Em julho, há oito anos, Carolina inaugurou o seu
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POR UM MUSEU PARA IMPERATRIZ
–> Não é falta de recursos — é falta de vergonha, de vontade, de obstinação, de paixão, de liderança, de compromisso e amor verdadeiros por esta cidade
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Em julho de 2015 o município de Carolina (MA) ganhava o seu Museu. Fui convidado para a inauguração e estive lá.
Um associação virtuosa de carolinenses espalhados pelo país mais os do município e região, além de outras parcerias, terminou por dotar a cidade de um ponto de referências sobre sua História, Cultura e Sociedade.
Na época, cumprimentei e agradeci ao carolinense Antônio Carlos Ayres, pela documentação do evento e alguns registros com meu nome.
Enquanto isso, o que Imperatriz, a segunda maior cidade, a “Segunda Capital”, a maior economia do interior maranhense, o que as competentes autoridades têm feito no decorrer dos anos e de seus mandatos?
Como se diz à boca miúda por aí, sabe-se que esses governantes querem mesmo é o DESENVOLVIMENTO DE SUA “POLÍTICA” e não a NOSSA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO.
Alegar falta de recursos é enveredar pelo discurso fácil, cômodo, anódino, para não dizer outras coisas, de quem convive com a falta de pulso, inovação, criatividade e sadia ousadia na gestão da decantada/encantada “coisa pública”.
Nenhum desses governantes é realmente apaixonado pela cidade; o que eles gostam mesmo ou respeitam ou a quem mesmo se submetem é o tal de “seu” grupo político, seus “assessores”, seu partido e, sobretudo, seus projetos de manutenção de poder. A cidade é sempre um meio — e não um fim — da grande maioria dos objetivos não expressos em manifestos, programas e retórica governista.
Uma lástima…
Sobre o assunto “Museu de Imperatriz”, desde a década de 1970 pauto esse tema. Como se lê mais abaixo, ao longo das décadas, a convite e voluntariamente, participei de debates, apresentei documentos, sugestões etc. etc. etc.
Resultado: Nada.
E “nada” não é o valor da história de Imperatriz.
É o que vai sobrar de (in)certos governantes que, podendo fazer, não o fizeram.
Todo governante é culpado do bem que não quis fazer.
(EDMILSON SANCHES)
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Há pouco mais de nove anos, em 03/04/2014, a convite da Câmara Municipal de Imperatriz, fiz o pronunciamento de abertura da audiência pública naquela data, uma quinta-feira, para tratar, segundo o convite oficial, de “assuntos relacionados à proposta de criação de um Museu para preservar a memória e a história do município de Imperatriz”.
Resgatei os diversos eventos desde a década de 1970, sobretudo aos projetos que, por solicitação, fiz para duas administrações públicas (Ildon Marques/Luís Carlos Noleto, na década de 1990, e Jomar Fernandes/Jessé Cutrim, anos 2000).
Mostrei fotos das peças metálicas doadas à Vila de Imperatriz pela Imperatriz Teresa Cristina em meados do século 19 e que foram levadas indevida e ilegalmente para São Luís, de onde nunca retornaram, apesar das várias solicitações minhas como jornalista e vereador, em 2002/2003 e no mandato 2009/2012, para que os Poderes Públicos locais fizessem pressões e demandas administrativas, políticas e, até, judiciais, para que os objetos fossem devolvidos. Todos fizeram ouvido de mercador. Uma lástima, esse povo!
Abaixo, um esboço de texto sobre os projetos apresentados e as teses defendidas desde os anos 1970.
EDMILSON SANCHES
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UM MUSEU PARA IMPERATRIZ
Falar em um museu é assunto batido e de pouco ibope em Imperatriz. Governantes pouco têm se interessado pelo tema. É certo que a cidade e a região andam atoladas de outras carências… e igualmente aí administradores públicos e gente com mandato só fazem o “minimum minimorum”, confiados e confinados na passividade da maioria dos habitantes e na acriticidade e dependência de grande parte dos órgãos de Imprensa.
De qualquer forma, traz-se, aqui, mais uma vez, uma sugestão de interesse coletivo, desta feita de ordem cultural — um museu para Imperatriz. A ideia já foi apresentada no final da década de 1990 e, na administração 2001/2004, ensaiaram-se alguns passos, mas, tanto em um quanto em outro caso, tudo foi vergonhosamente deixado de lado, como mais uma demonstração dos arroubos improdutivos e êxtases arrivistas que acometem o magote de administradores públicos ainda vicejante nestas paragens.
