Letróloga, professora, advogada e escritora.
Foi redatora, colunista e produtora de tirinhas do Jornal O Folha, entre 2004 e 2013.
Imortalizou-se na ABL— Academia Bacabalense de Letras — no ano de 2001, vindo a ocupar a cadeira nº 09. Fora eleita por duas vezes consecutivas ao cargo de Secretária Geral e logo após Vice-presidente da ABL-MA.
Cronista, contista, poeta e romancista, também é ilustradora e possui oito livros publicados até o momento, a saber: Segredos D’alma, Violetas de Outono, O derradeiro poema, Liriconcreto, Cambo de Poesia, Eflúvius (poemas), Vida Crônica (Crônicas) e A Música (Romance).
Redes sociais: @alinefreitasautora (Instagram e Facebook) e @AlinePiauilino (Twitter).
1o. EFLÚVIO
Não se lastima mais o sofrimento,
Não mais se indaga o profundo ópio da alma,
Povoa somente o espírito
A conformação suicida e calma…
Estes olhos são mansas violetas…
Veludo… névoa… mistério… tristeza
Devoradas por aquosas borboletas
De sonho tecido com sedas e delicadeza…
Tênue véu de alegria sustenta
Minha face sem surpresas e sustos,
Riso funéreo de marés, de tormenta,
Breve cortejo de risos tristes e augustos.
O sofrimento é bem o que esta alma tem colhido
Com farturas, é plena primavera!
Ouço claro e alto as vozes de um tempo ido
Dizem: “tua vida é já farta de quimera…”
3o. EFLÚVIO
Cerração… Navalhas de vento…
Folhas aljofradas.
Vultos… Gazes roxas… Violetas aveludadas,
Involuntários gemidos de tormento.
Sopram os ventos alísios
Do oeste, do sul, do leste e do norte,
Tristes versos à Morte,
Insurgente dos profundos abismos
Obscuros, frios, difusos…
É noite? É dia?
A cerração vai sufocando a alegria.
Entre mil gemidos confusos
Paira um misterioso perfume
Qual a flor? É só um vulto etéreo sem lume…
5o. EFLÚVIO
Estes olhos
Nem negros
E nem castanhos
Fitam no espelho
Esta face
Nem triste
E nem alegre.
Esses olhos indefinidos
Desconhecem esse rosto,
Esfinge argêntea e fria…
Nem noite e nem dia…
Nem réquiem
Nem frevo
Nem luz e nem trevas.
Apenas uma lápide fria
No meio do cemitério
De vidas ambulantes…
INICIAÇÃO
Existe um mistério de iniciação
Num céu calmo de estrelas,
Há um quê triste de inspiração
De versos amargos pelo que se protela.
Meus olhos de abismo profundo,
Fitam plácidos, tão cobertos de agonia
As vagas sombras que se arrastam pelo mundo
Na ânsia vã de sorver alguns fios de alegria.
São de séculos estas cismas
Pelo que vai passando, plácido, indiferente,
Aos meus olhos abismais,
Sobre essa triste vida corrente.
CIRANDA DO EFÊMERO SENTIR
A poesia que me fizeste,
Era de bruma e se dissipou;
O desejo que por mim tiveste,
Era apenas físico e se acabou.
As palavras que me dirigias,
Murcharam como flor;
Nenhuma fora escrita,
E a efemeridade as carregou.
Teu abraço era de areia,
Veio o sol quente o secou;
Surgiu o vento que sopra forte e cambaleia
E em minutos te desmanchou.