Marina Nikolaos Gorezis, filha de Mariana Gorezis e Nikolaos Gorezis, uma mineira e um grego. Ambas as nacionalidades e fusões de culturas com as quais Marina conviveu a ajudaram a pontuar seus textos com temáticas ligadas a esses dois universos, logo é comum, ao ler os textos de lírica amorosa de Marina, constatar percepções filosóficas e mitológicas que dialogam muito com o universo grego.
Foi aos 17 anos que a autora em construção descobriu-se fã da função poética da linguagem, ainda adolescente começou a escrever para o jornal local – O progresso, onde teve uma coluna, chamada – Fatos e Eventos Culturais da Cidade de Imperatriz.
Logo após essa experiência Marina cursou Letras na Universidade Estadual do Maranhão e especializou-se em Educação Especial. Hoje é funcionária pública da Semed – Imperatriz e Seduc- Tocantins.
Possui três livros em andamento, uma compilação de contos, crônicas e poemas autorais. O primeiro deles se chama “A Cor da Caneta”, com lançamento para breve.
OS GIRASSÓIS
E de repente as cores se fizeram tela.
Saltaram loucamente do imaginário do artista…
E fizeram de uma superfície lisa, pálida, um cenário de tons e movimentos variados.
De vibração e textura única… que insistem tanto em invadir os nossos inconscientes.
Aqueles girassóis não sucumbiram com o tempo.
A cada olhar estão mais giratórios, desinibidos, convidativos…
Chegamos a estender as nossas mãos, a fim de colhê-los… numa atitude egoísta…
Porque eles não nos pertencem… são da humanidade.
Nasceram através de pinceladas curtas, alegres, repletas de tinta- amarela, intensa, mágica…
Que deram ânima aqueles sóis amarelos.
Girou o sol.
Como giraram os sentimentos e as emoções de Van Gogh – O missionário da arte recorrera ao paradoxo das cores, para expressar a Vida e a Morte.
CONTA-GOTAS
Respondam-me: onde está o amor? Em qual tela ele se encontra? Os mais nobres poemas sussurram o amor a todo instante. Cores, tons, sabores e músicas insistem em torná-lo evidente, mas infelizmente o escondem… sabotam-no…
Talvez, Afrodite consiga fazê-lo emergir do mar, envolto em algas e inspirações. Flechado por Eros, ele terá o poder de alcançar o inalcançável e todos verão que ele poderá ser “bonzinho”. Não domem esse deus. Ele não quer ser domesticado.
Antes façam dele suas filosofias. Rasguem suas vestes, retirem suas máscaras de Tespis e encenem essa força-motriz.
Entendam conceitos, engulam os preconceitos e adentrem nesse labirinto.
Encontrem a saída, decapitem a inércia e vivam dessa energia.
É impossível sobreviver onde a superficialidade impera, dentro desse universo mítico: Bela e Fera traduzem a essência do amor.
Há um conta-gotas dentro de cada coração, ou quiçá uma gota de sangue em cada poema, ao traduzirmos Drummond, não importa a cor da caneta: ser essência continua valendo a pena, assim como Pessoa dissera: se a alma não for pequena. Amar é preciso e navegar por esses mares é um perigo. Lanço mão de Fernando Pessoa mais uma vez e digo: Quem quiser passar além do Bojador, terá que passar além da dor – Quanto a mim: quero viver, sem medo do que virá!
RENDER-SE
Eu me rendo… rendo-me à noite vazia, ao sono que não vem… à doce angústia, rendo-me à rebeldia… insulto os ponteiros do relógio, provoco no tempo a agonia… rendo-me, ora à taça repleta, ora à taça vazia. Rendo-me ao instante, rendo-me ao avesso da melancolia! Rendo-me ao tudo repleto de um nada, rendo-me à altivez da soberania! Rendo-me àqueles braços, converto “peles” em laços… E desejos em poesia, rendo-me ao calor da estação, e contesto frases frias…
3 respostas
Que lindo:”Girou o sol.
Como giraram os sentimentos e as emoções de Van Gogh – O missionário da arte recorrera ao paradoxo das cores, para expressar a Vida e a Morte.” Parabéns! Parabéns!
… É muito linda mesmo, a poética de Marina, à medida em que ela vai desdobrando a arte em tela sua sensibilidade artística aflora e ela se revela: Doce, Marina!
Você é dona de um carisma e uma generosidade que eu nunca tinha visto igual, como eu te admiro por isso.
Pessoa inteligentissima a melhor POETA. Parabéns sucesso pra você.