MUSEU – Apenas para iniciar o debate, poder-se-ia lembrar que o Museu de Imperatriz estava cotado para ser instalado no antigo prédio da COBAL/CONAB, no centro da cidade e vizinho à sede dos três Poderes (Prefeitura, Fórum, Câmara). O aproveitamento daquele espaço tinha o mérito da oportunidade e da economicidade. Oportunidade em razão de:
a) prestígio que se confere, ou que se ressuscita, em relação a uma parte da área urbana ligada à chamada “Cidade Velha”, que cada vez mais se consolida como referência histórico-cultural, diversional e de lazer;
b) facilidade de condução de autoridades que estejam sendo recebidas na sede de qualquer dos Poderes, para visita ao Museu, onde poderão ser melhor apresentadas à cidade;
c) construção de uma “nova” visão e de um novo hábito — a visita a um museu e o estímulo ao conhecimento da história e das perspectivas do município — pelos estudantes e povo em geral; e
d) recuperação/manutenção/ampliação da autoestima da cidade, pelo conhecimento de seus valores (história, cultura, economia, gente).
Quanto à economicidade, listem-se:
a) terreno e edificação em processo de aquisição pela Prefeitura (claro, precisará de investimento em melhorias e adaptações);
b) menor mobilidade no deslocamento de autoridades e outros visitantes que estejam sendo recebidos na sede de qualquer dos Poderes.
Mas tudo isso são águas passadas, pois o prédio já tem outra destinação…
“AMBIENTES” – Imaginam-se alguns “ambientes” no Museu: os específicos e os de apoio.
Específicos – aqueles voltados para as finalidades básicas do Museu: os espaços onde estarão expostas peças (material histórico e outros) e áreas reservadas para reprodução de material audiovisual.
De apoio – os espaços que dão suporte ou complementam a atividade-fim do Museu: um pequeno auditório; cantina; administração; banheiros.
Nos diversos ambientes ficariam à disposição do público folhetos, prospectos, “folders”, para distribuição gratuita, além de um espaço adequado para venda de livros, DVDs, CDs, fitas, peças de artesanato, cartões postais etc.
AMBIENTES ESPECÍFICOS – Sugerem-se alguns ambientes do Museu: 1 – Nossa História; 2 – Nossa Economia; 3 – Nossa Cultura; 4 – Nosso Povo; 5 – Nossa Luta; 6 – Espaço Audiovisual.
NOSSA HISTÓRIA – Nesse ambiente ficariam expostas diversas peças históricas:
a) as peças doadas pela Imperatriz Teresa Cristina em agradecimento à homenagem que a cidade lhe fizera (as peças estão em São Luís e devem ser trazidas para Imperatriz, numa “operação” político-administrativa);
b) cópia de documentos históricos encontráveis em Belém, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Luís, Brasília etc. relativas, sobretudo, ao fundador da cidade e à expedição pelo rio Tocantins, além de documentos relativos à execução de serviços de infraestrutura; cópias das leis paraenses e maranhenses que estabeleceram limites e elevaram/garantiram a Imperatriz a diversas categorias ou status (vila, cidade, comarca etc.);
c) peças históricas de propriedade de particulares (que seriam sensibilizados, por visita pessoal e por meio de campanha em rádio/jornal/tv, a doarem-nas para o Museu ou, no mínimo, cederem as peças, a título de guarda e responsabilidade permanente da Prefeitura);
d) fotografias ampliadas, tipo cartaz, dos locais históricos do município (onde frei Manoel Procópio aportou; a “Casa de Passagem” (antiga prefeitura e cadeia); Paço da Cultura; local da pensão onde se hospedou “Che” Guevara; igreja Santa Teresa etc.).
