Mesmo em época de estética Barbiecore – termo que relaciona a moda atual com elementos predominantes cor de rosa – neste mês, o empreendedorismo cor de rosa (empreendedorismo feminino) muda de cor para apoiar o Ministério da Saúde, que escolheu o mês de setembro para trabalhar a campanha de conscientização pela prevenção do suicídio. Bem-vindo ao setembro amarelo!
A campanha foi criada em 2015, uma inciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que entrou para o calendário colorido da saúde e tem o dia 10 deste mês como dia mundial de prevenção ao suicídio.
Você sabia que, além do amarelo, setembro veste outras cores que simbolizam várias campanhas de saúde?
Pela campanha celebrada em homenagem ao Dia Mundial do Coração, que tem sua data oficial comemorada em 29 de setembro, o mês usa a cor vermelha para informar sobre a importância de ações que previnam as doenças cardíacas, que são a primeira maior causa de morte no mundo segundo a organização mundial de saúde (OMS). Da mesma forma, o verde lembra as pessoas sobre a importância da doação de órgãos, o azul marca a divulgação dos trabalhos da comunidade surda e o lilás ou roxo dedica o mês à doença de Alzheimer. Pelo visto esta primavera de setembro tem muito a nos ensinar sobre a vida.
Acontecimento envolto em muitos tabus, a ponto de a boa imprensa ter adotado por muitos anos o hábito de não divulgar mortes por suicídio, hoje já não se segue mais esta linha de que falar de suicídio pode incentivar a prática, mas permanecem alguns tabus como, por exemplo, a visão de que suicídio é um grande pecado, falta de Deus, fraqueza e tantas outras “achologias” que afastam de nós a percepção de que no fundo é um problema de saúde pública.
A Biblioteca Virtual em Saúde, página na internet mantida pelo Ministério da Saúde, traz números alarmantes: “Todos os anos, o suicídio aparece entre as 20 principais causas de morte no mundo, para pessoas de todas as idades. Só ele é responsável por mais de 800.000 mortes – o que equivale a um suicídio a cada 40 segundos.Toda vida perdida representa um parceiro, um filho, um pai, um amigo ou um colega de alguém, calcula-se que aproximadamente 135 pessoas sofrem intensamente. Para cada suicídio, 25 pessoas fazem uma tentativa e muitas mais pensam seriamente nele. Isso equivale a 108 milhões de pessoas por ano sendo profundamente afetadas pelo comportamento suicida. São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Com esses números, o suicídio encontra-se entre as três principais causas de morte em indivíduos com idade entre 15 e 29 anos no mundo”.
E se suicídio é uma questão de saúde, por que falar disto em uma página sobre empreendedorismo feminino? Além de que cada empresa, consequentemente cada empresário, tem uma razão social de ser o que é, quero apresentar uma visão mais profunda. Na visão sistêmica, por exemplo, que se aplica muito bem às empresas e às pessoas de forma individual e coletiva, falamos que trabalho, finanças, relacionamentos e saúde são manifestações de vida. Consequentemente, se estamos sem saúde, sem trabalho, sem bons relacionamentos estamos em um caminho de morte, pois a vida só tem uma direção e o que se opõe a esta direção é suicídio. Podemos também trazer aqui a teoria do Viktor Frankl, mais conhecido por sua famosa obra escrita após ele sobreviver ao holocausto, intitulada Em Busca de Sentido. Com base em sua experiência nos campos de concentração, Frankl desenvolveu a logoterapia, uma forma de psicoterapia que preconiza que a principal motivação de um indivíduo é encontrar um sentido na vida e que a realização deste sentido pode dar a ele uma vida plena. Agora também me veio à mente a definição de felicidade de Aristóteles, que fala sobre como as ações virtuosas constituem a felicidade, mas eu gosto de explicar isto de forma bem simplória – ele acreditava que seria feliz o homem que encontrasse seu talento natural e se aplicasse em desenvolvê-lo.
Pronto! Acho que já temos razões suficientes para acreditar que questão de saúde se resolve trabalhando outras áreas da vida do indivíduo. Desenvolver-se profissionalmente é parte importante no tratamento de pessoas que enfrentam transtornos mentais. E, quem sabe, nós que já empreendemos podemos ser um veículo de transformação na vida desta juventude que anda em busca de propósito.
Em contrapartida, se o trabalho pode ser instrumento de cura, ele também pode ser motivo de adoecimento, como a famosa burnout, síndrome que tem exclusivamente como causa questões de trabalho, como por exemplo excesso de atividades laborais, de competitividade e de altas responsabilidades. Então, o empreendedorismo também pode ser uma opção para quem enfrenta abusos no local de trabalho. E precisa ser exercido com equilíbrio para que não seja o sonho de empreender um motivo para o desencadeamento de doenças mentais.
Este mês, escolhido para proteger a vida, convoca os empreendedores para ações de conscientização sobre a prevenção do suicídio, que é a consequência final de um processo de adoecimento mental.
E já que trabalho é uma manifestação de vida, até porque ganhamos proporcional à quantidade de vidas que servimos, então é sim uma boa ideia apoiarmos novos empreendedores para que encontrem sentido para a vida ao servirem outras pessoas por meio de um negócio. E como setembro tem também o colorido da nossa bandeira, quem sabe além de comemorarmos a independência do nosso Brasil não teremos mais pessoas comemorando a sua independência financeira ao colocarem sua existência a serviço do empreendedorismo?
Há muita força neste mês que simboliza a luta pela vida e que celebra os 200 anos de independência de uma nação cheia de cores.
Feliz Setembro Amarelo! Feliz 7 de setembro! Feliz 200 anos de independência! Feliz vida!
