O boto é considerada como uma das mais emblemáticas da região amazônica, ainda que desconhecida sua origem. O personagem Boto sedutor é registrado na escrita do naturalista inglês Henry Walter Bates, o próprio Bates aponta que a lenda não teria origem indígena, mas lusitânia. Porém, na lenda de Porominará, herói indígena do povo Baré amazônida, o boto vira gente para curar este herói, então houve uma apropriação ou uma diminuição na comparação direta por Bates?
Já a face de Dionísio, o Boto como a relação com o feminino e a sua sexualidade, a festa, o álcool, a música, a dança, atributos que encantaram Nietszche, em contraposição a Apolo solar e outras obras.
E para a relação Boto e Eros, a morada de Eros assemelha-se ao encante, habitat do personagem amazônico,espaço mágico ardonado de ouro, com muita fartura, para o qual o Boto leva as jovens das quais se agrada.
Um autor paraense chamado Paes-Loureiro resgata aspectos positivos do Boto, considerando que todo símbolo é ambivalente, ou seja, ao mesmo tempo iluminado e sombrio, a depender das experiências, ao afirmar que o Boto não abandona o filho que gerou. Nos lembra que, se algum filho de Boto morre afogado no rio se diz que partiu ao encontro do pai. Que quando as mulheres grávidas viajam em pequenas embarcações, os delfins amazônidas surgem e às seguem em busca do seu filho, advindo do mundo profundo das águas, das encantarias. Ou ainda lhe atribui a função da imagem do herói amoroso.
C.G.Jung (1927) já reafirmou que nossa alma(psique) cria realidade todos os dias, e essas realidades são criadas também na produção simbólica, e esses símbolos são criados a partir do que a alma, a pessoa, encontra no mundo material. Assim, a natureza, a geografia e a cultura moldam as expressões simbólicas do inconsciente pessoal e coletivo, então, na Amazônia a floresta, a fauna, a flora e a água e sua diversidade são fontes importantes da construção da alma amzônida.
O Boto como arquétipo do herói, do herói amoroso, é importante para referenciar, fundamentar e organizar a consciência individual e coletiva amazônida. Assim, o Boto compõe a alegoria dos heróis, ora atrativos ora repulsivos, como a Fera que encanta a Bela, os conflitos morais da critura feia de Frenkstein, o Quasímodo corcunda de Notredame capaz de grande amor por Esmeralda, e mesmo o mito de Aleijadinho na cultura mineira-brasileira que com suas mãos aleijadas e deformadas escultuou belezas aos olhos de quem as vê nas igrejas.
Salve O Boto!
2 respostas
Maravilhosa síntese sobre essa Mitologia Amazônica à luz da psicologia jungana….Parabéns ao autor do texto , qu afinal é meu filho amado, um ser estudioso e apaixonas pela Cuktura do homem ribeirinho e dos silvícolas da AmZonia.
Parabéns pelo seu trabalho e dedicação logo agora que nossa AMAZÔNIA está sendo tão importante e poderosa e falada em todo o mundo abs.