Imagine um mundo onde mulheres são obrigadas a manterem uma gestão vinda de um estrupo. Poderia ser o Brasil amanhã, mas também é o enredo principal do livro “O conto da aia”, uma distopia escrita em 1985 por Margaret Atwood.
A obra clássica, que também se tornou uma premiada série de TV, voltou aos tópicos com a votação da PL 1.904, que propõe equiparar o aborto ao homicídio. Não demorou muito para que a história do livro fosse comparada à realidade em que o nosso país se aproxima cada vez mais, em mais um momento de ataque aos direitos das mulheres.
“O conto da aia”, apesar de ter sido escrito há mais 40 anos, parece mais atual que nunca. No mundo descrito por Margaret Atwood, as mulheres perderam direitos básicos: não podem ler, escrever, votar, falar sem permissão, trabalhar fora, ou receber qualquer renda que não venha do marido; e a mais grave de todas: ser constamente vítimas de abuso sexual, com o propósito reprodutivo.
No livro, o mundo vive uma grande crise de natalidade, onde grande parte dos homens e das mulheres se tornam inférteis, e assim surge a república totalitária e fundamentalista cristã, Gilead, que escraviza as poucas mulheres capazes de gerar filhos. Para engravidarem, as aias são submetidas a constantes abusos sexuais.
E como a vida imita a arte, ou vice e versa, na obra de Margareth, muitas mulheres contribuíram e votaram a favor da ascensão de um governo que as proibiu, logo em seguida, de ter qualquer voz. Uma ficção que parece cada dia mais uma profecia.
Por isso, é uma ótima leitura para quem busca refletir mais sobre direito das mulheres, sobre o significado de projetos de lei como a PL do aborto, ou para aqueles que apenas querem uma leitura de qualidade. O conto da Aia preenche todos os requisitos.