domingo, 1 de dezembro de 2024

ACREDITE (Prefácio ao livro “Acredite – Seja Protagonista da Sua História”, de Luiza Rocha Queiroga, Imperatriz – MA, 2022)

Publicado em 10 de outubro de 2023, às 5:59
Fonte: EDMILSON SANCHES é membro da Academia Maranhense de Ciências, do Conselho Regional de Administração, do Conselho Regional de Contabilidade, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Internacional de Literatura Brasileira (Estados Unidos), do Instituto Histórico e Geográfico e Academia de Letras de Caxias, e de Academias de Letras dos Estados do Maranhão, Pará, Espírito Santo e São Paulo.
O livro “Acredite”, de Luiza Rocha Queiroga.. Imagem: Edmilson Sanches.

Não há coisa mais excelente, nem mais bela, do que marido e mulher governarem a casa em perfeita concordância de intenções; os inimigos roem-se de inveja, os amigos exultam de prazer, e, mais que tudo, indizível é a satisfação que os esposos sentem!” (Odisseia, VI. Homero, século 9 antes de Cristo.)

Se ainda não se tem certeza da existência real, histórica, de um poeta chamado Homero, se ele nasceu grego ou babilônio, ítaco ou jônio, das obras em seu nome – como a Ilíada e a Odisseia — tem-se-nas como muito bem estabelecidas. Por exemplo, as palavras da Odisseia, acima, decorridos quase três mil anos, ainda mantêm seu verdor, viço, vigor. Devem ter se referido a situações de há trinta séculos da mesma forma como parece está servindo para algumas passagens marcantes deste livro de Luiza Rocha Queiroga – Acredite!. Leiam-se, logo no capítulo 2, os trechos abaixo, e, se retirássemos o nome de Homero do excerto acima, pareceria que o comentário se refere a estas passagens descritas por Luiza:

“Na casa dos meus pais, desde a divisão de tarefas, do cuidado com os filhos, do respeito um pelo outro e, acima de tudo, a cumplicidade e a comunicação prevaleciam a todo momento. Bastava um olhar, ou, ao menor sinal, meu pai já estava pronto para manter o bem-estar da minha mãe.”

[…]

“É difícil encontrar um homem nascido em 1905 que colabora em todas as tarefas da casa, e quando eram convidados para alguma festa, se não tinham com quem deixar os filhos, se revezavam. Uma vez ele ia, outra vez ficava. Meu pai entendia que minha mãe tinha o mesmo espaço e direitos que ele.”

Acredite: Homero encontrou, consoante e escritinho, um exemplo para seu escrito. A empoderada Dª Moça e o ponderado Seu Chico Rocha, pais de Luiza Queiroga, nasceram um para o outro e ambos, com sua oikonomía, a administração da casa, “nasceram” para uma Odisseia. Aliás, como se diz, abaixo de Deus, é para os pais que Luiza devota e demonstra imensa gratidão: “O que acontece quando você nasce de um casal que viveu por cinquenta e dois anos – mais de meio século – o amor ágape, aquele que se doa, que é incondicional e que se entrega?” (Capítulo 2); “[…] quero agradecer, mil vezes, aos meus pais […]” (Capítulo 4); “Quanta gratidão aos meus pais eu carrego comigo […]” (Capítulo 6); “Nossos pais serão eternamente a nossa referência de vida” (Capítulo 8)

*

Histórias de vida sempre despertaram interesse, a partir do natural e humano desejo de saber algo sobre a existência alheia. Assim, vidas de santos e bandidos, de heróis e traidores, artistas e doutores e uma infinidade de gentes mais encheram cinemas, lotaram teatros e esgotaram tiragens de livros.

Mas, embora não haja estatísticas recentes (desconheço mesmo números anteriores), imagino ser óbvio que livros têm sido dedicados muito mais a contar histórias de homens do que de mulheres. Tenho a impressão de ser muito desigual, desproporcional, a quantidade de livros de/sobre homens em relação aos livros de/sobre mulheres. (Pesquisadores bibliográficos ficam devendo a confirmação desta certeza impressionista).

