Falar em público, para a jornalista, bacharela em Artes Cênicas e Fisioterapia, Marita Ventura, é uma necessidade cada vez maior nos tempos em que estamos vivendo. Não precisa ser político nem apresentador de TV para demonstrar a competência da oratória. Um aluno em sala de aula, um médico no consultório, uma digital influencer nas redes sociais precisam desenvolver uma fala pública de qualidade, se quiserem ter sucesso nas suas carreiras. Esses e outros aspectos são enfocados nesta entrevista, além de como funciona a Mentoria em Grupo e Individual para o Treinamento em Comunicação Expressiva e Oratória que ela realiza em Imperatriz. Vale a leitura.
Região Tocantina – Para você, oratória é arte ou técnica?
Marita Ventura – Os dois. Lembrando que elas (arte e técnica) são, nesse caso, interdependentes. Existem pessoas que embora nunca tenham pensado em técnica, são fascinantes ao falar, e a técnica, então, vai lapidar, aprimorar, fazer pequenos ajustes, aperfeiçoando cada vez mais o que já está bom. Por outro lado, há pessoas que têm inúmeras dificuldades, desde a articulação, pronúncia, entonação, postura… enfim, que somente com a técnica e treinamento de forma consciente e constante poderão conquistar uma oratória eficaz. Inicialmente é um treinamento racional, para que, com a constância, aos poucos, vá se tornando automático. Quando estamos aprendendo a dirigir o carro, sabemos que devemos pisar na embreagem, engatar a marcha, ir acelerando lentamente à medida em que soltamos o pé da embreagem. Num primeiro momento parece extremamente complexo, mas depois automatiza. Isso acontece com a oratória. É preciso saber colocar a voz, a expressividade facial e corporal, a postura e gestos em sintonia com o que se fala. Isso é técnica! Mas ela sozinha não gera a empatia, nem mantém o interresse do público. É aí que entra a arte! Quando se começa a dominar a técnica, fica mais fácil dar espaço pra arte, pois ela vai garantir a conexão com a audiência, a emoção ao sentir o que se fala e contagiar a quem ouve.
Região Tocantina – Nos dias de hoje, onde a oratória é necessária?
Marita Ventura – (Risos) Em tudo! Mas não somente a oratória (voz/linguagem verbal), mas sim todos os elementos que envolvem a comunicação e expressividade geral (linguagem não verbal). A comunicação é pré-requisito para toda e qualquer função profissional. A entrevista de emprego é uma das etapas mais importantes durante a seleção porque vai definir, entre os pretendentes, aquele que tem um potencial que vai além das habilidades específicas para o cargo. Defender e expor ideias, convencer, argumentar, se relacionar com o outro, tudo isso está ligado à expressividade, ao olho no olho, ao sorriso, à empatia. Seja no trabalho, no ambiente familiar, na escola, durante a paquera, no lazer… não consigo imaginar um momento em que a comunicação não seja importante, porque se você não consegue expressar suas ideias, suas convicções, se posicionar… temos um problema.
Região Tocantina – É possível aprender a falar bem em público?
Marita Ventura – Sem dúvidas! Como eu disse, a técnica é treinável! Muitas vezes o mais difícil do “falar em público”, entre outros aspectos, é o medo e a timidez apresentados por muitos que buscam o meu Treinamento. Claro que esse medo pode ter diversas origens, entre elas, as crenças limitantes acumuladas ao longo da vida, o medo da exposição, a baixa autoestima e até a falta de domínio do conteúdo e despreparo que deixam qualquer um vulnerável e inseguro nessa situação. Eu estruturei um Método chamado Método “PRÊTE” que significa “pronto/preparado”. Esse método é o passo a passo que deve ser feito ‘antes’ do falar em público. P – PREPARAÇÃO: momento de pesquisa do tema, seleção, construção do roteiro (Introdução/abertura, desenvolvimento/storytelling/problema/proposta de solução, desfecho/finalização); R – REPETIÇÃO: depois de preparado o roteiro e a forma como será conduzida a reunião/palestra/discurso/aula, é hora de treinar, repetir, cronometrar o tempo, fazer tópicos sobre o que vai falar. É nesse momento que você percebe se está dominando o assunto. Lembrando que não se deve nunca “memorizar” a apresentação; E – EMOÇÃO: uma vez treinado/ensaiado, é preciso colocar emoção no que se diz. É a arte de gerar uma conexão e identificação com o público; T – TÉCNICA: ela integra toda a clareza, articulação, entonação de voz e ênfase de palavras, postura, gestos e expressões faciais. E finalmente, E – ESPETÁCULO: é o resultado de todo o passo a passo realizado corretamente. Tenho experiência de alunos que chegaram extremamente inseguros no meu Treinamento e, ao fazer todo esse passo a passo (os alunos finalizam o curso com a apresentação de uma minipalestra de 5 a 10 minutos), descobriram que era isso o que faltava – uma organização e preparação para o momento. Ora, claro que, mesmo com tudo isso, existem ‘medos’ que vão além e, nesses casos, há uma necessidade de encaminhamento para terapia e acompanhamento de profissionais específicos para a situação.
Região Tocantina – Quem não tem um papel político ou uma presença pública também precisa aprender oratória?
Marita Ventura – Sim. Com certeza. Conforme falei, a oratória é solicitada em diversas áreas profissionais e da vida. Um aluno que não consegue apresentar um trabalho escolar por dificuldade na oratória fica no prejuízo. Um líder de equipe que não consegue ser claro durante uma reunião… um médico que não consegue explicar as etapas do tratamento… um empresário que não sabe se dirigir aos colaboradores num evento de confraternização… políticos sem credibilidade e clareza nas suas propostas… pais que não sabem falar com os filhos! Eu poderia dar inúmeros exemplos aqui! E hoje, temos as redes sociais! Todas as profissões lançam mão delas para divulgação de produtos e serviços. Todos nós somos vendedores! O professor vende o seu serviço diariamente na sala de aula para os alunos, para os pais de alunos e para a dona da escola, porque se a maioria dos alunos não compreende a aula, o professor não está indo muito bem!
