sexta-feira, 22 de março de 2024

Canal Luna Solis 02: Como funciona a criação de mundos nas histórias de fantasia

Publicado em 30 de julho de 2021, às 9:30
Imagem: Divulgação

Enquanto lia um livro que se passa em um universo fantástico e mágico, você já se perguntou como aquele autor(a) conseguiu construir aquele mundo fantasioso e rico, capaz de prender a atenção do leitor pelos detalhes? Os livros de fantasia costumam ter suas próprias regras e um dos motivos que levam à essa questão é justamente a verossimilhança que esses mundos têm com a nossa própria realidade, uma vez que os autores(as) se inspiram no mundo ao nosso redor e adaptam aquilo que acham coerente ou necessário a seus universos.

Quando se fala em universos fantásticos é impossível não pensar ou citar J.R.R Tolkien, J.K Rowling ou C.S. Lewis, esses três autores que impulsionaram o ramo literário e fizeram o gênero de fantasia cair no gosto dos leitores, principalmente após suas respectivas adaptações cinematográficas no início dos anos 2000. “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, lançado em 1997 pela editora Bloomsbury, o primeiro livro da saga do menino bruxo alcançou o top da lista de ficções mais vendidas em 1999, mas foi somente em 2001 que a história virou febre entre crianças e adolescentes pelo mundo todo quando o livro foi adaptado para o cinema sob a direção de Chris Columbus. 

A partir desse ponto o mundo da literatura e das adaptações cinematográficas nunca mais foram os mesmos, surfando na onda de Harry Potter, em 2002, mesmo ano que o segundo livro do bruxinho foi adaptado, “O Senhor dos Anéis – A Sociedade do Anel”, do autor J.R.R Tolkien, ganha as telas do cinema e uma nova geração de fãs, já que o livro já estava entre nós desde 1954 e sua adaptação levou às salas de cinema os fãs que cresceram lendo a saga e também aqueles que nunca haviam conhecido a obra. Em 2005, outra saga de fantasia que ganhou adaptação foi “As Crônicas de Nárnia”, que assim como aconteceu com “O Senhor dos Anéis”, aqui conquista uma nova geração de fãs, já que o livro havia sido publicado em 1950.

O sucesso das adaptações cinematográficas da saga Harry Potter, Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia, colocaram o gênero de fantasia em alta e fez crianças e adolescentes do mundo todo saírem das salas de cinema e se aventurarem no mundo da literatura, procurando ávidos nas páginas dos livros a continuação daquelas histórias. Mas por que, mesmo após tantos anos essas sagas ainda continuam conquistando fãs e são obras sempre lembradas quando se fala no tema fantasia? J.K Rowling, J.R.R Tolkien e C.S Lewis, não só construíram mundos inteiros como criaram suas próprias mitologias. Seus mundos fantásticos bebem das mitologias antigas que conhecemos, mas trazem consigo algo de novo. Ao lermos suas histórias temos a sensação de ingressarmos em um mundo inteiramente novo com seus próprios mitos, leis e regras, e mesmo assim a imersão é possível devido ao efeito do real que os autores imbuíram em seus universos.

O efeito de real, seria dito por Barthes (2004), como a incorporação de elementos reais em narrativas literárias que são responsáveis por dar ao leitor a imersão naquilo que está sendo lido graças às verossimilhanças da narrativa com coisas conhecidas pelo leitor. J.K. Rowling, por exemplo, embora tenha criado um mundo novo, as criaturas mágicas apresentadas por ela possuem raízes nos mitos gregos, celtas e arthurianos, fazendo com que os leitores assimilem com mais facilidade esse mundo mágico, além disso mesmo em universo onde a magia é o fato reinante, esse mundo tem leis e regras estabelecidos e que regem os acontecimentos. E mesmo sendo um mundo mágico, J.K. Rowling consegue adaptar profissões do “mundo real” para seu “mundo mágico”, similaridades entre o “Ministro da Magia” e “Primeiro Ministro”, entre “Aurores” e “Policiais”, entre “Curandeiros” e Médicos”, entre “Herbologistas” e “Botânicos”, entre “Magizoologista” e “Zoólogos” e vários outros, são facilmente identificados e assimilados pelo leitor. 

