A Psicologia Positiva não é mais uma abordagem teórica em psicologia, mas, trata-se de um movimento que tem como objetivo complementar o conhecimento já existente sobre transtornos, psicoterapias e cuidados de saúde mental, características individuais positivas, emoções positivas, sobre o funcionamento saudável de pessoas, grupos e instituições. Não se trata de uma abordagem teórico-metodológica, mas, de um movimento que busca enfatizar o que há de positivo no ser humano. Se queremos produzir transformação na vida do sujeito, há que se focar na potência de modo a equilibrar pontos de fragilidade. Focar na fragilidade, de acordo com esse movimento, só irá aprofundar a vulnerabilidade do sujeito. A Psicologia Positiva tenta responder “o que há de certo com as pessoas”, ou seja, quais são as características positivas que elas já têm e que podem ser ampliadas e aprimoradas.
A felicidade e o bem-estar , o que faz a vida valer a pena, são perguntas que acompanham os seres humanos ao longo de sua história. Grandes pensadores, filósofos antigos, já discutiram e apresentaram suas ideias sobre a felicidade. Apesar do grande interesse sobre a temática, ainda é difícil definir o que é felicidade. A verdade que sabemos sobre a felicidade é que trata-se de um fenômeno que pode ter múltiplos significados para diferentes pessoas. Na psicologia de modo geral a felicidade é o que chamamos de experiência subjetiva. Pensar a partir dessa chave interpretativa, significa que não é possível medir a sua felicidade pela régua do outro. Isso significa que nós é que definimos, nós é que entendemos o que é a felicidade para cada um de nós.
Em geral, nossa vida é tão ocupada pela busca de uma manutenção ou estabilidade financeira e pelo cultivo de nossas habilidades intelectuais e cognitivas que esquecemos de cultivar nossas emoções. Vivemos uma vida corrida, fazendo malabarismo com uma multiplicidade de papeis, cobranças e expectativas sociais, como num piloto automático. Apesar do piloto automático ser importante para a nossa sobrevivência é por causa dele que acabamos criando uma visão terceirizada da felicidade e acabamos esperando que ela venha de fora para dentro. A partir dessa lógica colocamos a responsabilidade sobre nossa felicidade ou infelicidade em algo ou alguém.
A felicidade a partir dessa concepção, nos leva às vezes a compreendermos que a felicidade é como se fosse uma ilha distante para a qual teremos que nadar exaustivamente para alcança-la e quando finalmente chegarmos seremos felizes para sempre. A felicidade definida a partir dessa noção de alegria é apenas um dos pilares do bem-estar. Essa experiência de alegria deve estar combinada a uma sensação de que a vida é boa, significativa e valiosa. Uma vida feliz implica em uma percepção de que a vida é significativa apesar das experiências dolorosas pelas quais passamos ao longo de nossa história. Compreender e aceitar que as emoções dolorosas são um componente da vida é o primeiro passo para vivermos felizes. A verdade é que a gente pode ser feliz com aquilo que nos falta, com a angústia, com a solidão, com a tristeza, com os sentimentos de frustração, uma coisa não exclui a outra. Felicidade é uma questão de escolha, portanto, escolha ser feliz a cada dia, não uma felicidade idealizada, mas, uma felicidade que comporta a vida naquilo que ela tem de melhor e de pior.
Referências
Seligman, M. E. P. (2011) Florescer: Uma nova compreensão sobre a natureza da felicidade e do bem-estar (Flourishing: A new understanding of the nature of happiness and well-being) (C. P. Lopes, Trad.). Rio de Janeiro: Objetiva.
Seligman, M. E. P.(2004) Felicidade Autêntica: Usando a nova Psicologia Positiva para a realização permanente (Authentic Happiness: Using the new Positive Psychology for permanent accomplishment) (N. Capelo, Trad.). Rio de Janeiro: Objetiva.
Barros, R. M. A.; Martin, J. I. G. & Cabral Pinto, J. F. V. (2010) Investigação e prática em Psicologia positiva. Psicol. Cienc. Prof., 30(2): 318-327. t