Região Tocantina – Você tem um curso sobre Oratória. Como ele funciona?
Marita Ventura – Antes de responder essa pergunta, gostaria de fazer uma breve comparação entre ‘curso’ e ‘treinamento’. O primeiro, geralmente, está direcionado a um conteúdo teórico que é passado para os participantes sem se preocupar com as habilidades práticas dos mesmos. Já o treinamento, que é o meu caso, busca primordialmente conduzir o aprendizado na aplicação prática sob uma fundamentação teórica, acompanhando, orientando, corrigindo e analisando as habilidades dos participantes. É fazer e refazer! Esse é o meu propósito. A minha satisfação é ver a evolução e autonomia de todos que me procuram e falam de suas fragilidades ao Falar em Público. São 7 encontros PRESENCIAIS! 7 módulos com conteúdos práticos sobre Expressividade Geral e Oratória (técnicas de corpo, expressividade gestual, postura e expressividade vocal – entonação, impostação, articulação, ênfase de palavras, respiração, ritmo e velocidade), Gerenciamento das Emoções para combater a timidez, medo e ansiedade, técnicas para o Discurso Improvisado, além de um módulo específico para Gravações de Vídeos e Lives para Redes Sociais (como vender o seu serviço/produto de forma atrativa), e um módulo passo a passo para Construção de Roteiro de Discursos e Palestras! No final do meu Treinamento o aluno apresenta uma minipalestra, onde pode aplicar tudo que foi visto e aprendido. Eu costumo dizer que ninguém sai do Treinamento “expert”. Não! O treinamento é o pontapé inicial! É o despertar das potencialidades de cada um que estavam adormecidas. É a conscientização do corpo e da voz e a experimentação. Não adianta ficar só na teoria. É imprescindível ex-pe-ri-men-tar! A constância e a prática levarão cada vez mais ao aperfeiçoamento e ao domínio das técnicas. Lembrando que todas as técnicas têm fundamentação teórica. A turma é reduzida: apenas 12 alunos para uma melhor qualidade no acompanhamento. Ah, e entre um encontro e outro, são solicitadas atividades sobre o que foi visto em aula (gravações em vídeo) que devem ser encaminhadas para análise via WhatsApp. A carga horária total é de 22 horas.
Região Tocantina – Você pode contar algum caso de alguém que conseguiu, com treinamento, melhorar sua fala pública?
Marita Ventura – Sim!!! Muitos (risos). Lembrando que os motivos que levam as pessoas a me procurarem são diversos. Às vezes por medo/timidez, dificuldade em organizar as ideias, muitos vícios de linguagem (né, éee, aí, então…), insegurança… Queria contar vários casos aqui, porque me deixam muito feliz ao lembrar. Vou contar dois. O primeiro é de uma terapeuta. Ela tinha muita dificuldade de organizar as ideias, era repetitiva ao falar e tinha vícios de linguagem e gestos histriônicos. Com o método e as técnicas, ela descobriu que, mesmo sabendo muito sobre determinado assunto, é preciso ter um roteiro, uma preparação, organização do início, meio e fim para um discurso objetivo e assertivo. Curiosamente, durante o Treinamento, ela foi convidada para dar uma palestra sobre suicídio numa empresa somente para homens. Foi o momento em que ela conseguiu aplicar o método, as técnicas, fazer slides e fez uma palestra de 45 minutos sobre o tema de forma irretocável. O segundo caso era de uma aluna extremamente tímida, voz fraca (pra dentro), postura contida (travada e sem gestos). Ela relatava que na faculdade não conseguia apresentar os trabalhos e preferia fazer recuperação. Imagine! Durante os treinamentos, os alunos praticam o tempo todo o discurso frente à plateia composta pelos demais alunos. Para ela era muito difícil no início, mas ela se esforçava. Fato é que ela me surpreendeu com a dedicação e, a cada encontro, eu percebia um crescimento na impostação e firmeza da voz, na segurança, nos gestos… E a Minipalestra dela ultrapassou o tempo-limite (risos). Ela discorreu por 20 minutos! Às vezes acontece. Foi um grande avanço!
Região Tocantina – Que dicas você pode deixar para quem não pode fazer o treinamento, mas gostaria de falar melhor em público?
Marita Ventura – Ler, ler e ler! Leia sempre em voz alta, articulando bem as palavras. Assista aos vídeos do TED (são pequenas palestras motivacionais temáticas diversas). Ao ver as palestras, o jeito de um palestrante e de outro, é possível “modelar”, ou seja, buscar inspirações que se encaixam com você, a forma de gesticular, de olhar para o público, de falar… Treine pequenos discursos de temas variados (ou da sua área, se preferir) em família para ganhar mais autoconfiança. Faça gravações durante a sua fala e depois se autoanalise e verifique o que não está bom, o que deve ser mudado. Peça opinião de pessoas sobre sua voz, postura, gestos, o que acham, se possível de quem sabe o mínimo sobre o assunto. E, acima de tudo, converse bastante, argumente, seja participativo em reuniões e jamais perca uma oportunidade de falar. Outra ótima dica é seguir o meu perfil no Instagram (@maritaventuraapresentadora), lá tem muitas postagens de conteúdo sobre esse tema! E estou à disposição sempre!