quinta-feira, 20 de março de 2025

A Psicologia Analítica e a Antropologia

Publicado em 19 de julho de 2023, às 11:06
Fonte: Fabio José Cardias-Gomes. Docente-pesquisador de Psicologia na UFMA-Imperatriz. Psicólogo Clínico e do Exercício e Esporte.
Imagem: Free Pik premium.

Este breve texto é fruto de uma aula de pós-graduação intitulada “Os Diálogos com a Antropologia na Obra de Carl Gustav Jung”, realizada em 06 de maio de 2023, pela professora Drª. Adriana Facina, do curso Psicologia Analítica e o Sujeito Contemporânea, do Centro de Estudos Junguianos e Analistas Associados (CEJAA), sediado no Rio de Janeiro.     

Jung foi um estudioso das relações entre as teorias antropológicas clássicas, das noções de cultura, da Modernidade e o seu pensamento como uma Teoria antropológica contemporânea, implicada com o Pós-Modernismo, o Antropoceno e as mitologias atualizadas pelas mídias, cinema e literaturas, quadrinhos, mangás, animês e redes sociais, que não existiam na sua época.

A obra de Jung se apresenta então como uma Antropologia no sentido mais amplo do termo: o estudo do ANTHROPOS, do Ser Humano e com a exigência de diálogos com os outros saberes antropológicos para a compreensão do sujeito contemporâneo.

A proposta antopológica de Jung já dialogava com a etnologia de Adolf Bastian, das ideias elementares (Elementargedanken) e de ideias da humanidade (Menschheitsgedanken),  bem como a antropogeografia de Friedrich Ratzel. Sanu Shamdasani, eminente historiador da área junguiana, aponta que Edward Tylor e James Frazer compunham as leituras de Jung, mas teriam sido especialmente Lucién Lévy-Bruhl, Marcel Mauss e Henri Hubert seus maiores influentes.

São frutíferos os estudos nesse diálogo com obras como as de Edward Sapir, Ruth Benedict e Margaret Mead sobre cultura e personalidade, bem como as Mitológicas de Lévy-Strauss, quem mal entendeu Jung, vide suas críticas estruturalistas à psicologia analítica, que na verdade se aproximam, especialmente se revistos seus conceitos de padrões culturais.

Finalmente, os estudos antropológicos de Jung devem ser compreendidos, mas também ampliados com uma antropologia brasileira e meus interesses se voltam para uma antropologia de matrizes indígenas e  afro-brasileiras como em Ailton Krenak, Daniel Mundurucu, Yaguarê Yamã, Davi Kopenawa, Conceição Evaristo, Nego Bispo, Kabenguele Munanga, Zélia Amador de Deus, dentre outros modos brasileiros de se pensar o Anthropos brasileiro contemporâneo, tarefa para outro texto.

Uma resposta

  1. Sinto-me, cada vez mais, carente de conhecimentos sobre as verdadeiras essências que dizem respeito à antropologia. Ao ler este profundo texto, considerando-se, a pequenez, sobre os nossos conhecimentos, acerca do Ser humano, em suas diferentes modalidades culturais, em que, a subjetividade humana, vem se escaceando gradativamente em nosso meio, sem medo de errar, as universidades brasileiras e mundiais continuam pecando muito, ao não estabelecer como critérios curricular, a obrigatoriedade em todos os cursos, principalmente, a “Medicina Humana “, de, já, no primeiro ano básico, noções fundamentais de antropologia, filosofia e Psicanálise.
    Não é possível, a qualquer profissional, especialmente, nós médicos, cuidar bem do ser humano, desconhecendo a sua subjetividade. O homem, a mulher, desde a preconcepção são frutos de suas relações epigenéticas, ou seja, do mundo que o rodeia. O qual, sabe-se, hoje, capaz de mudar o comportamento dos nossos genes. Embora, permaneça incapaz de mudar a sua estrutura biológica.
    Gostei muito do artigo, apesar de minhas limitações teóricas vinculadas à temática nele contida. Itamar Dias Fernandes

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