 de setembro de 2023, às 14:57
Fonte: EDMILSON SANCHES é membro da Academia Maranhense de Ciências, do Conselho Regional de Administração, do Conselho Regional de Contabilidade, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Internacional de Literatura Brasileira (Estados Unidos), do Instituto Histórico e Geográfico e Academia de Letras de Caxias, e de Academias de Letras dos Estados do Maranhão, Pará, Espírito Santo e São Paulo.
Capa do livro “Ribamar Cunha – Trajetória de um Vencedor” (acervo E. Sanches)

Diz a Bíblia que “no princípio era o Verbo, e o Verbo se fez carne”.

E a carne, Senhoras e Senhores, novamente se faz verbo  —  quando falamos ou escrevemos. Somos carne falante. Somos carne verbal. Somos verbo carnal.

Todo ser humano deveria terminar em livro  — não apenas em túmulo.

Pois o livro vai além da morte. Pois, pior que a morte por não se estar vivo, é a morte por não ser lembrado. Pior morte não há que a de ser esquecido, de parecer que não fez falta ao mundo em que estava, ao universo que o rodeava.

Um livro não é um túmulo, do qual se vê só o que é externo. Um livro é um convite para entrar. É um chamado para conversar. É uma abertura para conhecer.

Um livro é uma certidão de eternidade. Um atestado de permanência.

Quando todos nós formos passado, o livro será  — e estará —  presente.

Quando formos esquecimento, o livro será lembrança.

E quando de tudo em nós nada existir, o livro  existirá. E será semente germinadora de saber para quem não conheceu e fonte de recordações para quem esqueceu. O livro relembra. O livro ressuscita. Faz existir.

Cristo não estaria presente em orações nem teria sobrevivido em tantos corações se antes não tivesse existido em livro.

Na Europa, no século 19, um brasileiro morto de saudades de sua terra  — o Maranhão —  escreveu uns versos e os publicou em livro, seus “Primeiros Cantos”.

Séculos depois, as grandes, gigantescas, portentosas fábricas de tecido, que teciam o nome a fama nacional e internacional do Maranhão, todas essas fábricas desapareceram, voltaram ao pó. Mas o livro e os versos de Gonçalves Dias continuam e não há brasileiro que não tenha na mente os versos: “Minha terra tem palmeiras / Onde canta o sabiá”.

Senhoras e Senhores: nós passamos; o livro, não. O livro fica. O livro permanece. O livro é eterno. O livro é um diamante de papel.

E uma história que se transforma em livro é uma história sem fim. Pois um livro é para sempre.


O LIVRO
 

Como empresário, José de Ribamar Cunha foi tendo muitos negócios. Mas como cidadão ele continuou mantendo um único interesse: o desenvolvimento de Imperatriz, a busca por uma cidade melhor. Melhor para todos. Melhor de se viver e conviver.

Conheci José de Ribamar Cunha na década de 1970. Cliente do banco em que eu trabalhava (lembro até hoje o número das contas pessoa física e jurídica dele), conversava com aquele empresário discreto mas ao mesmo tempo cheio de bons assuntos e sadias preocupações, o que resultava em boas e longas conversas, troca de opiniões, jogo de ideias e sugestões, sobretudo no nosso caso, que tínhamos em comum também as coisas e causas de Imperatriz. As conversas mais demoradas ora eram em seu escritório, depois das seis da tarde, ali na avenida Getúlio Vargas, ao lado da agência do Banco do Nordeste, ora era, a convite, debaixo de pés de manga de sua residência, ali na Praça Tiradentes (que ainda não era aquele pardieiro, vítima da omissão, incompetência e desamor por Imperatriz em que se tornou).

Para isso, além de aconselhamentos que dava a políticos e a colegas empreendedores que o procuravam, Ribamar Cunha desejava transformar suas ideias em algo concreto. Queria iniciar um movimento. Formalizar entidades. Institucionalizar causas. Fazer “coisas”  — pela cidade, não para si, pois disto não precisava: a cidade já lhe dera o suficiente.  