Se já são em número inferior os livros biográficos sobre mulheres, menos ainda são os livros autobiográficos.

Com efeito, no geral, em termos de preferência pelo masculino, ocorre na indústria livreira o que corre na sabedoria popular: as mulheres, mesmo as grandes, eram para ficar antes, por detrás dos (grandes) homens  —  “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher” (não é o que repetem por aí?).

Mas, ora, ora, toda vida importa… E a mulher, que dá vida ao homem, parecia estar por este ofuscada  — senão deliberadamente excluída — em seu papel maternal, laboral, social, cultural e coisa e tal. Ter sua história passada a limpo em papel, nem pensar! Escrever a própria história, pior!

Então chegou – há muito —  a vez de a mulher contar ou escrever sua própria história. Pois como as mulheres, portadoras e nutridoras de homens, poderiam ficar invisíveis para uma História que não existiria sem elas? Como já escrevi: Uma coisa é você ter história; outra, é a História ter você.

Desse modo, dando depoimento, fazendo relato, relatando testemunho(s), ou escrevendo e organizando do seu jeito o que lhe vem ou vier à mente, a mulher não se sujeita às histórias e, na expressão marxista, torna-se ela própria sujeito da História, e da sua história – sujeito e predicado, substantivo e numeral, artigo e adjetivo, verbo e advérbio, conjunção e interjeição, e também pronome e prenome, preposição e proposição…  

Com seus livros autorais, a mulher sai da “sombra” e (se) declara e aclara, aclara e enriquece o registro dos tempos. Escrevendo e descrevendo(-se), a mulher traz vivência, testemunho, e, que nem seus iguais masculinos, também agrega ao texto autoridade e alteridade, pessoalidade e proximidade, vitalidade e verossimilidade.

Assim, no Brasil e em todo o mundo, um novo alfabeto editorial, um grande e consistente ABC literário e histórico veio se formando e vem-se firmando, entre biografias e autobiografias: o “A” traz, por exemplo, Agatha Christie, Angela Davis, Anita Malfatti e Anne Frank e seu diário;

o “B”, Björk, a cantora e compositora islandesa, e Brigitte Bardot;

o “C”, Carmen Miranda, Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector;

o “D”, Diana, a princesa inglesa;

o “E”, Eliane Brum;

o “F”, Frida Kahlo;

o “G”, Gisele Bündchen;

o “H”, Helen Keller e Hillary Clinton;

o “I”, Isabel Allende;

o “J”, Janis Joplin;

o “K”, Katharine Graham;

o “L”, Leila Diniz, Lena Dunham, Liv Ullmann e Lina Bo Bardi;

o “M”, Malala, Marie Curie, Marilyn Monroe, Marjane Satrapi e Michelle Obama;

o “N”, Nujeen, uma síria em fuga em cadeira de rodas;

o “O”, Oprah Winfrey;

o “P”, Patti Smith;

o “Q”, Quitéria, a santa e mártir portuguesa;

o “R”, Rita Lee;

o “S”, Simone de Beauvoir e Sophia Loren;

o “T”, Tina Fey;

o “U”, Ursula Andress;

o “V”, Verônica Giuliani, a santa;

o “X”, Xuxa Meneghel;

o “Z”, Zélia Gattai.

Essa lista, é claro, não é a mais representativa, tampouco  — nem de longe… —  a mais completa; é a lista de uns poucos livros que estão assim ao alcance dos olhos e das mãos, nas prateleiras de algumas estantes de uma biblioteca pessoal…

E ao lado dessas histórias de e sobre mulheres  — histórias de suportação e superação –, perfilam-se as personagens femininas de vidas e mundos menos conhecidos, mas de, mutatis mutandis, semelhantes interesse, importância e repercussão nos ambientes humanos a que se vincularam e dos quais são também agentes e usuárias. São mulheres “comuns” na especial arte de ser mulher.

Entre essas mulheres especialmente comuns e comumente especiais, singularmente plurais e pluralmente singulares, a “paraibense” (paraibana e imperatrizense, com muito orgulho) Luiza Rocha Queiroga.

