Especialistas dizem que diariamente passam pela nossa cabeça pelo menos sessenta mil pensamentos. Não sei de onde tiraram isso, mas já li tal assertiva em diversos textos sobre desenvolvimento pessoal.
Dia desses, no momento de descanso, tentei determinar quantos pensamentos passavam pela minha mente no período de uma hora. Tentei três vezes, durante três dias consecutivos e não consegui ir muito longe. Nas três tentativas, dez minutos depois, às vezes até menos, entrava em alfa e logo em seguida em theta, o sono profundo. O bom dessa história é que, acidentalmente, acabei por descobrir um método eficaz de chamar o sono: substituir a contagem de carneirinhos, pela de pensamentos. Como diria minha saudosa mãe Tereza Mesquita, essa nova técnica para se conseguir dormir, é “mão na roda”. O sono chega que a gente nem se apercebe, e é um sono bom, leve tranquilo e rejuvenescedor. A gente até sonha!!
Até hoje não identifiquei qual a técnica que esses estudiosos encontraram para contar sessenta mil pensamentos sem se atrapalhar ou, agarrar no sono, como é meu caso. Não consigo chegar a dez, e já sou enlaçado por Hipnos, o deus grego do sono.
Quer saber uma outra coisa interessante que me aconteceu com essa história de contar pensamentos? É que, sem querer, passei a prestar mais atenção àqueles que assim, meio soltos, sem qualquer aviso ou identificação, me sobrevêm. E por prestar atenção, passei a ser mais seletivo. Os que não prestam, ou são sem sentido, mando-os logo embora. Ora, se não mando! São muitos. Alguns chegam ao mesmo tempo num barulho danado, mas vão logo embora. Tem outros, que ao contrário, chegam de mansinho e vão ficando, como se ali quisessem fazer morada. Esses são mais difíceis de mandar embora. Pode até demorar, mas se vão.
Bem, nessa história, como já foi possível perceber, aconteceu que conscientemente diante de um turbilhão de pensamentos, aprendi a filtrá-los. Posso até afirmar que “pensamento metido a besta” não tem mais vez comigo. Se for bom, fica! Caso contrário, como já disse, trato logo de expulsá-los. Não é uma tarefa fácil, mas aos poucos vou ficando um craque nisso. E assim, nessa labuta, passei a permitir que minha mente ficasse mais solta, mais livre, e não se perdesse mais em notas únicas.
São muitas descobertas pessoais a partir dessa história de contar pensamentos. Também descobri que eles, além de poderes; têm cores, cheiros e sabores, e tal qual as nuvens, costumam assumir diversas formas.
Pensamentos são assim, às vezes leves, às vezes pesados; geram garoas e tempestades, anjos e demônios. Geram choro, mas também geram risos. Bom também, são as viagens que a gente consegue fazer sem sair do lugar.