quinta-feira, 20 de março de 2025

CASA DE CULTURA JOSUÉ MONTELLO: 40 anos de Histórias e Memórias

Publicado em 8 de fevereiro de 2023, às 15:37

O que seria da vida, do mundo sem nossas histórias, sem nossas memórias? O que contar e a quem contar? Quem detém o Tempo? O que há entre o Tempo e as Memórias, senão as histórias contadas de um povo longínquo ou próximo a nós? Diante disso, nos faz pensar “como é bom ter um ‘ricón’ para se guardar informações valiosas para futuras gerações de leitores e letrados”!

Nos dias atuais, temos todo o aparato da tecnologia a nosso alcance, a um click e temos absolutamente tudo em nossas mãos, mas será que temos tudo mesmo? Em nossas casas, lá em um cantinho muito especial que chamamos de biblioteca, cada um de nós temos uma obra que é especial nós e que não há tecnologia (por mais moderna que seja) que substitua o correr dos dedos pelas folhas envelhecidas e amareladas do papel), são esses cantos que guardam memórias e histórias, sejam nossas ou de outras pessoas.

Dizem que nossa casa é onde fincamos nossa memória, nossa história e nossa saudade, como diz o belo verso da música “Minutos” do guatemalteco Ricardo Arjona;

La casa no es otra cosa
Que un cementerio de historias
Enterradas en fosas
Que algunos llaman memorias

            E às vezes, nossa ou outra casa não precisa ser grande para ter valor cultural, o importante é sua existência. Em um trecho da obra Janelas Fechadas Josué Montello descreve a casa na qual a família (personagens do livro) irá passar seus dias:

“Era uma pequena casa de teto, com uma porta ao centro da fachada e duas janelas laterais guarnecidas de rótulas. Muito comprida, parecia não ter fim, envolto pela farta folhagem de árvores e trepadeiras que se alastrava ao longo do terreno” (p. 70)

A Casa de Cultura Josué Montello, é um desses lugares especiais que guarda muito da história do Maranhão pela visão e obras de Josué Montello.  Inaugurada em 23 de janeiro de 1983, segundo Wanda Sousa, uma das diretoras da instituição, “essa data foi escolhida por dois motivos: o primeiro por ser o aniversário da segunda esposa do autor, dona Yvone Montello e o segundo motivo, para homenagear os 100 anos do escritor e amigo Viriato Correia”. Há exatos 40 anos, essa jovem Senhora, transpira e exala cultura àqueles que verdadeiramente gostam da cultura dos livros. Em um país em que pouco se lê (44% da população brasileira não lê e 30% nunca comprou um livro, aponta a pesquisa Retratos da Leitura, pesquisa realizada por Maria Fernanda Rodrigues Do Estadão),  por aqui pelas bandas da terra de Ferreira Gullar, Maranhão Sobrinho, Nauro Machado entre tantos nomes, temos o privilégio de contar com essa estrutura arquitetônica, que abriga os maiores nomes da Literatura Maranhense e Nacional.

            Situada à rua das Hortas no centro de São Luís, a Casa de Cultura Josué Montello é fonte de inspiração para grandes pesquisadores e autores da nossa terra. “A criação da Casa de Cultura Josué Montello veio através da iniciativa de homenagear o escritor Josué Montello, idealizada pelo então governador João Castelo” (fonte da CCJM). A instituição foi criada também pela Lei nº 4351 de outubro de 1981 e que hoje faz parte do rol de órgãos da SECMA. A casa foi projetada, idealizada e concretizada, pela então Secretária de Cultura da época, a escritora Arlete Nogueira da Cruz.

            A CCJM tem sua estrutura física composta de um acervo que comporta mais de 60.000 peças, uma biblioteca, um salão principal, uma seção de referência, uma área de estudos e salas acondicionamento do acervo (nesse acervo encontramos seção de autores maranhenses, seção Montelliana, seção destinadas a empréstimos, higienização dos documentos e digitalização). A casa conta ainda com um museu, onde abriga objetos pessoais de Montello, assim como pertences de sua espessa, Dona Yvone Montello. “Sua história urbana possui características da colonização francesa, tendo reflexos urbanísticos planejados no século XVII” (fonte Prefeitura Municipal). Por esse motivo a casa de Cultura Josué Montello foi tombada por seu valor histórico para o Estado do Maranhão.

            A palavra cultura vem do termo em latim colere, que significa cuidar, cultivar e crescer. Dado essas informações é perfeitamente notável o que faz à egrégia Casa de Cultura, que guarda e cuida com muito esmero de um dos maiores tesouros que possuímos: nossa história, nesse caso específico, a vida de um dos maiores autores da Literatura maranhense, Josué Montello, autor de inúmeras obras, como a célebre Os Tambores de São Luís e Janelas Fechadas (obra primeira do autor, publicada  em 1941)),  que ainda precisa sair dos muros da Casa de Cultura e passar a ser mais estudado e pesquisado (que aliás, será feito em outro momento).

Hoje a Casa de Cultura Josué Montello é dirigida por Joseane Souza, como Gestora Geral e que tem como parceira nessa missão, a bibliotecária Wanda França. Para Joseane “a Casa de Cultura Josué Montello é uma instituição de grande  importância para a sociedade por ser responsável pela guarda, preservação e divulgação da memória literária de um dos maiores romancistas maranhense, sendo um espaço disseminador da cultura e da literatura, e o único local de pesquisa com acervos sobre a vida e obra do escritor Josué Montello, disponível para subsidiar estudos, pesquisas e trabalhos. Sendo de grande importância para a memória literária brasileira”. Wanda por sua vez, também fala sobre a Casa de Cultura, segundo ela “é uma instituição que faz parte da Secretaria de Estado da Cultura e que durante esses 40 anos, tem promovido ações na área de Literatura, História e demais áreas afins”, segundo ela, nessas quatro décadas, a CCJM já recebeu inúmeros autores, não só maranhenses, mas autores de renomes internacionais, também já estiveram ali. Wanda fala ainda que “a Casa é voltada não só para área de livro, mas também para área de documentação e área museológica, é um centro completo, que muito enriquece a nossa cultura”.

No último dia 23 de janeiro foi celebrado os 40 anos de fundação dessa Instituição, com relançamento de Janelas Fechadas, primeira obra romanesca de Josué, editada pela primeira vez em 1941. O evento contou com a presença de vários intelectuais e demais comunidade, onde também puderem ouvir “Conversando sobre o romance Janelas fechadas”, proferida pelo Imortal e escritor José Neres, esse, sendo um dos grandes pesquisadores sobre Josué Montello, o qual publicou a obra “Montello: o Benjamim da Academia”, livro resultado de uma longa pesquisa sobre a trajetória de Montello ao ingresso à Academia Brasileira de Letras.

            E o Tempo, esse ser invisível, sempre nos mostrará que uma hora ou outra  precisaremos dele, e, que há um  passado a ser contado através das duras paredes de um “ricón” talvez esquecido pelo tempo que consome nosso juízo, mas que por fim, será através dessas antiguidades, que você caro leitor, conhecerá o que foi seu próprio passado.

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