Engraçado como o tempo passa na nossa cara e não nos damos conta. Um dia aquele ser que era só um bebezinho, hoje é uma mulher, com responsabilidades, com uma carreira e com desafios pela frente. Para muitos e, talvez para a maioria, em pleno século XXI, a mulher ainda é vista sob o patamar da inferioridade, no entanto como disse o Tremendão Erasmo Carlos, dizem que a mulher é o sexo frágil/Mas que mentira absurda. De fato, é uma grande mentira. Não subestime um ser que consegue correr de um lado para outro, atuar, interpretar, escrever, produzir e carregar um sorriso nos lábios, sem nunca desmerecer a ninguém e ainda criar bichos.
Como muitas mulheres que buscam seu espaço, hoje falaremos de uma em específica para representar todas as outras que vivem em constante busca pelo seu espaço. A mulher é Laura Neres, jovem de vida e carreira em construção, que talvez tenha um DNA que lhe favoreça a está à procura de suas próprias conquistas. Ela ultrapassa barreiras quando resolve falar de temas que estão além de sua pouca idade e experiência.
Para acompanhar o percurso do tempo, Laura descortinou o tempo e chegou a outros séculos para viver personagens alheio à sua personalidade, como a Ana Rosa, personagem de O Mulato, de Aluizio de Azevedo, texto publicado em 1881, uma menina frágil e que vive à mercê de uma sociedade cheia de preconceitos da época. Mesmo com sua fragilidade e doçura aparente, carrega consigo a cultura dos livros de gramática, das aulas de francês, da música e um coração amargurado por um amor fora de seu alcance.
Menina mulher Laura Neres avança no tempo levando consigo carga e vocabulário suficientes para contar e viver histórias além de seu tempo, como Cecília, personagem de Lição de Botânica, de Machado de Assis, obra do início do século XX. Nessa obra e com essa personagem, Machado vocifera questões entre ciência e casamento. Na narrativa, Cecília é uma jovem apaixonada por um homem que sequer aparece na peça, pois o autor trouxe somente seu nome. A jovem atriz brinca, se diverte no palco, nas vestes da personagem que mais uma vez se vê em um comportamento que não é o seu e muito menos de sua época.
Foi no teatro também que Laura mais uma vez transgrediu de sua essência para dar vida à outras mulheres igualmente fortes como é o caso de Raiza, personagem de Lygia Facundes Telles em Verão no Aquário. Outra vez nessa perspectiva de vida que não é a sua, Laura Neres cria um vínculo com a plateia para mostrar o comportamento de uma mulher, em um plano psicológico e cronológico, abordando as temáticas conflituosas entre a mãe, Patrícia, a filha Raiza e André, namorado da progenitora. A obra de Lygia foi publicada em 1963, época em que os direitos e conquistas das mulheres estavam em destaque.
Saindo de mundos completamente adultos, Laura Neres incorpora alguns personagens infantis, como Doroth, de O Mágico de Oz. Nesse clássico da Literatura mundial, a jovem atriz dá vida a menina órfã, Doroth Gale, que vive na fazenda com seus tios e seu inseparável Totó. Em outra versão de O Mágico de Oz, Laura encarna o Homem de Lata, um personagem masculino, tão sensível quanto qualquer outra mulher. Nesse personagem, o Grupo Teatro Improviso deu a Laura a possibilidade de trabalhar corpo e voz, para manter de pé o personagem, ainda assim com muita graça e leveza.
Ainda na linha de infantis, a escritora e atriz já interpretou a Raposa de O Pequeno Príncipe, obra de Antoine de Saint-Exupéry. Com o intuito de conquistas os pequenos, Laura não faz esforço compor um ser inanimado, dando-lhe graça, voz e vez no palco. Ainda em infantis, chega às suas mãos o enigmático Camaleão, da peça O Mistério do Sapo Cururu, baseada na obra homônima Rosana Rios. No palco, a psicóloga e escritora tem a chance de viver seu primeiro vilão, no entanto a empatia com o público infantil e adulto é imediata, pois ela dá leveza às falas, deixando transparecer um verdadeiro controle entre a “maldade” e o bom humor, deixando o personagem mais humano.
Saindo dos palcos, Laura Neres chega à literatura. Publicou dois livros, que coincidentemente retratam temas relacionados às mulheres. O primeiro, Pétalas de Sangue, traz o conflituoso dia a dia da mulher com suas amizades, com o trabalho e com temas de relacionamentos abusivos; o segundo livro da autora é Mulheres, obra que direciona as temáticas especificamente para as mulheres, como preconceito de cor, pele, sexo, estética e tantas outras angústias pelas quais passamos todos os dias. E, na mais recente obra, que será lançada em breve, Sexualidade na terceira idade: um olhar da Psicologia, a jovem autora traz temas que fogem completamente à sua pouca idade, no entanto, seguramente fará com que o leitor possa fazer vários questionamentos, como até que idade homem e mulher podem se relacionar sexualmente? Porque os idosos são motivos de chacotas quando se trata de sexo? Ou ainda, há alguma idade física ou psicologias para as pessoas se relacionarem?
Por fim, que nesse novo século e não só nesse mês da mulher podemos encontrar muitas Marias, muitas Anas, muitas Rosas, muitas Dianas, muitas Saras, muitas Aparecidas, muitas Jéssicas, muitas Olívias, muitas Lauras para nos representar, seja nos teatros, no cinema, na televisão ou que pelo menos possamos contar nossa história nos contos, nos romances ou na poesia. Pois, Mulheres seremos sempre, todos os dias, independentes, vividas e realizadas.
Uma resposta
Que privilégio!!! Estou emocionada e sem palavras por receber esse texto. Muito obrigada mesmo!!!! ❤️❤️