sexta-feira, 23 de maio de 2025

A biblioteca como instrumento pedagógico no ambiente estudantil

Publicado em 2 de maio de 2025, às 8:43
Fonte: Laís Rocha, Vitória Guajajara e Camila Viana
Foto: Biblioteca Chico Mendes, Instituto Federal do Maranhão - Campus Buriticupu

Biblioteca escolar e sala de leitura são dois espaços que, à primeira vista, podem parecer semelhantes, mas possuem suas particularidades do ponto de vista técnico. De acordo com a lei da Universalização das Bibliotecas (Lei nº 12.244/2010), a biblioteca é um espaço que possui um acervo organizado de forma técnica, que fica sob a responsabilidade de um profissional formado na área, o que se diferenciar disso, pode ser caracterizado como “sala de leitura”.

O desleixo público com esses auxílios pedagógicos se torna visível com o Censo Escolar de 2025, concluindo que cerca de 63,2% das escolas brasileiras não possuem biblioteca ou sala de leitura, somando todas as redes de ensino. Alesandra Saraiva reflete que “as escolas públicas têm muitas salas de leitura e não tem um profissional bibliotecário. Normalmente é um professor que não pode ficar na sala de aula. Mas, também, é importante o trabalho do professor, porque eles fazem um trabalho cultural. É bem interessante as salas de leitura”. Bibliotecária há 15 anos na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) – Campus Imperatriz. A professora doutora Deivanira Vasconcelos complementa que:

Eu acho que os números são sempre muito pessimistas, né? De que as pessoas não leem, que não gostam de ler. Mas, também, isso tem muito a ver com a forma como a gente aborda a leitura. De repente, mesmo no ambiente escolar, as pessoas enviam um aluno para a biblioteca como se fosse um castigo”. Coordenadora de Biblioteca Escolar da Rede Municipal de Ensino de Imperatriz – Maranhão.

A biblioteca deveria ser, conforme a professora da rede estadual Maria de Fátima Araújo, como um “coração da escola“, pois ali reside todo o acervo didático e pedagógico da instituição. “Às vezes falam: ‘O aluno não gosta de ler’. Não é que ele não goste, a maioria não tem como comprar um livro físico“. De acordo com a educadora, as pessoas não leem porque não querem, mas sim, por não conseguirem acessar os materiais literários. Ela enfatiza que a “a leitura é cara”.

Uma biblioteca que vem se destacando no estado é a de  Chico Mendes do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) – Campus Buriticupu, tendo a Karen Bertoldo como bibliotecária. A técnica afirma que a biblioteca contribui para a educação dos estudantes principalmente como um espaço agradável, com materiais informacionais. “Com esse público, dessa forma, você consegue oferecer algo para que o aluno consiga um local agradável e com os materiais disponíveis”.

A biblioteca dispõe de um acervo de cerca de 18 mil livros, e possui uma estrutura bem completa. Contam com computadores para os leitores, uma biblioteca virtual, uma “mini biblioteca” infantil, que é um recurso para auxiliar principalmente os estudantes do turno da noite, que não têm onde deixar seus filhos. Além disso, foi inaugurado um espaço inclusivo. “A gente tem um teclado com as letras maiores, tem um fone topíssimo, para quem tem baixa escuta… Além dos 18 mil que eu falei do acervo, tem o acervo em braille também.”

Foto: Acervo pessoal – Karen Letícia Trindade Bertoldo

Na mesma proposta de democratizar a leitura e iniciativas, além da biblioteca, Alesandra relembra a “Parada Literária”, um projeto da UFMA – Campus de Imperatriz, IFMA e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que consistia em colocar um armário no Terminal de Integração Freitas Filho, ponto de encontro de diversas rotas rodoviárias entre bairros, da cidade de Imperatriz – MA, com todos os livros doados à universidade, que ficariam em desuso. “A pessoa poderia pegar, ler, levar pra casa, ficar ou devolver se quisesse”, explica.

Um espaço acolhedor, interativo e inclusivo como o de Chico Mendes, é um privilégio para poucos estudantes do Maranhão. As escolas que possuem bibliotecas têm muitos desafios para a implantação e sua permanência tanto de modo pedagógico como espaço de leitura. Um estudante do ensino fundamental relatou que “Minha escola nem se quer abre a biblioteca, a não ser que a gente peça um livro e logo após tem que devolver. Não tem como nem entrar nela, é um moço que fica responsável por pegar o livro que você quer, e olha lá”. Sobre o funcionamento destes locais, a coordenadora Deivanira esclarece que “se alguém da gestão for muito interessado nisso, ela [a biblioteca] funciona”.

Levando em consideração as possíveis dificuldades enfrentadas pelos leitores e frequentadores de bibliotecas e espaços de leitura, as profissionais entrevistadas ressaltam a importância da viabilidade da leitura. A coordenadora reforça que sua função não se resume apenas na criação de bibliotecas, mas na promoção de práticas de leitura e apoio para as escolas. Para o desenvolvimento de projetos é necessário uma parceria assertiva com a gestão de cada instituição. Ela aponta que têm muitos desafios “porque o nosso grande problema é a falta de consciência da importância [da leitura]”.

Ideia que se confirma com os dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro de 2024, que 53% dos entrevistados se declararam não leitores. A bibliotecária Alesandra Saraiva delibera sobre a importância da biblioteca e da leitura no meio social. “Quando a gente lê, quando a gente abre os olhos pra leitura a gente abre um leque de informações, você consegue ter o pensamento crítico, você consegue dar opiniões”. Compartilhando do mesmo pensamento, a educadora Fátima Araújo esclarece: “O povo letrado, meu bem, é um povo perigoso”.

Uma das estratégias desenvolvidas para o engajamento do uso das bibliotecas são os projetos de leituras e ações educativas de nível municipal e estadual. A biblioteca considerada como um instrumento pedagógico ainda é um processo lento e em construção. Não podemos deixar de resgatar a importância que é a leitura para a  formação dos alunos.  

Seja um leitor escolar,  literário ou científico, apenas leia. Segue alguns benefícios de como os espaços de leituras e os livros podem melhorar seu desempenho escolar em todas as disciplinas, não apenas em Língua Portuguesa:

  • Habilidades de argumentação e comunicação; 
  •  Raciocínio lógico;
  • Interpretação e conexão de saberes;
  • Capacidade de criação e produção de textos e conteúdos;
  • Desenvolvimento Cognitivo: A leitura estimula o cérebro, melhorando a memória, a concentração e a capacidade de análise e interpretação;
  • Melhora e amplia seu vocabulário;
  • Redução do Estresse: A leitura pode ser uma atividade prazerosa e relaxante e promove o bem-estar;
  • Encontro com leitores: clube de leituras ou estudo.

A seguir, apresentamos algumas sugestões para aqueles que desejam aproveitar uma boa leitura:

Livros clássicos Livros contemporâneos
Dom Casmurro – Machado de AssisOração para Desaparecer – Socorro Acioli
O Cortiço – Aluísio AzevedoMenina, desliga o celular! – Elyssa Friedland
Orgulho e Preconceito – Jane AustenA Seleção – Kiera Cass
Grande Sertão: Veredas – João Guimarães RosaCoraline – Neil Gaiman
Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de AssisO Pequeno Príncipe Preto – Rodrigo França

Reportagem produzida por acadêmicos do curso de jornalismo da UFMA, campus Imperatriz, como produto de ensino da disciplina de Leitura e produção textual II, coordenado pela professora Camila Viana, e publicado no site Região Tocantina, editado pelo professor Marcos Fábio  e diagramado por Eduardo Jorge.

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