O Halloween é uma celebração que remonta ao século 18, no Reino Unido, em um festival pagão celta chamado “Samhain”, que se iniciava em 31 de outubro, durante três dias, sendo uma homenagem ao Rei dos Mortos. Historiadores apontam que o festival era marcado pelas fogueiras e abundância de comida. Com o tempo, a celebração ganhou fama se misturando a algumas tradições cristãs, tendo como principais características homenagear os mortos e a teoria de que durante esse período espíritos andam pela terra, sendo o costume de se fantasiar fazendo parte de uma crença para “confundir os mortos”.

Quando se fala em Halloween, as bruxas costumam ser a primeira coisa que vem à mente. Vindas das histórias dos contos de fadas, elas geralmente são retratadas como vilãs, cruéis e sádicas. Com o passar dos séculos e da releitura dos contos e histórias de terror, vemos essa figura passar por diversas interpretações. Nessa lista, temos algumas bruxas conhecidas e populares da cultura pop.

Não podemos falar de bruxas sem lembrar da saga Harry Potter, que marcou crianças e adolescentes mundo afora. A primeira bruxa que nos vem à mente quando falamos de Harry Potter é sem dúvida Hermione Granger, a grande amiga e companheira de aventuras do bruxinho mais famoso da cultura pop. E se você é um potterhead (nome dado ao fandom da saga) com certeza já ouviu a frase: “se não fosse a Hermione, Harry e Rony não teriam passado do primeiro livro”. Brincadeiras à parte, é inegável que a inteligência e proficiência mágica de Hermione já livrou e muitas vezes os dois amigos de encrencas e até da morte certa. O que seria do trio de ouro no sétimo livro, se Hermione não tivesse se preparado para à caça às horcruxes e aprendido feitiços de proteção avançados? Como diria Rony: “eles não teriam durado dois dias sem Hermione”. E apesar de muitos considerarem um erro do Chapéu Seletor colocá-la na Grifinória e não na Corvinal, a casa dos “inteligentes e sábios”, só posso ressaltar a coragem, nobreza e sangue-frio (características da casa de Godric Gryffindor), da nossa bruxinha ao alterar a memória de seus pais para mantê-los seguros das forças de Voldemort e decidir acompanhar Harry em sua busca para destruir as horcruxes, lutando contra uma ditadura que tinha como principais alvos: trouxas (pessoas não bruxas) e nascidos-trouxas, bruxos tais como ela: com ambos os pais não-mágicos.

Falando em Harry Potter, não podemos nos esquecer de Minerva McGonagall, a professora de Transfiguração que acompanhou e zelou por Harry muito antes do bruxinho ingressar em Hogwarts. Minerva assim que soube da primeira queda de Voldemort, como uma animaga, disfarçou-se de gato e vigiou a casa dos Dursley para certificar-se de que eram uma família decente para criar Harry Potter e ao notar que, segundo suas palavras, eram “o pior tipo de trouxas”, fez questão de alertar Alvo Dumbledore. Embora uma professora rígida, Minerva cuidou de Harry durante toda sua jornada em Hogwarts: foi ela quem comprou sua primeira vassoura, a famosa Nimbus 2000, incentivando o garoto nos esportes; disponibilizou sua sala para que Harry treinasse para o Torneio Tribruxo; o confortou e protegeu contra Dolores Umbridge; foi a grande responsável por fazer de Harry um Auror, cumprindo com sua promessa de realizar o sonho do garoto; e claro, foi quem liderou a resistência de Hogwarts contra as forças de Voldemort  no que ficou conhecido como a Batalha de Hogwarts, na intenção de dar a Harry tempo para cumprir as últimas ordens de Dumbledore, chegando a lutar contra o próprio Voldemort.

Vinda das HQ´s da Archie Comics, a bruxinha Sabrina Spellman é bem conhecida pela série “Sabrina Aprendiz de Feiticeira” lá dos anos 90, tendo sido interpretada pela atriz Melissa Joan Hart. No enredo, acompanhamos a jovem bruxa que vem de uma longa linhagem poderosa lidando com seus poderes e sua vida com suas tias, além de todas as questões que envolvem sua vida como adolescente. Mais recentemente, a Netflix criou a série “O Mundo Sombrio de Sabrina” com a atriz Kierna Shipka no papel principal. A Sabrina mais moderna do streaming tem um tom mais sombrio e com uma mitologia única. Ao longo de 4 temporadas, o enredo se aproxima da trama de “Riverdale” (adaptação dos quadrinhos da Archie Comics) e chega até mesmo a acontecer um crossover entre as duas séries com a aparição da personagem. Aqui, Sabrina se revela como filha de Lúcifer, que é retratado como o anjo caído responsável pela magia de bruxas e bruxos. Além disso, a série também traz algumas referências das HQ´s e da série dos anos 90, além de ser mais crítica, trazendo discussões modernas como o feminismo.