Assim ele foi pensando e planejando, e para algumas dessas coisas e causas pensadas e planejadas me convidava para dar-lhes alguma forma. Tanto ele gostava das contribuições que eu dava que ele chegou a declarar: “Se eu não tivesse os negócios que tenho, faria fortuna com o talento de Edmilson Sanches”. Bom, sabe-se que pelo menos uma vez na vida cada um de nós comete um exagero…

José de Ribamar Cunha queria criar uma fundação. Pediu-me para fazer um estudo sobre o assunto. Avesso a badalações e ostentação, Ribamar Cunha fazia o bem sem olhar a quem. Sobre isto, eu já o ouvira dizer, mas ele também escreveu:

Ribamar e Odenice Cunha (Dona Didi).
(Acervo: Família Ribamar Cunha)

“FAÇA QUANDO A PESSOA PRECISA,
NÃO QUANDO VOCÊ PRECISA DELA.”

Essas e diversas outras reflexões estão  em seus inúmeros escritos, escritos a mão, manuscritos muito bem guardados.

Apoiador da causa de um novo estado (o Maranhão do Sul), pretendia criar uma entidade de “filhos e amigos do Sul do Maranhão”.

A fundação, após meus estudos comparativos apresentados a ele, Ribamar Cunha decidiu-se por uma associação, que os filhos e a Família Cunha hoje apresentam à sociedade imperatrizense  — o Iorcunha, Instituto Odenice & Ribamar Cunha, que se dedicará a causas ligadas à cultura, ao esporte, ações sociais e outras.

Ribamar Cunha queria fazer mais. Ele era o mestre da obra; eu tentava fazer uma obra de mestre.

Como foi o caso do meu projeto da “Enciclopédia de Imperatriz”, para os 150 anos do município.

Por acaso Seu Ribamar tomou conhecimento do projeto e já foi me convidando para conversar e já foi convidando o filho Ribinha Cunha e uma dezena de amigos  — EUCLIDES ANTÔNIO VIERA, FRANCISCO SANTOS SOARES (Franciscano), GESSÉ SABINO LEITE, HERMENEGILDO GOMES FERREIRA FILHO (Caboclo), JAIR ROSIGNOLI (in memoriam), JURANDIR TEIXEIRA DA SILVA, LIBERATO RODRIGUES DE MORAIS, LICÍNIO DA ROCHA CORTEZ (in memoriam), MARIA DAS GRAÇAS CORTEZ MOREIRA e MÁRIO DA ROCHA CORTEZ.

O sonho foi alimentado, as condições para sua realização foram construídas… e a “Enciclopédia de Imperatriz”, que eu escrevi, saiu como marco histórico-cultural da cidade sesquicentenária e como marca da capacidade de aglutinação de interesses por uma justa causa que amigos levam adiante.

A Enciclopédia de Imperatriz”, por decisão dos doze amigos, não fez nenhum elogio nem concedeu espaços diferenciados para eles, a não ser  — e com alguma resistência —  uma minúscula apresentação microbiográfica sobre cada um em uma mesma página para todos, e pronto. Pelo menos a microbiografia revela a diversidade de cidades e estados de nascimento, de atividades profissionais e até de idade  —  e nada disso impediu a convergência de vontades e tudo isso contribuiu (pois diversidade é riqueza) para a transformação em realidade do livro que é, até hoje, a maior obra sobre Imperatriz, o maior lançamento editorial da cidade e um dos maiores do Estado, além de ser um dos maiores trabalhos de História, Economia, Cultura e Desenvolvimento já feito sobre um município brasileiro em todo o país.

Antes de fazer o livro sobre a trajetória de Ribamar Cunha, a convite da família, fui convidado para escrever o roteiro (“script”) de um longo documentário em vídeo sobre a vida do patriarca imperatrizense do clã dos Cunha. O trabalho foi feito, aliás, bem feito pela equipe de filmagem, edição e apresentação, credores do mérito maior.

