Elany de Maria Morais da Silva nasceu em Caxias – MA .
Estudou em Caxias, na Universidade Estadual do Maranhão, graduando-se em Letras/Literatura e pós-graduando-se em Literatura Brasileira.
Atua, profissionalmente, como professora de Língua Portuguesa, nas redes Municipal e Estadual do Maranhão.
Com relação à prática literária, escreve os mais variados gêneros literários, como poema, conto, crônica, memórias…
Além de possuir várias produções literárias publicadas em antologias, como Melhor de Mim (editora Poesias Escolhidas – Belo Horizonte/ MG), Entrelaços, Ondas Poéticas e Pétalas (Darda Editora/ RJ), publica ainda, na Revista Acontece – CE, em 2017, “Muitas de Mim”, e os livros Luz e Sombra (Darda Editora) e O mundo em Dois Tempos ( Delicatta).
SOLIDÃO NA MULTIDÃO
São milhares de sozinhos, na multidão. Desconfio de que as pessoas estão mais solitárias. Será medo de sua própria espécie? Ou quanto mais numerosa uma sociedade, mais enfadonha ou perigosa será? Quando encontro uma justificativa para isso, chego a ser pessimista, ao acreditar que a humanidade pode estar perdendo as mais fundas qualidades de ser humano.
Na condição de solitários, somos mais ou menos felizes? Jean Jacques Rousseau dizia que é devido a nossa fraqueza que nos tornamos sociáveis. E, então, superamos nossa fraqueza?
O homem é um ser social. A socialização faz parte do sentido da vida, por isso, não pode deixar de existir. Mas, por muitas razões, isso tem se tornado distante da vida de muitas pessoas. A solidão não pode valer como remédio para a cura dos inúmeros problemas existentes em nossa sociedade atual. Estamos doentes. A solidão não é alimento para nossa fraqueza. Estamos morrendo de sede no mar. Muitos estão sozinhos, sem coragem de estarem sós. Quem não está a se sentir desamparado em sua própria ilha?
O isolamento social vem existindo com mais frequência. Motivos? Comportamentos odiosos dos nossos semelhantes? Visão distorcida? Parece-me que as pessoas não estão vendo mais as outras como suas companheiras, com quem podem conviver pacificamente e dividir experiências. O cenário atual assemelha-se mais a um ringue de adversários. O mundo social tem se enfurecido? Diante disso, a vida não pode se tornar apenas borrões? Tragicamente, vejo um caos gerado por uma disputa ilusória.
É fácil viver no mundo de conformidade com a opinião das gentes? Penso como Freud: “a solução não é voltar as costas para esse mundo”. Por que não tentar recriá-lo? Quando um grande número de pessoas optam pela solidão, como fuga, o sofrimento é em massa. E, esse, é o sinal da decadência, do perigo para a humanidade. A solidão é um vazio. Estar sozinho pode ser um aceno para a loucura.
EM NOSSOS TEMPOS
Vivemos em tempos em que a bondade é chamada de fraqueza. Hoje é preciso ter coragem para ser bom. Muitos estão sendo preparados para ser dados a uma luz não tão bonita. Os verdadeiros sentimentos estão sendo embrulhados em papéis que não são para presentes. Estou a visualizar uma sensação de não pertencer essa tragédia presente. Se não existem raízes criadas com amor e esperança, todo o resto fenecerá.
Fui nascida para enxergar a bondade como um bem maior. Mas não tenho visto vitória nisso. Seja no mundo cibernético (“conviver com a maldade humana na internet talvez seja um dos maiores desafios do século XXI”) ou real, quase toda e qualquer ação vira deboche ou escárnio. Desconfio que existe poeira nisso, pois os resultados não têm sidos acertados. Ou ainda não sou madura para esses tempos?
Ando afirmando que não se pode andar distraído para o amor. Vida sem amor é vida sem bondade, e vida sem bondade é vida anulada. Esse tipo de vida é um inferno humano. Nem sei se isso tudo não faz parte de um mistério, mas sendo ou não… Sinceramente, vivo atônita, porque não caibo nesse desajuste moderno, ou sou eu quem está desajustada? Nada me serve essa modernidade sem bondade.
Suponho não entender a vergonha de muitos em ser bons. Há muita timidez em elogios sinceros. Mas a troça da vida alheia é desenvolta, expansiva… Em nossos tempos, a tragédia do outro é diversão para muitos. Não sei perder minha dor nas lágrimas que não são minhas. É preciso que não se saiba o contrário disso.
E a gente não se assusta com o excesso de malícia? A desconstrução da bondade tem se dado por uma busca frenética de superioridade? Ou por o mau acomodamento da alma no corpo, como disse Clarice Lispector? Convenço-me de que não se pode estacionar em qualquer degrau da generosidade, da compaixão, da benevolência.
Que triste se ver na maldade humana! Há até quem dissesse que estão dando a vacina contra a “raiva” na raça errada. O mundo é tão imenso! A vida é tão imensa! Penso haver lugar para a bondade. Por que esta tem perdido tanta atratividade? Não sei se o que sinto “serve para se dizer” mas essa perda tem doído em mim. Suponho que vem doendo em outras mais gentes também.
2 respostas
Estou adorando as matéria publicadas por esse meio de comunicação. Confesso que fiquei feliz com esse post sobre a poetisa Elany Morais. Foi minha aluna, na UEMA, onde a conheci menina. Leitora e atenciosa. Gosto muito da sua obra poética. Parabéns!!!!!
Sinto-me feliz e honrada ao ver a publicação de alguns dos meus escritos, assim também como o depoimento de minha estimada professora Socorro Carvalho!!
Gratidão!!