NOSSA ECONOMIA – Nesse ambiente seriam expostas:
a) peças representativas dos diversos ciclos econômicos de Imperatriz (borracha, gado, arroz, madeira, ouro, serviços), além do estágio atual da economia (móveis, oleaginosas, refrigerantes, beneficiamento de arroz, indústria láctea, indústria gráfico-editorial, rede hospitalar, rede bancária, rede educacional etc.);
b) peças, mapas e fotografias demonstrativas das potencialidades do município a partir de seus principais títulos: “Princesa do Tocantins” (o rio Tocantins e a hidrovia Tocantins-Araguaia); “Portal da Amazônia” (a vantagem comparativa de ser região pertencente, simultaneamente, às regiões Nordeste e Norte); “Capital Brasileira da Energia” (o Linhão Norte–Sul, obra única no gênero em todo o mundo; a futura construção e conclusão das hidrelétricas de Serra Quebrada e de Estreito); “Metrópole da Integração Nacional” (os multimodais de transporte: rio Tocantins, Ferrovia Norte-Sul, Estrada de Ferro Carajás, BR Belém-Brasília, MA-222, linhas aéreas);
c) “Gente que Cresceu com a Gente”: galeria de fotografias de empreendimentos/empresas ou de empresários / empreendedores de sucesso, que acreditaram no potencial da cidade. Haveria legenda nas fotos, com resumo histórico dos empreendimentos ou dos empresários, produtos e serviços oferecidos. (Esse espaço poderá “financiar” a manutenção de todo o Museu);
d) cartazes com fotografias de nossos pontos turísticos e clubes.
NOSSA CULTURA – Neste ambiente ficariam expostos:
a) exemplares de livros, discos, fitas, jornais, revistas, filmes etc. de autores locais;
b) peças de artesanato e vestuário característico das diversas manifestações folclóricas (incelenças, quadrilhas de São João etc.) e danças (cacuriá, lindô);
c) receitas e fotos de pratos da culinária local/;
d) quadro com fotografias dos prédios das escolas da rede pública municipal; da rede estadual; da rede privada; das universidades; das escolas de idiomas; dos espaços artístico-culturais (Teatro Ferreira Gullar, Academia de Letras, Fundação Cultural, Praça da Cultura, Casa do Artesão); da rede de comunicação social (rádios, inclusive as comunitárias; jornais; televisões).
NOSSO POVO – Neste ambiente seriam expostas peças que demonstrem o caráter multicultural e cosmopolita da sociedade imperatrizense:
a) árvore genealógica das famílias tradicionais/pioneiras de Imperatriz;
b) fotografias com resumo histórico de pessoas/famílias representativas dos diversos Estados brasileiros e de outros países (portugueses – Freitas; espanhóis – Canicoba Rodriguez; americanos – Holthouser; de língua árabe – Sabag, Yusuf, Ghadder; gregos – Karalis; italianos – Altrocchi, Milesi, Grignani, Della Vedova; alemães – Stein / Erdmann; japoneses – Wada, Ogawa; além de chineses, argentinos e outras nacionalidades).
NOSSA LUTA – Esse ambiente seria reservado para a exibição de filmes, fotografias, jornais, livros, depoimentos gravados em áudio e em vídeo, depoimentos escritos e autografados, tudo respeitante ao movimento que ficou conhecido como “Revolução de Janeiro” e que, na prática, dividiu a história contemporânea de Imperatriz em dois períodos: antes e depois da “Revolução”.
ESPAÇO AUDIOVISUAL – Neste ambiente devem constar: equipamentos de gravação e reprodução audiovisual (televisores, DVDs, videocassetes, gravadores), para exibição/audição de discos e fitas, onde se registrem filmes, depoimentos de pioneiros, acontecimentos e diversas outras ocorrências históricas, econômicas e culturais registradas pelas estações locais de TV e rádio e pelas áreas de comunicação de órgãos públicos, universidades, empresas etc.
AUDITÓRIO – Esse ambiente de apoio deve conter, também:
a) equipamento de gravação em áudio e em vídeo, destinado a coletar depoimento de autoridades e visitantes ilustres, de passagem pela cidade;
b) galeria com fotos (com legenda – nome e período do mandato) dos administradores municipais (intendentes, prefeitos, interventores; no caso de vice-prefeitos que substituíram o titular, apor a foto com a legenda do maior período de substituição);
c) móveis e recursos didáticos de praxe (cadeiras, mesa, tela, quadro a pincel, flip-chart, apontador a laser, retroprojetor etc.).
