Eronilde dos Santos Cunha (Eró Cunha). Mulher Negra, Atriz, Contadora de Histórias, Recreadora (Palhaça Laranjinha), Professora da Rede Pública Estadual do MA. Poeta.
Pesquisadora do GELITI – UEMASUL (Grupo de Estudos Literários e Imagéticos – CNPQ) e do SABURA DI NOS TERRA.
Tem mestrado em Letras, pela UEMA, licenciatura em Letras Português/Literatura (UEMA – 2000), História (UEMA – 2012) e Teatro (UFMA – 2013).
Ativista do Movimento Negro (Centro de Cultura Negra Negro Cosme de Imperatriz – CCN-NC) e Cultural de Imperatriz (ASSARTI).
Conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Imperatriz/MA) e Coordenadora da CEIRI/UREI – Coordenação de Educação da Igualdade Racial de Imperatriz.

ETERNAS MENINAS

De tanto ouvir sobre sua fealdade
Na rua,
Na escola,
Nas brincadeiras de criança…
Onde tanto fora caçoada.
Onde sempre fora esfacelada.

A singular menina crescera
Incrustada em seu casulo incolor
Tornando-se púbere
tentou colorir-se.

Ao sentir 
Chamarem-na de Linda
Sim, L-I-N-D-A!
Linda era
Linda se reconheceu.
 
Pela primeira vez
(Re)lutou e,
Inevitavelmente, as asas multicoloridas
Explodiram do coração 
daquela Borboleta_Mulher.

TEMPO

Em ti
Meu Presente
Tornou-se pretérito imperfeito
Diante do  mais-que-perfeito
futuro do pretérito.

DEUS, DEUSES, DEUSAAAS

Deus, Deuses, Deusaaas!
Quanta desolação.
Pam!
De, De, De
Mia!

Tantos sintomas,
Testes positivados
UTIs abarrotadas
População isolada e Zumbilizada.

covid,
viroses,
ômicron…

Oh!!! Deus, Deuses, Deusaaas!
Em um país chamado Fome
Messias genocidas
Rateiam
Escarnecem
E banqueteiam inocentes vidas.

UMA MARANHENSE

Imersa em uma sociedade escravocrata
nascem FIRMINA_mente
retintas Marias
impingindo na brancura do papel
matizes de sangue negro
e denúncias de uma escrita
cunhada pela força histórica de denúncias e poesia.

SUBJUNTIVOS DE MIM

Os subjuntivos de mim
Conjugam-te nos tempos mais irregulares.
Te flexionarei  em voz,
Pois teu modo imperativo,
Indica a vaguidão do tempo
em Pessoa.