terça-feira, 15 de outubro de 2024

Mural das Minas #20: REGILANE MACEDO: literatura como memória.

Publicado em 16 de outubro de 2022, às 11:09
Foto cedida pela autora.

Regilane Macedo é maranhense de Esperantinópolis.
É doutora em Literatura pela Universidade de Brasília – UnB; mestra em Letras pela UESPI; especialista em Estudos Literários pela UESPI; graduada em Letras (Português) pela UFPI; membro pesquisadora do Grupo de Pesquisa Mayombe da UnB; membro pesquisadora do Grupo de Pesquisa Rede Nordeste UFPB; membro efetivo da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil/AJEB-MA.
É autora do livros infantojuvenis: “Badu e a goiabinha” (2018) e As Borboletinhas e o sapo Jururu (2021). Faz parte da coletânea literária “As cartas que não escrevi” (2019), “Faz de Conto” (2020), “Toda forma de ser Mulher” (2020), “Por que Escrevo” (2021). Integra as coletâneas de Crítica Literária: “Na casa da ficção: literatura africana” (2018); “Entre o plano e a palavra: literatura e cinema” (2020), “Dos percursos pelas Áfricas: a literatura de Moçambique” (2020); “Literatura em diálogo: encenando e ensinando a vida em sociedade” (2021).
É autora de artigos de crítica literária publicados em periódicos especializados na área.

COTIDIANO

Seminua, jogada displicentemente no canto da sala, ela ficava horas a fio.
O choro e a dor eram companhias cada vez mais frequentes naquela existência quase apagada.
Mas ela acreditava que o espírito matreiro do amor ainda estava ali…
No quarto ao lado, pouco iluminado, ressonava em volumoso som, intensificado pelo álcool que ingerira, seu grande amor. O único e verdadeiro e para sempre amor…
Ele havia saído ainda manhã: fora à feira.

BRINCADEIRA DE OUTROS TEMPOS

– Tum-tum!

– Quem bate?

– Sou eu.

– Eu quem?

– Anjo Bom.

– O que queres?

– Uma fita.
É assim que se ilude a saudade dos brincos da infância.
E no “Caí dentro do poço”, o resgate do Anjo Bom imaginado pelas cabeças pueris nos deixava feliz.
Cuida, criança, não é mais ciranda e você cresceu!
E nas histórias contadas em noite enluaradas: “Seu Severo é bom, é bom demais”, “Seu Lobo está pronto?” e a criançada sorria e corria, pois o “Grilo está ali atrás”.
Tem enxame escondido, não é polícia nem bandido na árvore de amêndoa. E o que ele fazia? Pegava criança roubando melancia.

CHORO MATINAL

Acorda, senhora!
É hora da escola.
Sei da faceirice
Com que desfilas lá.
Sei das brincadeiras
Que te fazem esquecer o lar.
Sei das histórias contadas,
Das risadas rasgadas
Com os colegas a dançar.
O choro ouvido,
mal o dia acordado, não é por não gostar.
Então, por que será?
Cedinho, tão cedo…
Alicia não quer banhar.

PARADOXO

E no compasso das lembranças que bailam
E na saudade das coisas não vividas, perdidas
Mas presentes, feridas, doídas
E no desejo, que ensejo aqui
De ti, por ti, em ti
Fico à espera
Que me faças tua.

CASAMENTO NA ROÇA

“anoiteceu e não amanheceu”, esse é o “até que a morte os separe” do sertanejo de outrora.
A lua prateada reluzia e iluminava os vesperais do lugarejo; e o chiar dos pirilampos entoavam canções de eterno amor. Nesse embalo, a noite se ia de mansinho e a aurora anunciava o dia que se mostrava. Era hora!!
Quando da noite já nada havia, era o que se ouvia: “João se casou com Maria”.

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