quarta-feira, 23 de abril de 2025

ONDE ESTÁ A EDUCAÇÃO – REFLEXÕES, PROVOCAÇÕES E SUGESTÕES PARA UM NOVO MOMENTO SOCIOEDUCATIVO: CONSIDERAÇÕES PÚBLICAS SOBRE EXPERIVIVÊNCIAS PARTICULARES

Publicado em 27 de agosto de 2024, às 9:58
Fonte: EDMILSON SANCHES PALESTRAS – CURSOS – CONSULTORIA Administração (Pública e Empresarial) – Biografias – Comunicação – Desenvolvimento – História – Literatura CONTATO: [email protected] www.edmilson-sanches.webnode.page EDMILSON SANCHES Administrador público, consultor, jornalista, professor. Do Conselho Regional de Administração. Do Conselho Regional de Contabilidade. Da Academia Maranhense de Ciências. Do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Da Academia Panamericana de Letras e Artes. Da União Brasileira de Escritores (UBE-SP). Membro de Academias e Entidades dos Estados do Maranhão, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Estados Unidos. Autor de dezenas de livros nas áreas de Administração, Biografias, Comunicação, Desenvolvimento, Economia, História e Literatura. No Serviço Público, foi assessor da presidência da maior Instituição Financeira de Desenvolvimento Regional da América Latina e foi secretário e subsecretário de Desenvolvimento, Governo, Projetos Estratégicos, Comunicação e Cultura. Presidente de Honra de Conselho Municipal de Educação.
Imagem: FreePik Premium

RESUMO: Relato de experiências e reflexões acerca da autonomia do processo educativo, com visitas a memórias pessoais, à História Antiga e Contemporânea e exemplos de aprendizagem, de conhecimento, de cultura e de desenvolvimento.

ABSTRACT: Report of experiences and reflections on the autonomy of the educational process, with visits to personal memories, Ancient and Contemporary History and examples of learning, knowledge, culture and development.

PALAVRAS-CHAVE – Educação; Conhecimento; Memória; História; Desenvolvimento.

KEYWORDS – Education; Knowledge; Memory; History; Development.

  1. INTRODUÇÃO

Lembro-me bem  —  muito bem.

O Ginásio Duque de Caxias (do Projeto Bandeirantes) ficava, naquela época, em cima do Morro do Alecrim, o outeiro onde estão as icônicas ruínas do quartel de polícia mandado construir em 1840 pelo militar fluminense Luís Alves de Lima e Silva, então presidente e comandante das armas da província do Maranhão – e depois patrono do Exército Brasileiro (1962) e, de 1841 a 1869, barão, marquês, conde e finalmente duque de Caxias, em homenagem exatamente à cidade que fora um dos palcos principais da Balaiada, revolta popular e social que ele, Luís Alves, debelara.

A Escola estava sob o comando da professora Maria do Rosário Pereira Rosa, diretora, e da secretária Márcia Maria Moura. Terminadas as aulas de cada dia, nós alunos meninos púnhamo-nos a pé ora por uma, ora por outra das descidas do Morro,

________

* Caxiense. Consultor, palestrante, jornalista, administrador, contabilista, radialista, professor. Bacharel em Administração Pública; Licenciado em Letras; Pós-graduação e Aperfeiçoamento em Administração e Negócios (Fortaleza), Administração Pública (Brasília) e Comunicação e Desenvolvimento Regional (São Paulo). Pós-graduando em Docência do Ensino Superior. Membro do Conselho Regional de Administração e do Conselho Regional de Contabilidade. Membro de Academias de Letras e Institutos Históricos do Maranhão, Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Estados Unidos. Autor de dezenas de livros nas áreas de Administração, Biografias, Comunicação, Desenvolvimento, História e Literatura. Presidente de Honra do Conselho Municipal de Educação de Imperatriz (MA). E-mail: [email protected]

ainda não urbanizadas, todas elas arriscadas, cheias de piçarra, erosões nas encostas barrancosas e, no chão, mato e lixo, muito lixo. Em um desses itens de lixo, uma garrafa quebrada, inadvertidamente me feri, tendo levado um corte no “cabelouro” (tendão ou ligamento) do calcanhar de Aquiles, pouco acima do tornozelo. Um colega de sala, o Benedito Feitosa Neto, que morava ali perto, no Pé da Ladeira, levou-me às pressas em uma bicicleta até o Pronto-Socorro, aquele que ficava ali mais perto da Estação da Estrada de Ferro. Recuperei-me.

