Sobre viver
Minha casa é o mundo.
Navio sem porto.
Minha comida é esmola.
Chuva no deserto.
Invisível, que sou,
Ando para sempre e nunca.
O eco de Atenas
Eu, e minhas circunstâncias,
caminhamos, lado a lado,
rumo ao desconhecido,
tendo a poesia como guia.
Por ruas de cantaria,
pelo labirinto de becos
e escadarias, escuta-se
o eco do silêncio.
Do silêncio surge a poesia,
ela vem envolta nas cores
dos azulejos, no canto dos
bem-te-vis, nas ondas do mar.
Dos sobrados e igrejas,
ecoam lendas e mistérios,
a poesia destilada da saudade.
Das horas vagas
A poesia se contradiz.
Abriga o universo dentro
de si, mas encontra-se
no aconchego do lar.
A poesia é um bordado
de silêncios, que está
escondido no canto azul
dos pássaros, e, no som
do mar, contido nas conchas.
A poesia é o que não acontece,
o eco insistente das horas vagas.
GABRIELA LAGES VELOSO – Escritora, poeta e mestranda em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). É colunista da Revista Sucuru e do Feminário Conexões, editora do núcleo poético de divulgação feminina Sociedade Carolina e membro do projeto Entre Vasos y Versos, que conta com a participação de escritores de diversas nacionalidades. Além disso, colabora com coletâneas e revistas nacionais e internacionais. Em 2023, organizou a Antologia Poéticas Contemporâneas: uma cartografia da escrita de mulheres, juntamente com a Editora Brecci Books.
3 respostas
Viva a poesia! Parabéns, Gabriela Lages, por tão belos poemas, que nos permitem enveredar por sua extraordinária sensibilidade poética.
Belíssimos poemas! Viva a poesia!
Muito obrigada! Feliz Dia Mundial da Poesia!