Ainda em vida de José de Ribamar Cunha, pensava-se em um livro que acolhesse, além de sua história até ali, muito de seu pensamento, de suas histórias, dos casos e “causos”, de sua concepção de mundo… Ribamar Cunha era homem bem informado: depois do dia a dia das atividades empresariais, recolhia sentado, pernas cruzadas e, à tardinha, boquinha da noite, lia jornais e revistas, de Imperatriz, do Maranhão e nacionais. Portanto, seus pensamentos sobre o estado, o país, o mundo eram produto não só das informações que capturava mas, também, das reflexões que elaborava a partir do que lia e, depois, do que conversava, do que em TV e rádio via e ouvia. (Verdade, Seu Ribamar valorizava o rádio, e assistia a um ou outro programa de televisão).

Esse livro com história, pensamento, “causos” e concepções de mundo persiste na cabeça dos oito filhos como uma realidade que, mais dias menos dias, vai acontecer. Será um livro mais para a família, mais para os netos, bisnetos e gerações vindouras, para  aqueles sobretudo que não puderam conviver com Seu Ribamar, sentir-lhe a firmeza de decisão e a alegria no coração. Será um livro-legado, uma obra-herança, um porta-retrato de papel e letras para que o que nesse livre se contiver emoldure as fotografias de José de Ribamar, de José de Ribamar e Maria Odenice, de Ribamar e Didi  — ou seja, o formal e o informal, o grave e alegre, o discreto e o bem-humorado.

O livro “RIBAMAR CUNHA  —  TRAJETÓRIA DE UM VENCEDOR” foi um outro desafio. Menos por causa de Seu Ribamar. Não por causa da família. Na sua contenção editorial, a obra não pôde conter tudo, nem todos. Como editor, eu tinha de estar lembrando e relembrando aos filhos que papel não é de borracha, não estica. A boa vontade dos filhos de Seu Ribamar o levariam a acolher uma infinidade de conteúdos, sobretudo depoimentos de pessoas gratas, pessoas próximas, conhecidos, colegas, colaboradores, autoridades.

Mas em livro de cem páginas não cabe um milhão de amigos… Espera-se que os amigos que não estejam presentes no livro com depoimento se sintam representados pelos que nele estão. E se a lembrança de Ribamar Cunha estiver na memória deles e a afetividade estiver em seu coração, então todos continuam amigos…

O livro que neste 20/10/2017 se lança é um retrato 3 x 4 de uma história 1000 x 1000. Mas, em seu propósito, está feito.

Certa vez, em uma de suas reflexões, José de Ribamar Cunha escreveu:

“MINHA TRISTEZA

É NÃO SER IMORTAL.”

Agora não tem mais tristeza.

Ribamar Cunha é imortal.

Nos céus, ao lado de Dona Didi.

Na terra, pelos seus filhos, pelos seus descendentes, pelo seu trabalho…

…E, por que não?, por este seu livro.  (E. SANCHES)

*

APRESENTAÇÃO

“Aqui comecei, aqui cresci, aqui vou ficar.”

José de Ribamar Cunha, sobre Imperatriz,

respondendo a convites para transferir seus

empreendimentos para outras cidades e capitais)

*

Um homem com um propósito…

Uma região com potencial.

A economia com seus três setores…  e um grupo empresarial presente em todos eles.

E foi nessa região de grande potencial, liderada por Imperatriz, na pré-Amazônia Maranhense, que o Grupo Empresarial Ribamar Cunha teve início, estabeleceu-se e ampliou-se para todo o estado.    Imperatriz   — a cidade que tanto Ribamar Cunha defendia e da qual, apesar das tentadoras propostas, não se afastava — é um grande polo econômico, de educação universitária, de serviços de saúde, de comércio e indústria, com a mais moderna fábrica de celulose do planeta.  