Creio ter sido em uma dessas descidas do Morro do Alecrim que achei um lápis e o levei para casa. A tinta da história desse lápis é uma das mais indeléveis que minha memória criança registrou, tão fundamente que até hoje dessa história não preciso fazer esforço para me lembrar, pois ela, como moldura e verniz, circunda e dá “tom” a muitos atos de minha vida…

  • O LÁPIS

Como era de hábito, quando eu chegava da Escola deixava o material em uma mesinha. Logo depois, Dª Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe (linda até no nome…), chegava, examinava os livros, os cadernos, espalhava levemente os lápis de cor, a caneta, os lápis… “Os lápis”, não! “O” lápis.

— De quem é esse outro lápis aqui, Edmilson?

— Achei na descida do Morro, mãe.

— Pois amanhã meu filho o devolva para a professora ou diretora, porque alguém perdeu esse lápis. Meu filho não precisa de dois lápis. Sua mãe é pobre, mas tem condição de comprar um lápis.

E, suavemente sábia e ternamente severa, encerrava a “conversa”:

— E não faça sua mãe ir à Escola para saber se MEU FILHO [mamãe carregava no “meu filho”] devolveu o lápis. Lembre-se: O que é seu, é seu; o que é dos outros, é dos outros.

Brincando e falando sério: Precisava de Escola quem tinha uma mãe zelosa assim? Precisava de outras aulas quem teve uma “criação” assim? (Isso no tempo em que “criação” era a verdadeira, original e natural Educação e significava, da parte da criança, ter temor a Deus, respeito aos mais velhos, obediência aos pais, dedicação aos estudos e — quando isso ainda não era “crime”…–, colaboração nos serviços domésticos e até realização de tarefas ou trabalhos para ajudar nas despesas da casa? Eu, por exemplo, com uma precoce inteligência, ali dos cinco, seis anos, a até os oito ou nove anos, vendia na porta principal do Mercado Municipal (hoje a Prefeitura) molhos de alface, cebolinha e coentro, plantados e colhidos por minha mãe e tias em canteiros de fundo de quintal e colocados em disposição dentro de uma bacia de alumínio. Após a venda, e autorizado desde a saída de casa, me dirigia para a banca do melhor mingau de milho (“chá de burro”) e do mais gostoso bolo “orelha”, de arroz, marronzinho, de abas ultracrocantes, feitos por Dª Teresa Capão, mulher sempre arrumadíssima, sempre cuidadosa, que se dirigia a mim  — um “cotoco” de gente, com aquela bacia levada às costelas –, e me atendia carinhosamente (ela e também uma auxiliar dela, moreninha). Era um paraíso degustar aquele mingau e aquele bolo!…).

  • EDUCAR É LEVAR O OUTRO A DESVELAR-SE

O processo de Educação é um processo de Comunicação. Como se sabe, em um processo de Comunicação há, no início, estimulado por uma necessidade ou um dever, o Emissor e sua Mensagem, e, no final, estimulado (ou não…) por um desejo, o Receptor e seu Feedback (o retorno ou resposta à emissão da Mensagem). No meio disso, há o Canal, o Código, o Referente, o Ruído…

Pois bem: No processo de Educação, independentemente do esforço e boa vontade do Educador/Emissor, da normalidade e qualidade da Mensagem, do Canal, Código etc., a Educação ou o Ensino ou a Aprendizagem só se dá com autorização… do Aluno/Receptor. A Educação é um ato de permissão do Aprendente – aquele que, primeiro, apreende e, logo em seguida, e se quiser, aprende.

Portanto, o ato (falho) de não aprender não é culpa do professor (ressalvados os evidentes casos de má didática, pouco domínio da matéria, inadequadas condições emocionais e coisa e tal).

Até a Etimologia e Filologia confirmam o protagonismo do ato de aprender, que é bem anterior, em séculos, ao ato de educar: “aprender” é verbo do século 13; “educar” só aparece no século 17, quatro centúrias depois.

Em um cabível exercício de pseudoetimologia, dir-se-ia que “aprender” teria origem no prefixo de negação “a-“ e, sem mais delongas, o verbo “prender”. Portanto, “aprender” equivaleria a “não prender”, ou seja, aprender é libertar-se.

