De 04 a 05, 06 a 07 e de 08 a 09 de agosto de 2023, participei, em Belém do Pará, minha cidade natal, dos Diálogos Amazônidas, da Assembleia e Marcha dos Povos da Terra pela Amazônia e observei a Cúpula da Amazônia – reunião de presidentes e/ou representantes de 08 países amazônicos que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Fica de fora a Guiana Francesa, território francês na América do Sul, que não assinou o tratado.
Foi um momento no qual aprendi com os diálogos entre Governos e Movimentos sociais-populares: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, povos de terreiros, cooperativas e lideranças de catadores de recicláveis, capoeiras-angoleiros.
Colaborei ao produzirmos relatórios sobre a proteção de Povos em Isolamentos Autônomos e de Contatos Iniciais (PIACIs) entregue aos presidentes, mas antes de tudo foi mocambo de conhecimentos, lamentos e aprendizados mil.
Na Pan-Amazônia há realidades tristes e resistentes contra a exploração capitalista, egoísta, externa, predatória, assassina, desmatadora da floresta e seus povos e urbanidades.
Por exemplo, concomitante ao evento, em Tomé-açú, indígenas Tembém foram baleados por capangas de empresa gringa (Grupo BBF BrazilBioFuel) de extracão de óleo de palma, o que deixou um clima tenso entre populares e o governador Hélder Barbalho. As escutas, encontros e entraves serviram de garimpagem de fortalecimentos, florescimentos e reflexões de soluções complexas para os problemas, desafios e conflitos do mercado de carbono na floresta, das mudanças climáticas e das humanidades desde os povos isolados aos urbanos pan-amazônidas. Agradecido à Escola que são os movimentos populares na busca de melhoria da nossa vida coletiva neste pequeno planeta no universo.
Os Diálogos Amazônicos reuniram 27 mil pessoas, 5 plenárias, 3 plenárias transversais, 405 atividades auto-organizadas no intervalo de três dias intensos. O ministério da Igualdade Racial anunciou a criação de Comitê de Monitoramento da Amazônia Negra e Enfrentamento ao Racismo Ambiental em parceria com o ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e dois representantes do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT).
Como filho da Amazônia Paraense, nascido e criado na cidade de Belém, depois crescido na cidade de São Paulo – Zona Leste, em constante contato com a Mata Atlântica – outra querida floresta, depois o mundo afora e no atual constante movimento pela Amazônia Maranhense e Paraense e seus territórios tradicionais, florestais, rurais, campesinos, vide as violências sobre os povos originários e comunidades tradicionais, como o recente caso da líder quilombola, ex-promotora da igualdade racial baiana, líder da Conaq-Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas e Yayalorixá Maria Benedita Pacífico, covardemente assassinada, reflete na Amazônia, no Brasil e na América Latina o grau de violência que sofremos como sociedade civil.