domingo, 1 de dezembro de 2024

Uma breve reflexão sobre o papel da escola e do professor nas profissões do futuro.

Publicado em 17 de março de 2021, às 13:01
Foto: Site Control+Play

Márcia Castelo Branco – Administradora de marketing, mestre em educação, professora, escritora e membro da Academia Açailândense de Letras.

A velocidade em que acontecem as mudanças no mundo se acelera a níveis impressionantes, são transformações que vêm impactando o comportamento da sociedade, uma realidade que já era um prenúncio da tese que ficou conhecida como a Lei de Moore, criada pelo inventor do microchip, que preconiza que o poder de processamento de qualquer sistema computacional iria dobrar a cada dezoito meses.  (GESTÃO DO AMANHÃ 2018).

Na situação global atual, essas transformações acontecem em todos os setores desde os hábitos de vida aos modelos econômicos. As tecnologias estão cada vez mais presentes nas atividades dos seres humanos e se aplicam desde as atividades primarias até as mais complexas, interferem no cotidiano, na vida profissional, na ciência, educação e na economia. Os novos formatos de mercados com base na economia digital se apropriam dos antigos modelos de vida e transformam cada vez mais a vida humana.

O mercado de trabalho é o setor da sociedade mais atingido pelas constantes mudanças, sejam elas culturais, comportamentais ou tecnológicas, todas essas transformações, que são naturais para o progresso de qualquer sociedade, e toda evolução resultam em extinções de hábitos, métodos ou práticas, o que se refere ao surgimento de novas percepções, isso ocorrerá naturalmente no mercado de trabalho diante das importantes transformações no mundo do trabalho.

Diante dessa realidade, o governo britânico encomendou ao grupo Fast Future a pesquisa The Shape of Jobs to Come (A forma dos empregos que virão), um estudo com 486 participantes de 58 países em 06 continentes para elencar quais seriam as profissões dominantes nos próximos 20 anos. De acordo com a pesquisa, boa parte das profissões que se destacarão em 2030 ainda não existe nos dias atuais, ou seja, os jovens que hoje estão ingressando nas universidades irão trabalhar em profissões desconhecidas atualmente.

Já estamos vivenciando essas mudanças no cenário mundial, o processo contínuo de crescimento urbano que precede o crescimento populacional, a expectativa de vida que apresenta um número de idosos cada vez maior em todo o mundo, a popularização da ciência, o acesso à informação, tudo isso indicará os novos rumos para o mercado de trabalho nas próximas décadas.

No âmbito educacional, as escolas e profissionais da educação exercem papel fundamental para o ensino/aprendizagem dos jovens, visando ao desenvolvimento para o mercado de trabalho no futuro. Os processos educacionais, suas implicações e aplicabilidades neste contexto têm se tornado uma peça-chave para interação e socialização desses novos grupos e suas demandas diante das vastas transformações.

Ao longo dos anos, muitas mudanças ocorreram em virtude das TICs (tecnologias da informação e comunicação), e tendem a aumentar cada vez mais com a popularização da internet e, na medida em que isso for ocorrendo de forma que todos tenham acesso às tecnologias dentro e fora da escola, o que ainda não é uma realidade positiva ou abrangente na educação, que precisa contemplar essas necessidades e repensar suas políticas, espaços, comportamentos e práticas.

A ausência de tecnologias inovadoras nas escolas é uma condicional que implica diretamente na formação desse profissional do futuro, uma vez que as tecnologias já são uma realidade indiscutível no mercado de trabalho e nos processos de produção. Novas Tecnologias e suas aplicações vêm ocupando um espaço cada vez mais importante nos processos educacionais.

Há de se entender que este é um processo que demandará a interação de toda a sociedade, enfatizando que o papel da escola e do professor é de fundamental importância para uma melhor compreensão e preparação desses jovens para o mundo do trabalho, considerando que o papel da escola não se limita apenas em preparar os alunos para o mercado de trabalho e as profissões do futuro. A experiência escolar é um processo de formação e construção de comportamento desse indivíduo na sociedade, como bons cidadãos e bons profissionais.

Por esse motivo, é essencial que novas tecnologias de ensino estejam disponíveis como ferramnetas de aprendizagem, preparando os estudantes para o mercado de trabalho, onde as tecnologias e a robótica terão um papel insubstituível, uma vez que esse é um processo natural das transformações tecnológicas presentes neste século.

Como afirma (Moreira, 2000), na sociedade atual as TICs exercem influência a vários níveis nomeadamente na configuração de valores das atitudes, dos comportamentos sociais por que não são apenas novos meios de processar informação, mas também podem promover novas formas de pensar e de trabalhar e implicam novos modelos e regras para viver num mundo em contínua transformação.

O contexto escolar diante dessa realidade deve compreender que a sociedade atual está moldada por uma cultura digital, que se destaca pelo imediatismo e rapidez em que tudo acontece através da interconexão, o dinamismo e a aquisição de informação e conhecimento.

Ressaltando ainda a importância do uso dessas ferramentas, a presença e orientação do professor no ambiente de sala de aula é indispensável no papel de mediador da interação no processo de aprendizagem.   Na sequência da integração das TICs na escola, assiste-se também a uma alteração na relação pedagógica, que para Osório e Meirinhos (2006, citado por Flores e Flores, 2007) é decorrente da evolução das tecnologias de comunicação para “tecnologias interativas”, permitindo a criação de ambientes virtuais onde todos podem interagir com todos no processo da construção do conhecimento, defendendo assim a participação de todos nesse processo evolutivo das tecnologias no ensino.