Mas, repondo a verdade etimológica, “aprender” é verbo de bonita origem, verbo de cultura… e de cultivo. Sim, como tantos outras palavras, “aprender” também veio da Agricultura. Já viu ou ouviu falar na planta trepadeira hera, que vai crescendo se apoiando, se prendendo, em outro vegetal ou muro ou cerca ou barranco? Bingo! “Hera”, em latim, é “hedera”, que deu o verbo “hendere”, com o sentido de se agarrar em algo para crescer. Como a hera vai crescendo e vai pra frente, em latim “pra frente” escreve-se “prae-“ (ou “pre-“). E como a hera vai junto com ou junto a outra planta ou à cerca ou ao muro etc., a palavra “junto”, em latim, escreve-se “ad-“ ou “a-“. Assim, juntem-se “a-“ mais “pre-“ mais “hendere” e temos “aprehendere” (aprender), com o sentido (meu) de “agarrar (as informações, o conhecimento) e ir pra frente”.

Por seu lado, a palavra “educar”, mais “jovem” que “aprender”, está nesse mesmo ramo e rumo. “Educar” é verbo latino que vem de “ex-“ (ou “e-“), com o significado de “para fora”, e “ducere”, que significa “conduzir”. Ou seja: educar é “colocar”, “conduzir”, “botar”, “pôr” para fora. A mensagem do emissor, isto é, as aulas do professor, propriamente não ensinam, mas, sim, estimulam o receptor/aluno a, por sua decisão, colocar para fora os conteúdos potenciais que o habitam, que se juntam e se misturam aos conteúdos ou aulas ou mensagem do professor e nesse processo elaboram-se e reelaboram-se   —  e, como a hera, vai crescendo para a frente… Lindo, né? As palavras têm, mesmo, poder… No princípio era o Verbo…

Como se vê, Educação, como processo de aprendizagem, é um ato de o receptor “conduzir para fora”, e, como ato sociopolítico, é processo de estabelecer condições para que o receptor que aprende amplie sua criticidade… e deixe de ser “conduzido”.

Contribuir para que outro, consciente e criticamente, comece e mantenha seu desvelar-se é o sétimo céu da Educação / do Educador.

  • QUANDO A EDUCAÇÃO COMEÇOU A SE PERDER

Antigamente, em Roma, os reis ou imperadores tinham, em sua segurança, aqueles soldados enormes, geralmente mercenários, que infundiam “respeito” naqueles que tentavam se aproximar do governante máximo romano. Esses soldados e suas armas e armaduras não eram guarda-costas; eles eram, por assim dizer, guarda-laterais, pois ficavam ao lado do rei e, quando necessário, ambos, um à esquerda e outro à direita, faziam um “X” com suas lanças, à frente do rei, para avisar a um atemorizado visitante para que se mantivesse a determinada distância.

Por ficarem ao lado do rei, isto é, por estarem nas laterais de Vossa Majestade, os guarda-laterais se chamavam “lateronis”. Quando acabava o turno, os “lateronis” saíam, passavam por alguma feira romana e iam pegando nas bancas ou dos vendedores os produtos que lhes interessavam… sem pagar. Quem haveria de reclamar ante aquelas marras de homens brutos, mal-encarados, armados de espadas, lanças e sabe lá Deus o que mais? Abrir a boca, só se fosse para dizer: “ —  Seu soldado, pode levar essas frutas aqui também, são muito boas, os senhores vão gostar…”.

Os “lateronis” faziam isso porque eram maus… e porque estavam ao lado do Poder. Foi assim que a palavra “lateronis” teve seu sentido ampliado, seu significado deturpado, passando de “pessoa que está em uma posição lateral” para “pessoa que pega sem pagar”, “pessoa que rouba”. Aí, quando veio para a Língua Portuguesa, o latim “lateronis”, como é normal no processo de aportuguesamento, perdeu o “e” (ficou “latronis”) e, também natural no processo, o “t” virou “d”  —  ficou “ladronis”. Sim, “ladrão”.

