terça-feira, 15 de outubro de 2024

Mural das Minas #16: LUiza cantanhêde: o domínio da palavra poética

Publicado em 27 de agosto de 2022, às 10:12
Fonte: Da Redação
Imagem cedida pela autora.

Luiza Cantanhêde é natural de Santa Inês-MA. Formada em Contabilidade.
É membro fundadora da Academia Piauiense de Poesia; da Associação de jornalistas e escritoras do Brasil-MA; membro da Academia Poética Brasileira; da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão e do mulherio das letras.
Tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais. Publicou os livros de poesia “Palafitas” (2016), “Amanhã, serei uma flor Insana” (2018) e “Pequeno ensaio amoroso”(2019), pela editora Penalux.
Há tradução de seus poemas para o italiano, espanhol e grego.
Com vários prêmios na carreira literária, recebeu em 2019 o “Prêmio Destaque Nordeste”, categoria poesia,em Pernambuco.

A CABAÇA

Sou essa terra de chão batido
Esse sertão da língua de cinza

A fome alada, o Carcará

Sou esse deserto de poeiras
longínquas
Sou água na cabaça, o arame
Farpado, cercando o latifúndio
De sol e estrada

Sou esse fruto no avesso da
Terra plantada.

DA VOZ

Tão rústica é a minha palavra
Não tem a fineza daqueles que
Passeiam pela boca da erudição

A minha palavra é a da roça
Da enxada circundando a
Poeira ao pé das cinzas

Meu vocábulo de pedra
Dizendo “desvão”

LAMBARIS

trago comigo
Estas dúvidas
Suspensa sobre
As águas
As poucas certezas
Que tenho
Se escondem do anzol

Na lama.

UM POEMA QUASE

Não fosse esse gosto
De chumbo derretido
Na boca
A mão estendida
Humilhada e com fome

Não fosse esse chão duro
Os ossos duros de roer

Não fosse o corpo das
Marieles, Camillas
Arethas, Emiles
Das Tânias, Dandaras
Marias

Não fosse a miséria
No mapa dos continentes
Não fosse esse grito preso
Essa indignação
Essa impotência
(O silêncio que asfixia)

Eu diria que isto é quase
Um poema.

ACOLHIMENTOS

O que outrora me expulsas
Agora me aconchega

Ir embora é algo que demora
A terminar

A porta entreaberta
Mostra-me a prevalência
De ficar.

Há uma manhã nascendo
Sobre os meus remendos

Ouço a chuva mansa
No telhado da casa.

VELHAS ANGÚSTIAS

Os olhos fechados

Não é silêncio, é sina

A dose de cachaça
Trincando o copo

Tenho pílulas
Pra dormir e a cara
De deboche do tempo.

POR DENTRO DOS GIRASSÓIS

Voo para dentro
E fecho as janelas

Amanhã
Acenderei o candeeiro

Permanece o silêncio
Que nada pergunta
E nunca se espanta

Acolherei todos os
Girassóis que não
Se despediram de
Mim

AMAZÔNIA

De tempos em tempos
O espinho reconhece
A ferida

Vez em quando
O amor arranha
E se vai.

4 respostas

  1. Somos de Presidente Juscelino-MA
    Da turma de Letras/Português -UFMA
    E tivemos o prazer de apresentar um seminário contado sobre sua vida,tenho orgulho de falar sobre uma mulher tão incrível ,Maranhence e conhecer o seu grande trabalho .

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