Uma das fantasias mais famosas ultimamente são os livros da série popularmente conhecida como “Acotar” entre os fãs leitores. Escritos pela autora norte-americana Sarah J. Maas, o enredo traz criaturas popularmente conhecidas como “Fadas” (que aqui são chamados de “feéricos”) que compartilham um mundo chamado Prythian e dividem uma muralha com os humanos, trazendo conflitos políticos e sociais na história. Aqui os feéricos podem ser feridos com madeira de freixo e possuem magia, além de existirem feéricos que são criaturas e os que possuem aparência humana.

Outra saga que também aborda o imaginário popular das fadas é a trilogia “O Povo do Ar”, escritos pela autora norte-americana Holly Black. Aqui, os feéricos vivem em Elfhame, um reino mágico que coexiste com o mundo mortal. Enquanto o universo de “Acotar” explora a fantasia e romance misturados à política, “O Povo do Ar” traz uma trama bastante focada em política, uma temática que funcionou muito bem dentro desse universo mágico.

Recentemente o livro “Sombra e Ossos” da autora Leigh Bardugo foi adaptado para o streaming da Netflix, ficando no Top 10 dos mais assistidos por várias semanas. A trama apresenta um universo onde humanos comuns e Grishas (humanos que desenvolvem poderes), coexistem num mundo marcado por guerras territoriais por causa da divisão do país de Ravka que foi separado pela Dobra das Sombras – uma faixa de escuridão onde habitam criaturas perigosas e que se estende dividindo o país em dois: Ravka Leste e Ravka Oeste.

Esses mundos mágicos conquistam os leitores pois, embora sejam universos inteiramente novos, é possível verificar verossimilhanças com o mundo real. Desde mitos e lendas conhecidas sendo reinventados, até a criação de sistemas e leis que permitem a imersão do leitor naquele mundo, até noções do “mundo real” que são adaptadas para o “mundo mágico”, são alguns dos elementos que permitem a criação de universos fantásticos e o tornam mundos tão completos que facilmente permitem o leitor imaginar se fazendo parte daquele mundo.

Como funciona o universo de “Território de Fúria”:

Por: Artemisa Lopes

Dentro de “Território de Fúria” basicamente existem apenas dois tipos de seres: os humanos (que aqui são chamados de “comuns”) e os mentalistas, pessoas com poderes psíquicos. A história é uma fantasia urbana que se passa em uma realidade alternativa, onde temos a presença de alguns elementos modernos mixados a outras características próprias desse mundo. No enredo, por exemplo, temos um minério fictício chamado de “berzélio” que serve como fonte de matéria-prima para eletricidade e fabricação de armas, por exemplo, assim como também o minério tem alguma relação com os mentalistas e suas habilidades, sendo capaz de afetá-los e até feri-los.

Os mentalistas vivem em seus próprios territórios e muitos preferem não se misturar aos humanos, vivendo praticamente em sua própria bolha e seus costumes. Eles possuem um sistema político semelhante ao humano, tendo um órgão responsável por reger todas as leis dos mentalistas. Além disso, muitos desconhecem objetos e outras coisas típicas normais de humanos, graças a séculos de uma ideologia que busca pregar a superioridade dessa raça em detrimento dos humanos, algo que acende rumores de uma guerra, palco dos acontecimentos principais em “Território de Fúria”. 

Quer saber mais sobre “Território de Fúria”? O link da história está logo abaixo: 

https://www.wattpad.com/myworks/275497497-territ%C3%B3rio-de-f%C3%BAria

Como funciona o universo de “A Piromante de Lumiére”:

Por: Laura Zacca

O universo de “A Piromante de Lumiére” é baseado principalmente na mitologia grega, onde Caos, aqui chamado de A Entidade, criou o sistema solar e os 7 planetas da dimensão de Priamus. Aqui os deuses gregos são a força motriz que move a trama, onde cada planeta possui seu patrono e suas próprias leis e regras, com reinos e povos diferentes. No primeiro livro ambientado nesse universo, a trama se passa no planeta Lumiére, cujo patrono é Lorde Hades, o Imperador do Inferno.