É desse jeito, a partir de relações com o Poder / com a Política, que uma humilde palavra, que só queria estar ao lado de alguém, foi forçada a ser o que na origem não era  —  uma criminosa. Não é sem razão que os do Povo generalizam e chama de “ladrão” a tudo quanto é de políticos, a todos que estão nos Poderes…

A Educação começou a se perder quando, na origem, deixou de ser assunto de educadores para ser massa de modelagem de políticos. E sem essa de livrar a cara dos tais representantes do povo. As manchetes estão aí. A CGU (Controladoria Geral da União) relata isso. O TCU (Tribunal de Contas da União) registra isso. O MP (Ministério Público) denuncia isso. A PF (Polícia Federal) investiga isso. A Justiça (ah!, a Justiça…) às vezes julga e sentencia isso.

Recentemente, em janeiro de 2024, Justiça, Imprensa e até a Agência Brasil, do Governo Federal, denunciaram/divulgaram com merecido alarde o desvio, por prefeituras pobres do Maranhão, de nada mais, nada menos do que algo em torno de R$ 2 bilhões de reais, isto só da Educação, isto só do Programa de Educação de Jovens e Adultos, o EJA. Sem pena nem dó, os modernos “lateronis”  —  que estão não somente ao lado mas no centro do Poder —  mantém na pobreza educativa a terra em que nasceram, um Maranhão cuja Educação tem sofrido mais do que sovaco de aleijado em muleta nova, amargando uma taxa de analfabetismo de 12%, uma vergonha nacional, pois a média estadual do País é de 5%.

E nem ameniza o fato de, em qualquer ano que se pesquise, as denúncias e confirmações de desvios grassarem sem nenhuma graça por todo o País, a ponto de, em dezembro de 2016, o “site” do Senado Federal reproduzir que “70% DOS DESVIOS NAS CIDADES AFETAM A SAÚDE E A EDUCAÇÃO”.

Definitivamente, os recursos não estarão integralmente ao lado da Educação enquanto ladrões estiverem ao lado  — e no centro —  do Poder…

  • DEIXEM OS ESTUDANTES ESCORREREM POR ENTRE AS ESTANTES

Sou presidente de honra de Conselho Municipal de Educação e por anos fui secretário e subsecretário municipal de pastas como Desenvolvimento Integrado, Comunicação, Cultura, Governo e Projetos Estratégicos de cidade quatro vezes maior em Economia (PIB – Produto Interno Bruto) do que minha cidade natal, Caxias.

Na Secretaria de Cultura, eu tinha sob minha responsabilidade a Biblioteca Municipal. Depois de algumas visitas a essa Unidade da Secretaria, chamei a diretora e apresentei-lhe meu “mandamus”: tomasse ela providências para extinguir o  — ouso dizer —  ridículo sistema de atender em balcão às solicitações dos alunos e, retirado o balcão, deixar os estudantes e outros consulentes fluírem por entre as estantes e tatearem lombadas, acariciarem capas, entreabrirem páginas… Claro, estando os funcionários atentos para um auxílio, uma orientação, um cuidado no manuseio…

Instrumento auxiliar do processo educativo, uma biblioteca não pode erguer um muro entre ansiosos olhinhos e mentes e os objetos dessa ansiedade, os livros. Se há itens bibliológicos que exigem mais cuidado ou refinamento em seu manuseio, como edições raras ou antigas, livros mais desgastados, mapas, fotografias e outras peças, que sejam esses itens guardados em acervo à parte, para manipulação apenas com acompanhamento e com as devidas precauções tão comuns (máscara, luva, adequado ambiente e iluminação etc.).

Com alguma alegria contida, verifiquei que, quase trinta anos depois, a biblioteca pública municipal de Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, ainda mantém estudantes e estantes lado a lado, ou melhor, frente a frente, só intervindo os servidores quando os alunos e outros pesquisadores os solicitam. Uma nota de orgulho: a biblioteca pública municipal imperatrizense leva o nome do caxiense Osvaldo Ferreira de Carvalho, meu ex-professor, meu conterrâneo e sempre amigo, falecido lá na “Princesa do Tocantins”, onde formou gerações como docente universitário.