IMIGRANTES
AOS IMIGRANTES – Na linha de ideias para um museu de Imperatriz, relembre-se que a cidade só alcançou maior nível de grandeza a partir do trabalho de imigrantes, vindos de todas as regiões do Brasil e dos diversos continentes do mundo. Abaixo, a ideia de um concurso para construção de uma obra ou espaço em homenagem aos imigrantes.
Lei nº ……./2009, de ….. de ……… de 2009.
Cria e regulamenta o Prêmio “Imigrantes” e dá outras providências.
O Prefeito Municipal de Imperatriz, no uso de suas atribuições legais e observado o disposto nos artigos 8º, “v”, e 174, parágrafo único: Faço saber a todos os habitantes que a Câmara Municipal de Imperatriz aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º – Fica criado o Prêmio Imigrantes, na forma do regulamento abaixo:
“Art. 1º – DO PRÊMIO – Fica criado o Prêmio “Imigrantes”, destinado a artistas plásticos nascidos ou residentes em Imperatriz.
Art. 2º – DO OBJETIVO – O objetivo deste concurso é premiar o autor do trabalho selecionado para compor o Mural Temático, a ser construído em uma praça municipal, em reconhecimento à importância dos imigrantes brasileiros e estrangeiros na história e desenvolvimento de Imperatriz.
Art. 3º – DO TRABALHO – O trabalho será uma pintura ou desenho, apresentado em dimensões livres, a ser reproduzido em suporte azulejado de dimensões 2m X 2,5m.
Art. 4º – DO TEMA – O tema do trabalho é: “A história e o desenvolvimento de Imperatriz são feitos pelo esforço e união de brasileiros de todas as regiões do País e de estrangeiros dos diversos continentes do Mundo”. Além da ideia da importância dos imigrantes, o trabalho deve sugerir a ideia de Imperatriz como cidade plural, planetária, de cidadãos conscientes e trabalhadores.
Art. 5º – DA INSCRIÇÃO – A inscrição dar-se-á até o dia (…) e é feita com a entrega do trabalho na Prefeitura Municipal, rua Rui Barbosa, 201, Centro. O trabalho não conterá qualquer identificação do autor, que entregará envelope lacrado contendo papel com nome, endereço, números de identidade e CPF, telefone de contato e descrição do trabalho. No ato da inscrição, o trabalho e o envelope receberão o mesmo número, na ordem de chegada dos trabalhos. Será entregue ao portador comprovante de inscrição.
Art. 6º – DA SELEÇÃO – A seleção do trabalho vencedor será feita por uma Comissão composta de 5 (cinco) membros, representantes da Secretaria Municipal da Infraestrutura, Secretaria Municipal da Educação, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA, delegacia de Imperatriz), Academia Imperatrizense de Letras e Associação Artística de Imperatriz. A Comissão é autônoma para estabelecer os critérios da seleção, os quais constarão em ata própria, e sua decisão é irrecorrível.
Art. 7º – DA PREMIAÇÃO – A premiação é de R$ (…), pagos diretamente ao artista premiado, a título de cessão de direitos. Por indicação da Comissão, poderão ser distinguidos até 4 (quatro) outros trabalhos, cujos autores receberão, cada, um conjunto de livros e discos de autores e intérpretes locais. Todos os inscritos receberão Certificado de Participação. Os recursos para cobertura das despesas relativas ao Prêmio correrão à conta de verba própria da Secretaria da Educação ou da Secretaria do Governo.”
Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Gabinete do prefeito do Município de Imperatriz, em …. de ……. de …, … da Independência, … da República e …. da fundação do município.
2 respostas
Tenho atas de vários momentos , reunioes que tratam desse mesmo sonho.
Na Camara realizamos reunioes com Adalberto Franklin,sempre falando sobre nosso Museu.
Encontrei no quintal da casa do Sr. Jofre Tocantins, o peso de 50 k doado na ocasião que a Imperatriz Teresa Cristina mandou as medidas que estao no Museu em São Luís e foi colocado dentro de casa.
Ja o usei duas vezes em Exposicoes Culturais feitas na cidade( tenho fotos)
Sempre estou presente nestes Encontros.
Ultimamente nos encontramos com Dr.Ribeiro que está acompanhando o Projeto de criação do Museu de Imperatriz.
Gostaria que avançassemos.
Conceição Formiga
Sou uma lutadora por esta causa há muitos anos.Gostaria de ser lembrada para reuniões desta causa.