terça-feira, 15 de outubro de 2024

Falência da Cultura: um prenúncio para o fim das livrarias?

Publicado em 14 de fevereiro de 2023, às 13:18

Ser rodeado por prateleiras, tocar páginas, admirar capas, sentir o tão característico cheiro de livro novo, antes de levar para casa a nova obra adquirida, pode ser um hábito fadado ao passado. Este mês, a Livraria Cultura, uma das maiores do país, decretou falência, fazendo reviver o debate e um temor dos amantes da literatura: estariam mesmo as livrarias chegando ao fim?

Tive o prazer de frequentar a Cultura em duas capitais, antes de sua falência. E nenhuma compra online jamais irá se comparar a experiência de estar em uma das livrarias mais belas da América Latina. Era mais que um espaço físico para compra de livros, mas também uma verdadeira vivência da arte. Alí participei de eventos, encontrei autores, acompanhei lançamentos de novas obras e nomes da literatura.  Mas minhas visitas já me davam o alerta: muitas pessoas pelos corredores e poucas nos caixas.

A crise no mercado editorial não é nenhuma novidade e já remota de anos atrás, onde vemos uma concorrência cada vez mais desproporcional com a comercialização online, preços atrativos, e a vantagem de ver chegar o livro na porta da sua casa sem precisar se deslocar até uma livraria. Além disso, a popularização dos ebooks também dispensa cada vez mais o livro físico que “ocupa” espaço na estante.

Na pandemia essa crise se agravou ainda mais, onde, em 2021, uma livraria fechava a cada três dias no Brasil, segundo levantamento da Associação Nacional de Livrarias (ANL).

Comprar um livro, hoje, é um artigo de luxo. Em um país em que mais de 33 milhares de pessoas vivem em insegurança alimentar, lazer e cultura se torna inalcançável e dispensável diante de tantas outras necessidades do corpo, que são mais urgentes que as da alma.

Diante deste cenário, poderiam as livrarias estarem fadadas a serem as novas locadoras de vídeo, e se tornaram obsoletas?

Não é a primeira vez que vejo ser decretado o fim de algo, ameaçado pela modernidade: com a popularização da TV, disseram que a rádio iria acabar; com a internet, que seria o fim dos telejornais; e com os streamings, o fim do cinema. Mas o que vimos é uma reinvenção dessas mídias, que seguem existindo e coexistindo. Um exemplo vivo, é a febre de podcasts, fazendo relembrar os bons e velhos tempos do rádio. E a programação da TV aberta segue se mantendo nos trendings de assuntos mais comentados na internet.

Para sobreviver, as livrarias precisam urgentemente se reinventar, e se redescobrir nesse novo mercado. Manter uma livraria aberta hoje no Brasil é um ato de resistência. Que resistamos então, pelo bem da Cultura.

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