sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Resenha: Homem-Aranha Através do Aranhaverso (2023)

Publicado em 11 de novembro de 2023, às 16:37
Fonte: Gabriel Neres – Jornalista.
Imagem fornecida pelo autor.

Gwen Stacy, a Mulher-Aranha da Terra-65, é caçada por seu próprio pai, o capitão George Stacy, por supostamente ter cometido um assassinato. Durante o ataque do Abutre feito de papel, pertencente a uma Terra Renascentista, Gwen é desmascarada na frente do pai e, chocada por ele tentar prendê-la mesmo assim, decide fugir ao lado de Miguel O’Hara (Homem-Aranha 2099) e Jessica Drew, uma outra Mulher-Aranha de outro universo.

Enquanto isso, em algum lugar do multiverso, Miles Morales se estabeleceu há um ano e meio como o único Homem-Aranha de sua Terra, enfrentando vilões, salvando pessoas e tentando equilibrar os deveres de super-herói com a vida pessoal, um dilema comum de Homem-Aranha. Ele está prestes a encarar seu maior desafio quando conhece o Mancha, um vilão capaz de criar portais e viajar entre dimensões.

Homem-Aranha Através do Aranhaverso (Spider-Man Across The Spider-Verse, 2023) é a continuação do premiado filme Homem-Aranha no Aranhaverso, de 2018, que trouxe um estilo de animação único e uma renovação ao personagem, tornando o veterano Peter Parker como mentor (ou quase isso) de um inexperiente e confuso Miles Morales, além de apresentar outras versões alternativas do Homem-Aranha.

Nesta sequência, a animação está ainda melhor, trazendo estilos diferentes para retratar outros personagens e os mundos a que pertencem, além de transições fluidas de cenários. A Terra-65 da Gwen-Aranha, por exemplo, reflete o estado emocional da personagem, borrado como tinta em papel, misturando tons de roxo, rosa e azul.

É possível dizer que existem dois filmes dentro de Através do Aranhaverso. A primeira parte lida com a ameaça do Mancha, um vilão mais poderoso do que aparenta, porém tão desastrado que é difícil de ser levado a sério, sendo diminuído como o vilão da semana. Sua habilidade de criar portais gera momentos únicos e bem divertidos, além de sua origem estar ligada a um evento aleatório ocorrido no primeiro filme. A partir do momento em que ele descobre que pode viajar entre dimensões, a ameaça se torna multiversal, o que nos leva à segunda parte do filme.

Miguel O’Hara, o Homem-Aranha 2099, é o líder de uma sociedade de Homens-Aranhas que lida com ameaças multiversais e que podem ferir o cânone daqueles mundos. Infinitas versões de Homens-Aranhas aparecem em tela ao mesmo tempo, o que é um deleite para os fãs por reverem algumas versões familiares, e também mais uma demonstração do aprimoramento de animação entre um filme e outro.

Entretanto, essa mudança de cenário deixa o Mancha de lado, praticamente esquecido como uma ameaça multiversal, criando um grande problema para o final, pois nenhuma das tramas é fechada no filme em prol de uma sequência já anunciada.

Além disso, o papel dos infinitos Homens-Aranhas é reduzido ao preenchimento de tela. Se fosse um videogame, seriam chamados de NPCs (non-playable characters, ou personagens não-jogáveis), não apresentando personalidade ou características marcantes além do “o Homem-Aranha precisa ser engraçado”. Com exceção do Punk-Aranha, que apresenta traços mutáveis e combinando com sua personalidade anarquista e caótica, que gera momentos engraçados; Miguel O’Hara, um Homem-Aranha mais sisudo e amargurado; a Gwen-Aranha, que atua como co-protagonista do longa; e o Peter B. Parker, o mentor de Miles no primeiro filme, que retorna com uma filha.

Homem-Aranha Através do Aranhaverso é uma ótima animação que, infelizmente, não amarra as pontas para o final, deixando a tarefa para o próximo filme e evitando que esta seja uma aventura redonda igual ao primeiro longa-metragem. Vale muito a pena assistir, tanto pela qualidade técnica quanto pela diversão.

2 respostas

  1. Bem interessante este texto. O Homem Aranha tem toda essa dimensão projetada no curso desta nataboljosa descrição. Parabéns ao autor.

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