Embora tenha sido o terceiro mundo criado pela Entidade, Lumiére foi o último planeta a ser povoado e por muito tempo seu único habitante foi a fênix primordial criada para absorver as memórias do local. Eventualmente, quando as Criaturas Sagradas (fênix, dragões, kitsunes, unicórnios, pegasus e outros) de Priamus começaram a ser perseguidas por caçadores de recompensas, Zeus se apiedou delas e as refugiou em Lumiére e uma vez lá o deus então deu à elas corpos e consciências humanas para assim disfarçá-las para não serem encontradas pelos Legionários. Mas como as Criaturas Sagradas possuem uma energia mágica chamativa, Zeus resolveu o problema criando uma espécie de humanos que possuem uma aura protetora que mascara qualquer essência mágica.

Assim Lumiére tornou-se um “Refúgio Sagrado”, onde habitam os “humanos de Zeus” e as Criaturas Sagradas disfarçadas de humanos, e para proteger as Criaturas Sagradas, uma lei para manter o sigilo mágico foi criada e humanos foram proibidos de ter contato com magias e deuses. A adaptação das Criaturas Sagradas como humanos não agradou Hades quando as fênix começaram a romper a Fronteira da Vida e da Morte ao usarem seus poderes curativos para ressuscitar os mortos. Para apaziguar os ânimos de seu irmão, Zeus deixou de ser o patrono do planeta e entregou o cargo ao Imperador do Inferno e três das fênix primordiais foram feitas prisioneiras. É nesse cenário que nasce Kimberly Cassidy, a primeira mestiça de fênix e humano e cujo Destino a coloca no caminho de Hades, ou seria o contrário?

Quer saber mais sobre “A Piromante de Lumiére”? O link da história está logo abaixo: 

https://www.spiritfanfiction.com/historia/a-piromante-de-lumiere-5829691

Dicas para construir um mundo fantástico:

  • Veja o que se assemelha e o que se diferencia do seu mundo e do mundo real e adapte o que achar necessário.
  • Crie regras e características próprias. Um mundo precisa de ordem, se você vai criar um reino, determine as leis de hierarquia, sucessão ao trono, sistema de vassalos e etc. 
  • Determine como funciona a política, as fronteiras do reino, como é a vegetação do local, a geografia, a história e outros pontos centrais.
  • Crie uma cronologia para os eventos principais, não cometa “erros históricos”, como a menção da idade de um personagem ser alterada, evite “retcons”.
  • Inspire-se em mitologias que já existem, mas não as copie integralmente, reinvente os mitos e dê sua própria interpretação deles, algo que o deixe diferente.
  • Se você tiver dois ou mais seres sobrenaturais na sua história, veja o que funciona para cada um. Lembre-se: não é porque é ficção, que não precisa fazer sentido! É a verossimilhança que traz veracidade e convence o leitor.
  • Também funciona para fantasias urbanas. Ex: Em “Crepúsculo”, vampiros não queimam no sol. Explore e se inspire no que já foi escrito.

Dicionário:

Retcon: alteração de fatos previamente estabelecidos na continuidade de uma obra ficcional.

Bibliografia usada:

BARTHES, Roland. O rumor da língua. Prefácio Leya Perrone-Moisés; tradução Mario Laranjeira; revisão de tradução Andréa Stahel M. Silva. – 2 ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2004. – (Coleção Roland Barthes).

Quem somos?

Canal Luna Solis: Um canal do youtube de entretenimento, que fala sobre os mais diversos assuntos da cultura pop, desde livros, séries, filmes, animações e outros.

Link do canal: https://www.youtube.com/channel/UCA_ES8vsHIifBIH044Z9YyA

Redes sociais: 

Instagram: @canallunasolis ; Twitter: @CanalLunaSolis

As Apresentadoras:

Laura Zacca: Jornalista formada pela UFMA, apresentadora, roteirista e editora do Canal Luna Solis, e escritora da história “A Piromante de Lumiére”.

Redes Sociais:

Instagram pessoal: @laura_zacca95 ; Twitter: @laura_zacca

Instagram literário: @apiromante_lumiere ; Twitter: @CassidyIvy

Artemisa Lopes: Jornalista formada pela UFMA, apresentadora, roteirista e editora do Canal Luna Solis, e escritora da história “Território de Fúria”.

Redes Sociais:

Instagram pessoal: @artemisalopes_ ; Twitter: @artemisalopes_

Instagram literário: @teritoriodefuria ; Twitter: @teritoriodefuria

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