quinta-feira, 20 de março de 2025

De Uema a Uemasul. Avanços do conhecimento na Região Tocantina do Maranhão

Publicado em 16 de agosto de 2022, às 20:36
Fonte: José Luís Costa – especial para o Região Tocantina
A Uemasul nasceu há cinco anos e vem crescendo rapidamente. Imagem: Uemasul.

Para quem nasceu no ano de 2016 trazendo como missão se tornar referência regional na formação acadêmica, na produção e promoção da ciência, tecnologia e inovação, como está em seus planos, pode se dizer que nasceu grande.

Uma história de luta, desde a antiga universidade, por buscar ser uma universidade pública e de qualidade já lá nos anos de 1980, antes mesmo de se tornar a Uema (Universidade Estadual do Maranhão), e mais distante ainda de 2016, quando se  tornou a Uemasul (Universidade da Região Tocantina do Sul do Maranhão). Pode ser um paradoxo: 40 anos atrás ou 40 no futuro?

Explicando: com uma pesquisa mais aprofundada, constata-se que nesses primórdios, segundo o site da Uemasul, existia ali a Federação de Escolas Superiores do Maranhão (FESMA), uma espécie de transição para se tornar a Universidade Estadual do Maranhão. Nesta época, já se iniciavam também os debates sobre a necessidade de autonomia na gestão dos centros da UEMA, espalhados pelo interior do estado. E segue o trecho: foi nesse contexto que surgiu o coletivo “Autonomia e Luta”, que era formado por professores, alunos e movimentos sociais em geral e que pautavam a necessidade também da descentralização e democratização do ensino superior em nosso estado.

Para Johnny Santos, estudante da Uema entre os períodos 2002 e 2010, que na época foi integrante do movimento estudantil no campus de Imperatriz e hoje tem mestrado  em desenvolvimento regional e socioespacial e também é professor do Instituto Federal do Pará em  colaboração técnica com o Instituto  Federal do Maranhão, a luta valeu a pena: “mesmo no início dos anos 2000, o movimento estudantil com o sindicato dos professores da instituição carregavam, como Caxias  e outras cidades do estado do Maranhão, que tinham o campus da Uema, a bandeira da luta pela autonomia”. Ele acrescenta ainda que a questão sempre foi política, de sensibilidade política.

Naquele período um dos principais entusiastas foi Sálvio Dino, então deputado estadual, que foi por muito tempo imortal na Academia Imperatrizense de Letras. A concretização do sonho de uma nova universidade estadual maranhense chegou  pelas mãos do seu filho, Flávio Dino, também um homem das letras, jurista… e, naquele 2016, governador do estado do Maranhão.

Para o professor Expedito Barroso, essa batalha de criação de uma universidade era antiga: “Na década de 1970, no exato ano de 1973, houve a criação de uma faculdade municipal. Essa faculdade, idealizada pelo prefeito prefeito Xavier, apenas por oito meses, porque logo depois foi cassado.”

Expedito faz uma apresentação de como ela está hoje, depois de se tornar Uemasul com mais de 2000 alunos isso em cinco anos de criada. “Foram feitos investimentos de mais de 60 milhões.”, finaliza.

E, para compreensão de por que da nominação  “Região Tocantina”, a explicação é de que essa região é o espaço geográfico que faz fronteira com o Rio Tocantins e proximidades. Que, com a expansão e o crescimento econômico da maior cidade do entorno, Imperatriz, necessitava desenvolver a produção do conhecimento. Imperatriz, cresceu, assim como as demais cidades da região, por conta da vinda da Belém-Brasília, nos anos 1960. Ali se consolida um povo totalmente misturado, gente das mais variadas partes do Brasil.

Hoje, talvez por conta dos sonhos de Sálvio Dino, com uma universidade da Região, a “filha” da Universidade Estadual do Maranhão, Uema, o ato carrega uma mística. Aqueles que passam por lá conseguem desenvolver quase que um estilo de vida em torno da instituição. Uma forma de se prosperar na história, como se fosse um novo modo de vida para as pessoas que vivem no espaço. É o que se percebe no corpo daquela universidade.

ESTRUTURA – Instituída a partir dos antigos Centros de Ensino Superiores de Imperatriz e de Açailândia, a Uemasul assumiu a missão de promover o desenvolvimento regional, englobando 22 municípios. Hoje ela tem campus em três municípios da Região Tocantina: Açailândia, Estreito e Imperatriz, onde está localizado o centro administrativo da instituição, com a reitoria e as pró-reitorias.