Conheci Luiza, farmacêutica-bioquímica, e Miguel Queiroga, empresário, quando eles chegaram a Imperatriz (MA) na primeira metade da década de 1980. Eu já estava lá anos antes. Simples, educados, alegres, eram também workaholics, muito trabalhadores, ocupando-se em várias frentes, ela no laboratório de análises clínicas, ele em negócios empresariais e ambos no envolvimento com causas cidadãs, comunitárias, religiosas, solidárias  — Luiza conhece “a alegria de se sentir feliz com a felicidade do outro” (Capítulo 10).

Miguel sempre mais contido; Luiza, irradiando, transmitindo, propagando  —  espiritualidade, prestação de serviços, mãos à obra. Em seu nome, os três reinos da Natureza: Luiza, humana (animal); Rocha, agregado lítico (mineral); Queiroga (ou queiró), uma espécie de planta lenhosa, de até seis metros de altura (vegetal). E do — ou para o —  reino celestial, a fé, virtude teologal, com obras, esforço/reforço temporal, a que a “menina loirinha” de ontem se entrega, incansável. (Embora a própria Luiza admita: “Hoje reconheço que sou companhia, mas posso ser solidão; sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, preguiça e sono”).

 É a Luiza Rocha Queiroga desempenhando seus múltiplos papeis neste imenso e complexo teatro da Vida: uma hora ela é a filha devotada; outra, é a mãe preocupada; aquela outra, a amiga interessada; uma outra, a profissional empenhada; a fiel piamente submetida aos desígnios de Deus, a quem não se cansa de agradecer, pedir e esperar (“Pedi, e dar-se-vos-á […]” (Mateus 7:7)); e, entre “otras cositas más”, Luiza é a cidadã sadiamente indignada, consciente de que o conceito de família estende-se da célula-máter inicial constituída de mãe, pai e filhos e estende-se à cidade, ao país, ao planeta, ao Cosmos…

Este livro é fé e é família.

É pessoal e é casal (“O casamento feliz não pode ser medido pelo tamanho do brilho da festa” – Capítulo 15).

É confessional e intimista, é natural e realista.

É espontâneo, acessível. É espiritual e é crível.

É aconselhamento e aprendizado.

É motivação e ação.

É obituário para a perfeição, mas é receituário de esperança(s).

“Com asas dos anjos, voei alto”.

É Luiza quem diz.

Está escrito.

*

Parabéns, Amiga.

EDMILSON SANCHES

6 respostas

  1. Com grande alegria, recebi o “SIM” desse grande escritor Edmilson Sanches para Fazer o Prefácio do meu livro.
    Ele consegue descrever a minh’alma.
    Gratidão

  2. Queridos
    Luiza e Edmilson.

    Um misto de prazer e alegria invadem meu coração.
    Uma honra conhecer vocês e participar minimamente do trabalho.
    Um livro escrito para nós nos lembrarmos:
    Somos as crianças de Deus!
    Ele está presente em nossas vidas esperando nosso acordar.
    Muito obrigada.

  3. De forma incansável e, extremamente grata, eu tive a honra de ler do Prefácio do meu livro, escrito por Edmilson Sanches.
    Foi ele também quem fez a correção gráfica, tudo isso me proporcionou muita segurança para assim, publicar para o mundo essa obra que nasceu de um coração ardente de muita fé e esperança.

    Ao decidir ler, sei que você vai conseguir aprender a desfrutar muito mais da eterna proteção e predileção que Deus tem por cada um de seus filhos.

    Aguardem tem mais obra a caminho!

  4. Amiga Luiza, quero te parabenizar pelo esforço, coragem e determinação de transcrever em livro a sua vida de lutas, conquistas e vitórias.
    Que Deus continue contigo, abençoando teu feliz casamento e afamilia que formaste. Onde o Senhor habita a vitória é certeza. Parabéns!!!

  5. Parabéns amiga Luiza Queiroga, mulher, filha, mãe ,esposa, amiga do tempo da academia sempre dedicada , responsável e determinada em tudo que se propunha a fazer e executar e hoje não seria diferente, parabéns, sucesso e realizações, todo meu apreço.

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