Essa experiência, de deixar navegar por entre as estantes os estudantes, tem também sua gênese em Caxias: quando eu estudava o Ensino Fundamental no “colégio do Dr. Marcello Thadeu de Assumpção”, o Coelho Netto, e no Duque de Caxias / Bandeirantes, sempre frequentei a Biblioteca Pública Municipal caxiense, que ficava ali na Rua Aarão Reis, em prédio de dois pavimentos: embaixo, as estantes carregadas de livros; e, no pavimento superior, mesas e quadros de pinturas. Está aí, ainda vivo e lúcido, aposentado em Teresina (PI), o bibliotecário da época, o Inocêncio Gomes, morenão empertigado, todo perfumado, bem vestido, na panca.

Ao lado da Biblioteca, bem na esquina e no mesmo prédio, havia um apertado e bem frequentado ponto de venda da antiga FENAME, a Fundação Nacional do Material Escolar, que vendia livros grandes a preços pequenos e cadernos grossos a preços delicados. Por trás, no beco que une à Rua Dr. Berredo, havia um escritório onde todo mês eu ia buscar gratuitamente exemplares do “Jornal do Mobral”. Papel com letras, quase nunca eu dispensava…

Então, na Biblioteca caxiense, não havia qualquer restrição para qualquer um que entrasse naquele temp(l)o. Nada de pedir um livro (a não ser como orientação): eu pelo menos entrava, acariciava, manuseava e lia exemplares das enciclopédias “Delta Júnior”, a “Delta Larousse” de capa marrom, mais antiga, a “Delta Larousse” de capa verde-claro, mais recente; o “Tesouro da Juventude”; a coleção de Monteiro Lobato; os “Irmãos Corsos”, de 1844, de Alexandre Dumas; as “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de 1870, e outras obras de Julio Verne…

Quem diria que a criança que ali estava autonomamente aprendendo anos mais tarde estaria aquilo mesmo aplicando, “ensinando”, orientando, aperfeiçoando… Fluir por entre as estantes, voar por dentre os livros…

Educação (também) é isso.

  • BRASIL, MEU PAÍS, BERÇO ESPLÊNDIDO

— “O vértice da Humanidade será o Brasil”.

Disse Walt Whitman (1819–1892), jornalista, poeta e ensaísta, nascido nos Estados Unidos.

— “A civilização superior do amor nascerá no Brasil”.

Quem disse foi Rabindranath Tagore (1861—1941), poeta, romancista, músico e dramaturgo, nascido na Índia.

— “O único lugar onde a Justiça e a Liberdade poderão aflorar juntas é o Brasil”.

Quem escreveu foi Jacques Maritain (1882—1973), filósofo, pedagogo, escritor e diplomata, nascido na França.

— “Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”.

Quem ouviu dizer isso foi Vladimir Maiakovski (1893—1930), o grande e revolucionário poeta e dramaturgo, nascido na Rússia.

— “Brasil, o país do futuro”.

Esse e/terno “carimbo” acerca do nosso País é das mãos e mente de Stefan Zweig (1881—1942), escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo, nascido na Áustria.

Brasil tem de continuar a ser um berço esplêndido para nele se nascer, mas não para nele, terna e eternamente, ficar-se deitado… Pois o que tem que movimentar-se é a Nação, a gente. O Território, esse há de continuar fixo, sustentando os passos e passadas de um Povo que tem desejo  — e deveria ter pressa —  de chegar à justa condição que há muito lhe foi reservada e ainda não foi conquistada.

O que deu nessa meia dezena de grandes humanistas de todo o mundo para acreditarem tanto em um país que não era o deles? O que falta em nós para transformarmos em realidade o que outros desejaram em sonhos e palavras?

E o que Educação tem a ver com isso?

  • CONHECIMENTO, RIMA  — RICA — DE DESENVOLVIMENTO

Imagine dois países. O primeiro, com vulcões ativos, tufões, maremotos, terremotos, solo infértil, irregular, e subsolo rico. O outro, sem vulcões, sem maremotos nem terremotos, solo fértil (onde, “em se plantando, tudo dá”), subsolo riquíssimo. Alguém que tivesse dinheiro disponível, iria investir em qual desses países?

Em princípio, a resposta para a pergunta do primeiro parágrafo é a de que se deve investir no segundo país, que está melhor dotado em termos de características naturais, sem as “asperezas” edafológicas (solo) e sem os sobressaltos climáticos e atmosféricos do primeiro país, onde, aparentemente, o investimento parece não assegurar o retorno.

