Sempre quis saber o porquê, de Aurelius Augustinus Hipponensis, ou simplesmente Santo Agostinho ser tão aclamado pelos teólogos e citado por muitos como um dos doutores da Igreja. Sabia, assim por alto, que ele é considerado uma figura icônica do Cristianismo e muito respeitado pela teologia católica por ser fundador e o mais importante nome da filosofia patrística, a que fundamentou doutrinalmente as bases teológicas do Cristianismo, e só.
Pois nesses quatros dias de Carnaval pude conhecer mais um pouco sobre a trajetória desse santo católico. Fi-lo pelos olhos, pesquisa e texto de Huberto Rohden que me conduziu literariamente pela história dos descaminhos e caminhos do sapiente filho de Santa Mônica.
Pensador e filosofo Huberto Rohden, nasceu em 1893 no Estado de Santa Catarina, e morreu em São Paulo em outubro de 1981. É autor de mais de cem obras entre elas, Agostinho, um drama de humana miséria e divina misericórdia, livro que me acompanhou nos dias de folia momesca. Rohden é apontado como o precursor da literatura espiritualista. Dele também já li o maravilhoso Metafisica do Cristianismo.
Pois em Agostinho, um drama de humana miséria e divina misericórdia, faz-se conhecer um pouco do que foi a movimentada vida desse Santo Católico. Do nascimento à vida profana em Tagaste e Cartago (regiões onde se situam a Argélia e parte da Tunisia) , onde viveu os prazeres e desprazeres da carne, além de, antes da conversão ao Cristianismo, quedar-se pelo Hedonismo, Ceticismo e Maniqueísmo, influentes filosofias/religiões de sua época.
Agostinho, segundo Huberto Rohden, antes da iluminação cristã, chegou a ser um dos arautos do Maniqueísmo, a religião do conflito cósmico entre o reino da luz e o das sombras, do bem e do mal. Foi assim até, já na casa dos 30 anos de idade, para alegria e prazer e emoção da mãe, cristã-católica , que por aquilo rezava desde que o menino se entendeu por gente, se converteu terrivelmente ao Cristianismo, se filiando à Igreja de Roma.
Huberto Rohden relata a história de Agostinho, mas não deixa de luxuosamente como diria meu amigo radialista Jerry Alves, entre um parágrafo e outro, florir a pegada de homem de literatura e de pensador que foi.
Uma beleza descrição que o autor faz do lugar de nascimento de Agostinho, ocorrido em 13 de novembro do ano 354 da Era Cristã. Ele assim se refere “ No topo duma das colinas arredondadas que circundam o planalto de Tagaste, verdejava farto vinhedo, por detrás do qual alvejavam os muros duma casa modesta, onde residia o casal Patrício-Mônica” Quem não queria ter nascido num ambiente assim tão bem descrito, não é mesmo?
Entre a narrativa dos principais episódios que marcaram a vida de Agostinho, permeia a veia literária e de pensador do autor. “Nenhum homem se torna o que não é” escreveu ele.
Além da conversão ao cristianismo, ocorrida aos 33 anos, quando foi batizado e catequizado por Santo Ambrósio, aconteceu uma outra importante, na linguagem de hoje, virada de chave na vida de Agostinho, pouco difundida e explorada. É que até os 12 anos de idade, conforme Rohden, ele era averso aos livros, por conta dos maus tratos de alguns professores que teriam traumatizado o menino com castigos físicos, até que o garoto enamora-se, apaixonar-se delirantemente pelos clássicos da época. O autor deixa a entender que o Agostinho se encontrou no universo da literatura/leitura e lia tudo que via pela frente. “E quem descobre o EU descobre a chave para todos os universos… Grande era sua fome de saber-maior ainda sua sede de amar” definiu.
Agostinho chegou a casar, casamento do qual foi gerado um filho, Adeodato, que morreu aos 15 anos de idade. Mesmo assim, e tendo se relacionado com várias mulheres, um escritor renomado chamado Papini chegou a insinuar ser ele homossexual, no que Rohden o defende
“Dificilmente, o homem pervertido contaminado no profundo manancial das suas energias vitais e das suas potências criadoras chegará a construir algo de grande e notável para a humanidade-seja no campo intelectual, seja no terreno social, seja na esfera espiritual”
Agostinho, um drama de humana miséria e divina misericórdia é um livro cheio de beleza. A obra é enriquecida pela erudição do autor que não deixa de pontuar, diria, sua compreensão sobre a caminhada de Agostinho homem que “ Grande era a sua fome de saber- maior ainda sua sede amar”
A trajetória de Agostinho contraria a lógica segunda a qual “pau que nasce torno nunca se endireita” e tem muito a ensinar. Caminhou por vários caminhos, diversos vales, se deparou com diversos ramos do conhecimento, leu muito, viveu muito o amor eros até se capturado pelo Ágape, o amor da misericórdia de Deus.
Agostinho de Hipona morreu com 76 anos de idade (no ano 430), Depois de “perder” sua mãe, voltou para a África, onde fundou uma comunidade cristã ocupada na oração, estudo da Palavra e caridade. Isto, até ser ordenado Sacerdote e Bispo de Hipona, santo, sábio, apologista e fecundo filósofo e teólogo da Graça e da Verdade.
3 respostas
Ja vi o filma da vida de Santo Agustinho. Interessantíssimo! Sua mãe lutou por quase 30 anos, pela conversão do filho e do Marido. Uma linda história de conversão e amor a Deus!!
Um legado digno de reflexão.
Brilhante ilustre amigo Confrade
Obrigado, estimada Maura Luza.
Valeu o incentivo