O campus Açailândia, chamado de Centro de Ciências Humanas, Sociais, Tecnológicas e Letras (CCHSTL), funciona nos turnos matutino, vespertino e noturno; oferta, entre licenciaturas, bacharelado e um tecnólogo, seis cursos de graduação: Administração, Direito, Engenharia Civil, Letras – Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Pedagogia e Tecnologia de Gestão Ambiental.

Maria Helena tem 20 anos, atualmente mora no assentamento Califórnia, na cidade de Açailândia. Ela passou no vestibular da Uemasul para o  curso de engenharia civil, que se iniciará neste semestre. Lena, como é chamada pelos seus amigos, diz, com os olhos brilhando: “Bom, se alguém chegasse e me perguntasse: como estou me sentindo? E qual a expectativa para o curso?… Acho que a resposta que viria a minha mente de imediato seria que estou nervosa, mas, confiante, pois acredito que será uma caminhada dura.  E de muito aprendizado.”

Também moradora de Açailândia, Sabrina Nascimento, de 28 anos que concluiu o ensino médio atrasado por conta de já ter constituído uma família, está hoje no 5º período de pedagogia. Ela é também do assentamento Califórnia, quando veio para o assentamento estava na 5ª série, estudou e de lá para cá não parou mais de estudar. Concluiu o ensino médio também no assentamento Califórnia [ensino médio que é uma extensão de um colégio da cidade], e hoje é universitária. Sabrina, também de forma muito emocionada, diz que não sabe como conseguiu entrar, que parece viver um sonho e que a vida dentro da universidade, principalmente pública e de qualidade, é algo que jamais esperava conhecer e acrescenta: “Eu já estou preocupada se não conseguir ou não encontrar espaço no mercado de trabalho”.

O campus Estreito funciona nos turnos vespertino e noturno. O Centro de Ciências Agrárias, Naturais e Letras (CCANL) oferta três cursos de graduação: Letras – Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Engenharia Agronômica e Ciências Naturais.

Jéssica Santana Lima, natural da cidade de São Luís – MA, bibliotecária no campus da cidade de Estreito, afrma orgulhosamente: “Tenho grande satisfação em fazer parte da história dessa instituição por ela ser uma incentivadora da educação e geradora de empregos na região Sul do nosso estado”. Jéssica avalia o campos como tendo boa estrutura: salas climatizadas, laboratórios e biblioteca, que dão suporte ao ensino, com um corpo docente altamente capacitado, com mestres e doutores. E um corpo administrativo comprometido.

Já Pedrinho Santana da Cruz, do quinto período de Ciências Naturais/Matemática-Física, que é de família de pescadores e que já tentou estudar em Imperatriz, Araguaina e Goiânia, hoje com 40 anos, afirma que o transporte local faz falta. Pedrinho também diz ter orgulho de estar estudando em universidade pública, estadual e de qualidade. Ele, que também é bolsista, afirma que a maior parte da evasão é por conta dessa dificuldade: “Se a prefeitura [de Estreito] daqui assumisse essa responsabilidade, de se transportar alunos, nós teríamos uma situação melhor para estudar”. E informa que faz pouco tempo que a universidade disponibiliza um auxílio-transporte de R$ 300,00.

O campus Imperatriz está organizado em quatro centros de ensino: Centro de Ciências Agrárias (CCA); Centro de Ciências Exatas, Naturais e Tecnológicas (CCENT); Centro de Ciências Humanas, Sociais e Letras (CCHSL) e o Centro de Ciências da Saúde (CCS) . Entre licenciaturas e bacharelados, o campus oferta 13 cursos de graduação, que funcionam nos três turnos: Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Ciências Biológicas, Física, Matemática, Química, Administração, Geografia, História, Letras – Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Letras – Língua Inglesa e Literaturas, Pedagogia e Medicina.

Para as pessoas moradoras da cidade de Imperatriz, como seu Chico, um antigo vendedor ambulante, que por muito tempo vendeu gelados nas proximidades da portaria da antiga universidade, tudo foi uma grande conquista com a chegada da Uemasul em  substituição ao antigo campus da Uema. Para ele,  “a Uemasul não vai apagar a história deixada pela antiga Uema. E tudo foi uma grande conquista daquela população”.

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