terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Mural das Minas #01: Adriana Moulin e suas palavras sensíveis

Publicado em 6 de fevereiro de 2022, às 5:44
Imagem cedida pela autora.

SOBRE SER UMA MENINA DO INTERIOR

Nunca vou deixar de ser uma menina do interior. Nunca. Porque não sei e também porque não quero.
Guardo na memória cada pedaço da minha aldeia… E em minutos volto a ser aquela menina cheia de sonhos que cortava a cidade a pé com ares de propriedade.
Regularmente fazia isso aos sábados pela manhã. Entrava e saía das lojas, falava com um, com outro, com muitos…
Fazia umas comprinhas básicas e me sentia a dona do mundo – só porque passeava em minha aldeia, sozinha, caminhando, escolhendo ruas, esquinas e apreciando o movimentar frenético do comércio da minha cidade.
Colatina continua lá. Cresceu, está diferente… Mas a menina que me habita ainda vive lá também, e, para ela, nada mudou. Tudo continua como ela deixou.
A menina que nunca se esqueceu do cheiro insistente do café nem da alegria da sua gente.
E essa menina, por mais que ande pelo mundo, conheça outras gentes, enverede por outras línguas, nunca vai deixar de ser aquela menina do interior, com longos cabelos castanhos, sempre apressada e resolvida, que cortava a sua cidade aos sábados pela manhã, fazendo disso um ritual de felicidade, de vida!

DE JANELA À JANELA

O abismo reside
onde eu me calo

O hiato – viagem de ida –
é história sem volta,
amor esquecido no concreto
e nos vãos do absurdo

É o vazio
que ocupa tudo
(de janela à janela)
com o mar ao fundo…

A ARTE SALVA

O que seria de mim
sem Pablo, Fernando, Carlos
e Manoel de Barros?
E sem Clarice, Cecília, Frida
e Cora Coralina?

O que seria de mim
sem Riobaldo e Diadorim?
Sem Guimarães
para colorir de (Rosa) os meus dias
e me fazer chorar de dor e de rir
no meio de uma pandemia?!

O que eu faria
sem Marlos Nobre, Bach,
Beethoven e Mozart?

E ainda me perguntam
se eu acredito que a arte salva…

A arte nos salva da morte!
A arte nos salva da vida!!

INCÊNDIO

Sei ser Chuva fina
que acinzenta os dias
ou uma Lua nua
a atormentar os sonhos seus.
Posso ser Estrela que brilha
nas alturas – sozinha e sem medo –
na noite escura,
mas quando invento de ser Sol…
Moooço! Aí sou tudo!
Luz que ilumina e incendeia o mundo!

SOBRE O PROJETO: O Projeto “Mural das Minas” tem como meta dar visibilidade a mulheres escritoras.
Queremos publicar, de 15 em 15 dias, um perfil de escritoras maranhenses. Desde aquelas já famosas, reconhecidas por seu trabalho, àquelas ainda desconhecidas ou que estão começando. Pretendemos fazer umas 40-50 páginas.
O material será publicado tanto na página do Jornal O Progresso, na seção da Academia Imperatrizense de Letras, aos sábados, quanto no site Região Tocantina, aos domingos.
Assim fazendo, cremos que estamos ajudando a dar mais visibilidade à literatura feminina.
Caso você, escritora, se interesse, por favor, envie para este e-mail aqui o material: [email protected]
O material para enviar é: 01 foto (a sua escolha); 01 minicurrículo, de 10 a 15 linhas; o texto literário: se for crônica, duas ou três crônicas; se for conto, dois a três contos; se for poema, cinco a sete poemas, para fazermos a seleção.
Aguardamos seu texto. E vamos fazer uma bela séri
e!

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