Pois bem. Com todas as pré-condições contrárias listadas no início, o primeiro país atingiu altíssimo nível de desenvolvimento. Aquele país é o Japão. Com as melhores pré-condições naturais, o segundo país  — o Brasil —  ainda não conseguiu entrar para o clube dos países desenvolvidos. O Brasil, territorialmente, é mais de vinte vezes maior que o Japão. Tamanho é documento?

E por que a República Federativa do Brasil ainda não chegou “lá”? Qual foi o elemento diferenciador entre um e outro país, a ponto de o Japão ser considerada a terceira maior economia do mundo e o Brasil ainda ser tratado como uma nação de terceira categoria, isto é, de Terceiro Mundo?

A diferença reside no mesmo elemento, aliás, no único elemento que pode fazer toda e qualquer diferença na face da Terra e em qualquer parte do Universo: a pessoa, o ser humano.

Em termos de negócio, a nossa cultura nos remete logo para pensarmos e falarmos a língua do pê (P): PREÇO, PRODUTO, PATRIMÔNIO, PRAÇA (ou PONTO-DE-VENDA), PROCESSO. Não priorizamos o “P” de PESSOA.

A Pessoa é o único elemento da natureza que pode criar uma “outra natureza”: a CULTURA. Cultura é a intervenção do ser humano na natureza. Por exemplo: quando corta uma árvore e a transforma em móvel, quando lapida uma pedra e a transforma em objeto cortante ou em joia, quando transforma o barro em tijolo, o couro em vestuário, a lã em cobertor, o ser humano está fazendo cultura, pois (inter)feriu (n)a natureza: a pessoa tirou as “coisas” do seu estado natural e, mediante seu conhecimento, sua habilidade, deu a elas uma nova forma, um outro uso ou utilidade, uma diferente característica. No princípio, tudo era “natura”; com o homem, veio a “cultura”. E, com a evolução do fazer cultural, apareceram as relações de Poder.

No início, tinha poder quem era forte, fisicamente falando. O poder estava na FISIOLOGIA da pessoa. Isso era natural, melhor, vital: o ser humano primitivo tinha de dispor de boa compleição física e força suficiente para ir à luta, à caça de animais cuja carne lhe fornecesse alimento, a pele, vestimenta, e os ossos, peças de utilidade doméstica ou bélica.

Com a evolução, o poder se transferiu para as relações de consanguinidade. Se alguém era filho de rei, um dia monarca também seria. Portanto, o poder era transferido pela HEREDITARIEDADE, passava de pai para filho.

Depois, veio o CAPITAL, o dinheiro. O poder é daquele que domina os meios de produção. Com dinheiro, compram-se ou fabricam-se até mesmo outras formas ou símbolos de poder  — poder político, por exemplo.

De uns tempos para cá, está tomando ou dividindo os espaços de poder um outro elemento: o CONHECIMENTO. Quem tem conhecimento, tem poder.

O conhecimento é um poder com características muito especiais: é intangível, ou seja, não se pega, não se vê; não há a garantia de que se transfere de pai para filho, como no poder hereditário; e, tampouco, pode ser comprado pelo capital (nada assegura que um beócio com rumas de dinheiro chegue a sábio).

O conhecimento não está, pois, na aparência, na exterioridade.

O conhecimento, como grande “arma” do desenvolvimento, é “uma porta que só se abre por dentro”. Só a própria pessoa, apenas ela, decidirá se quer desenvolver esse poder. Só o ser humano dirá quando, como, onde, por quê e para quê.

  • CONCLUSÃO

O lápis que minha mãe mandou devolver… A educação como ato de autopermissão… Os desvios deseducativos  — e criminosos —  do Poder… A liberação, nas bibliotecas, para estudantes navegarem entre rios de estantes… As palavras de crença, desejo e esperança de estrangeiros sobre o nosso País… As pré-condições nefastas de um território que não impediram um povo de ser educado, grande e rico e, do outro lado, as condições fartas e férteis que não foram suficientes para desinfelicitarem um povo alegre, humano e trabalhador…  – tudo isso e muito mais têm a ver com a Educação. Sem “ismos” nem polissilabismos. Sem o cansaço de textos tecnoburocráticos feitos para ilustrarem currículos de autores e não modificarem em nada a situação de alunos.

Educação! Educação! Quantas injustiças se cometem em teu nome!…

Educação, onde estás?

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