Fica claro que o uso das tecnologias na educação deve ser pensando para trazer o aluno para o centro desse aprendizado, direcionado para a sua vida profissional em uma nova realidade de mundo. No campo das tecnologias avançadas como a robótica, a realidade virtual e a ciência, são temas que despertam o interesse dos jovens atuais, de modo geral a tecnologia robótica estuda o desenvolvimento de tecnologias já presentes nos computadores, softwares e que podem possibilitar a interação multidisciplinar através de recursos e matérias, como física e matemática por exemplo.

Por outro lado sabemos que ainda é um desafio para a educação romper as dificuldades existentes em todo o sistema educacional. O esforço em rever políticas educacionais vai além da urgência de mudança, o que dificulta uma evolução no ensino. A educação tem cometido vários erros na atualidade, isso limita o progresso desse jovem estudante diante de uma nova realidade de mundo, que demanda por profissionais futuristas, porém que estudam em escolas do passado.

Talvez esse seja o maior desafio da atualidade educacional, romper essa lacuna e disparidade entre a realidade do mercado de trabalho e a sala de aula. É preciso mudar com urgência nosso conceito de como a escola deve ser. Quando pensamos no futuro, fica claro que a escola ainda não tem um plano ou ainda não sabe em que focar ou em que investir, é preciso corrigir o processo de ensino, desconstruir o objetivo de apenas ensinar o aluno para passar de ano letivo.

Será que realmente estamos formando esses alunos para um mercado robótico e de inúmeras profissões que requerem conhecimento e desenvolvimento tecnológico, cognitivo, psicológico e inteligência emocional?

Será que nossos métodos e recursos tradicionais nos permitem desenvolver habilidades e identificar inteligências múltiplas?

Nossos professores estão preparados para desempenhar o seu papel de mediador nesse processo de transformação e transição histórica? Ou de representar uma das pessoas mais importantes, no papel de estabelecer os alicerces dessa sociedade moderna?

São questionamentos que nos levam a rever o papel da escola e do professor na formação dos novos profissionais para os novos modelos de mercado das próximas décadas.

 O professor Alex Beard de Londres na Inglaterra realizou um estudo em que incluiu mais de 20 países. Beard visitou escolas que desenvolvem ferramentas e métodos inovadores de ensino para enfrentar os desafios do século 21. A jornada deu origem ao livro Natural Born Learners, em que ele não apenas reúne os exemplos mais relevantes, como também reflete sobre quais devem ser as principais questões que a educação vai enfrentar nas próximas décadas.

Em uma entrevista para a BBC News Brasil em fevereiro de 2020, Alex Beard afirma que: “A criatividade, a capacidade de resolver problemas e a importância dos professores são os grandes desafios das escolas. E tudo isso em meio à grande incógnita de como lidar com novas tecnologias e inteligência artificial”,.

Ainda na entrevista Alex Beard reforça que “devemos transformar o professor em uma das pessoas mais importantes da sociedade. Porque, no fim das contas, são eles que vão moldar nossa criatividade, nossa coesão social, que vão estabelecer os alicerces que levam a criar uma economia forte e sustentável”.

Tudo isso nos traz um momento de reflexão quanto aos processos educacionais de nossa atualidade, suas condições reais e politicas que implicam de forma decisiva esse processo de transformação do ensino.

Contudo, é de nosso conhecimento que o mundo vive uma nova era onde a sociedade está impactada pelo avanço das tecnologias que nos revelam inúmeras transformações e melhorias, que este momento oferecem à sociedade moderna; novos conceitos de vida vêm surgindo, ano após ano. Por isso, a transformação precisa vir da educação, a base de construção de toda sociedade.

A educação é e sempre será uma resposta às necessidades da sociedade, da indústria, do mercado de trabalho, da economia, ou seja, em todas as camadas sociais a educação tem o seu papel. O momento em que vivemos, diante dos avanços tecnológicos, uma realidade inédita em todos os segmentos sociais, indústria, comércio, ciência que vêm passando por transformações profundas e que demandam por uma educação que também alcance essas transformações, que venham a atender às novas necessidades do mundo e da economia digital.

A inteligência artificial, a internet das coisas, ou seja, a linguagem computacional, os robôs e várias soluções que as tecnologias oferecem ao homem estão cada vez mais presentes em sua vida em todas as áreas, dinamizando e transformando, inovando a forma de vida, potencializando os produtos e serviços para o novo mundo em constante transição. Esse relato não deve ser uma realidade distante das instituições de ensino.

Por fim, podemos concluir, sendo possível afirmar, que o maior desafio da educação atual é de modo concomitante uma emergência, preparar alunos de hoje para as profissões do futuro.  Futuro esse que já é uma realidade que permeia a tecnologia como uma fonte de sustentabilidade nas relações pessoais e profissionais, no entanto as escolas devem contribuir para que os jovens sejam excelentes profissionais.

Referencias:

BBC News Brasil em 12 fevereiro 2020 – José Salibi Neto e Sandro Magaldi

GESTÃO DO AMANHÃ 2018). 4ª edição editora Gente São Paulo 2018

Moreira, M.A. (2000). Aprendizaje significativo: teoría y práctica. Madrid: Visor

Minhoto, P. & Meirinhos, M. (2012). Utilização de Wikis como recurso pedagógico. Comunicação apresentada na ieTIC2012, Bragança.

Revista Galileu – crédito:  Alexandre Affonso

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