A história da ocupação do sul do Maranhão, ou dos sertões de Pastos Bons, comprova a presença de vários povos indígenas nas ribeiras dos sertões do Cerrado sul maranhense e nas suas florestas da Amazônia Oriental. Ainda que óbvia a presença de povos em toda a região sul do Maranhão nos falta muito conhecer e reconhecer, na História de Imperatriz, a territorialização dos povos antes da sua fundação.
Conforme as descrições publicadas por Bernardo Pereira de Berredo, Sebastião da Silva Belfort, Francis Castealnau, K. C. Jordan e sem esquecer dos reconhecidos escritos de Francisco Paula Ribeiro, todas apresentam encontros com povos indígenas na região sul do Maranhão e as respectivas disputas por territórios. Este conjunto de documentos dispersos elaboram uma percepção sobre a história de Imperatriz muito singular, dentro do processo de formação da região sul do Maranhão.
A reunião destes documentos dos séculos XVIII e XIX comprovam que a povoação é produto da já conhecida necessidade da expansão dos domínios das metrópoles que disputaram as riquezas nas terras do Atlântico Sul e posteriormente do Império; dos ambíguos interesses religiosos que disputavam com Pombal o poder sobre fronteiras – cada vez mais a oeste da Bahia e ao sul de São Luís e Belém; do avanço das atividades econômicas privadas, que não se limitava pela exploração das drogas do sertão e criação de gado – fontes comprovam a venda de gente, principalmente de indígenas e em menor quantidade de africanos. Não obstante, a ordem apresentada é proporcional a dimensão das forças e iniciativas em ocupar estes espaços fronteiriços para territorializá-los, conforme as necessidades e interesses de cada um.
Nestes processos de permanências e avanços, sobre espaços e territórios de fronteira, o conhecimento sobre a hidrografia destes sertões era fundamental para colonizadores e os povos. O sertão banhado por águas foi palco de muitos conflitos belicosos, pois os rios foram as principais vias de deslocamento de pessoas e mercadorias durante todo o período. Diferentemente do que se possa observar hoje, alguns povos da nossa região foram por um longo período controladores de rotas de navegação, até interprovincial, e com deslocamentos entre biomas diversos. As necessidades de controle sobre estes espaços e territórios, que permitiam estes deslocamentos com maior agilidade, volume de pessoas e produtos, foram veias abertas a custo de muito sangue, principalmente indígena.
Diante deste contexto da história da Colônia Militar de Santa Tereza do Tocantins há várias perguntas que ainda necessitam de respostas. Dentre tantas inquietações e objetos de partida para conhecer mais sobre a história da Povoação de Santa Teresa do Tocantins é essencial compreender que a sua fundação é fruto de distintas forças e que o protagonismo não é singular. Os povos indígenas além de sofrerem as subalternizações da historiografia tradicional foram vítimas do esquecimento como ferramenta de comprometimento da memória histórica. Os propósitos da fundação de Imperatriz ainda são questionáveis e controversos, considerando que a principal missão religiosa que aportou nas barrancas do Tocantins também era militar.