Cheia de progresso e de títulos, Imperatriz é uma das maiores cidades do país. É considerada a “Princesa do Tocantins”, em razão de sua infraestrutura urbana…

…“Portal da Amazônia”, porque aqui esta região começa…

…“Metrópole da Integração Nacional”, pelos diversos modais de transporte, que se conectam com todo o brasil…

…e “Capital Brasileira da Energia”, por ser a sede de subestação da Eletronorte, onde a eletricidade é recebida e qualificada e distribuída para toda a região e, se for o caso, suprindo necessidades do país.

As empresas do Grupo Ribamar Cunha contam com as vantagens comparativas e competitivas de Imperatriz e da região que ela lidera:

– a Rodovia Belém—Brasília, onde localiza-se a sede do grupo…

…a Ferrovia Norte—Sul…

…a Estrada de Ferro Carajás…

…o Sistema de Vigilância da Amazônia – Sivam…

…a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo por Satélite…

…o Distrito Industrial de Imperatriz…

…a Usina Hidrelétrica de Estreito…

…e o majestoso Rio Tocantins, caudaloso, perene, por onde a história de Imperatriz começou.

Além disso, a região de Imperatriz tem uma característica única:  é ao mesmo tempo Nordeste e Amazônia;  portanto, beneficiada pelos recursos financeiros federais garantidos pela constituição para as duas regiões, para investimentos e promoção do desenvolvimento.

Com sua visão, talento e capacidade de trabalho, José de Ribamar Cunha, a partir de 1960 e com o ponto de apoio e de impulsão de sua mulher, Maria Odenice de Sousa Cunha, a Dona Didi, construiu uma das mais consolidadas e respeitadas história de empreendedorismo do Norte e Nordeste brasileiros.

Seu Ribamar, pode-se dizer, aos 82 anos, morreu prematuramente, tal era o vigor de seus projetos e o entusiasmo com que se dedicava ao ofício diário de imprimir sua visão nas decisões e sua supervisão nos negócios. Em 9 de fevereiro de 2014, o menino de Pastos Bons, que queria voar, deixou que o corpo baixasse à terra e a alma… a alma levantasse voo aos céus.

Seus filhos foram preparados e dão continuidade ao crescimento do Grupo. A empresa é familiar, mas a gestão é profissional.

Mais que herdeiros, Alzira, Ribamar Filho, Leoarrem,  Leowdson, Neilamy, Edson e Karla são sucessores, sucessores dos negócios e legatários do patrimônio imaterial de dedicação, humanismo, respeito e amor deixado por Seu Ribamar e Dona Didi.

Este livro registra um pouco disso tudo.

EDMILSON SANCHES

Jornalista – Editor

Uma resposta

  1. JOSÉ DE RIBAMAR CUNHA E ODENICE CUNHA são para mim, verdadeiros pilares de sabedoria em nível familiar, empresarial e social.
    Em particular, tive o privilégio de, enquanto, pediatra merecer o carinho especial de todos os seus familiares, mesmo, entre aqueles, que, pouquíssimas vezes, atuei no papel de pediatra. Interessante, o sr. Ribamar, diversas vezes, pedia à Alzira, que me pedisse para prescrevê-lo algum medicamento. Sinto-me, de fato, muito agraciado pelo afeto recebido de tão maravilhoso casal, desde os primórdios de minha vida pediátrica nesta cidade. Para encerrar: estando num plantão na UTIN NEONATAL, Hospital Regional Materno Infantil, sou surpreendido por auxiliar de enfermagem, cuidadora de D.Odenice, quando ela me diz:”Dr.Itamar, conheci você, por meio de D. Odenice, que me pedia sempre pra colocar o seu CD, antes de dormir “! Vale a pena viver, quando somos amados. Obrigado infinito ao saudoso casal! Deus os tenha! Itamar Dias Fernandes

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