Juntamente com a febre de “Crepúsculo”, a série de livros “Diários de um Vampiro” de L. J. Smith, virou uma série de TV com 8 temporadas. Além da trama vampiresca, a série também nos introduziu a uma mitologia própria não só de vampiros e lobisomens, mas também de bruxas e outros seres sobrenaturais. Aqui, as bruxas são guardiãs da natureza, possuem grimórios e uma língua especial para invocar feitiços. Dentre elas, a que mais se destaca ao longo da série é a personagem Bonnie Bennet, interpretada por Kat Graham. Descendente de uma longa linhagem de bruxas e tida como uma das mais poderosas no seriado, ela é a melhor amiga da protagonista Elena Gilbert. A jovem bruxa é responsável por vários momentos cruciais na trama e muitas vezes é usada quase como uma válvula de escape pelos protagonistas, fazendo inúmeros sacrifícios ao longo do enredo em nome de seus amigos. Mesmo assim, Bonnie está entre as queridinhas dos fãs de TVD. A personagem se mostra extremamente forte e determinada e, embora não tenha tido um bom final, é lembrada até hoje com carinho pelos fãs da série como uma das melhores personagens.

Na série spin-off de “Diários de um Vampiro”, “Os Originais”, temos outro exemplo de uma bruxa poderosa: Freya Mikaelson. Interpretada pela atriz Riley Voelkel, a personagem é filha da poderosa bruxa Esther Mikaelson e tem uma introdução interessante e passa a ter um papel marcante na vida da família Mikaelson. Sendo a primogênita de seus irmãos, e, consequentemente, a mais poderosa, ela ainda foi treinada por sua tia Dahlia, uma bruxa também poderosíssima. Conhecedora de inúmeros feitiços e sendo uma imortal de 1000 anos por um bom tempo, ela possui um passado triste e sempre procurou sua família, após acreditar por anos que tinha sido abandonada por sua mãe. Ela se une aos Mikaelson para ajudá-los a deter Dahlia e impedir que ela leve Hope e faça o mesmo que fez com ela. Apesar de ter vários conflitos com seus irmãos ao longo das temporadas, ela é capaz de fazer tudo por eles, como é mostrado em vários momentos durante a série. Além disso, ela possui uma ligação especial com sua sobrinha Hope, sendo sua mentora na magia.

Outra bruxa, recém introduzida na cultura pop, é Diana Bishop da saga de livros “A Descoberta das Bruxas” e que foi adaptada para a televisão no período de 2018 a 2022, possuindo ao todo 3 temporadas cada uma retratando um dos livros, Teresa Palmer dá vida a personagem. Diana vem de uma longa linhagem de bruxas que remonta aos tempos da antiga Salém, sendo uma Tecelã, um tipo raro de bruxa capaz de criar novos feitiços e tendo controle sobre todos os elementos. Sua jornada começa quando o Ashmole 782, o “Livro da Vida” que conta a origem dos seres mágicos, se revela para ela, tornando-a um alvo de todas as raças: bruxos, vampiros e demônios. Ela se apaixona pelo vampiro milenar Matthew de Clermont e juntos conseguem o milagre de gerar dois filhos gêmeos, Rebecca e Phillip, que se tornam a salvação das espécies que estavam entrando em extinção. Além disso, o casal chega a viajar ao passado, onde adotam uma criança que mais tarde torna-se um vampiro e os reencontra no futuro: Jack Blackfriars. Para proteger sua família, principalmente seus filhos (biológicos e adotivos), Diana vira uma fera e é capaz de tudo para mantê-los seguros.

Muito famosa nas HQ’s e nas telas de cinema, a Feiticeira Escarlate é uma personagem que divide opiniões, às vezes retratada como heroína e outras como vilã. Mas uma coisa é inegável sobre ela: é uma das personagens mais poderosas de toda a Marvel. Capaz de controlar a Magia do Caos, a Feiticeira Escarlate consegue manipular e alterar a Realidade ao seu bel prazer, tendo conseguido a façanha de eliminar o gene mutante de todo o mundo com uma única frase: “No more mutants” (Chega de mutantes, em tradução livre), evento esse que ficou conhecido como a Dinastia M. Com o poder do Caos, ela ainda é capaz de gerar vida de forma espontânea, tendo usado seus poderes para engravidar do androide Visão com quem teve os gêmeos: Wiccano e Célere. Foi recentemente adaptada para o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), sendo interpretada por Elizabeth Olsen, que atualmente compõe o elenco principal da franquia Vingadores.

As bruxas são sem dúvida as figuras que representam o Halloween desde os primórdios. Retratadas como mulheres à frente de seu tempo, poderosas e fortes, elas vêm deixando de lado o papel como vilãs, ganhando uma roupagem de heroínas nos tempos atuais. Mais do que a representação do mal nas antigas histórias e contos de fadas, elas se tornaram símbolos de poder da literatura e da cultura pop, conquistando fãs, e extinguindo estereótipos passados.