(Por Edmilson Sanches – Administrador, historiador, comunicador, escritor, palestrante, consultor, autor da Enciclopédia de Imperatriz)
Segunda-feira à noite, dia 17 de junho de 2013. De passagem pela recepção do hotel, dou uma parada ante o que vejo na TV. Fico um pouco mais. Vou ficando. Uma emoção que é ao mesmo tempo sentido de solidariedade e sentimento de indignação misturam-se em diversos pontos do meu ser.
Estou vendo dezenas de milhares de pessoas em diversas capitais brasileiras manifestando, em atos pacíficos (é o que afirmam), sua insatisfação ante os mandos e desmandos emanados desse bando (sim: bando) de políticos que, em conluio, se “acoloiam” na defesa de interesses partidários, pessoais, grupais, e dilapidam e atrasam o crescimento e a justiça social do nosso Brasil.
Este nosso país é mesmo rico, rico e forte. Pois resiste à maior das depredações, ao maior dos vandalismos, que é a imensa, inquantificável, imensurável roubalheira que eles — eles mesmos, os políticos — promovem.
Não era mais para o Brasil ter os milhões de miseráveis que ainda tem.
Não era mais para ter hospitais públicos que tem — insuficientes e, pior, insuficientes e imundos.
Não era mais para ter as escolas públicas que tem, caindo aos pedaços, professores precisando entrar em greve para ter respeitados direitos, alunos mendigando merenda escolar, alunos caminhando quilômetros para assistirem aulas.
Essa matilha de lobos travestidos de políticos vive sempre à espera dos Chapeuzinhos Vermelhos que não passeiam em florestas, mas, sim, vivem e perambulam por ruas que NÃO SÃO igual à cara deles: limpa.
Os políticos são os grandes bandidos, bandidos infiltrados e se fazendo maioria no meio dos que querem fazer algo de sério e honesto neste país. São esses bandidos os que mais matam no Brasil. Matam mais que assassinos. Matam mais que o “crack”. Matam mais que tudo que mata mais.
Matam porque deles é a culpa pela falta de qualidade em tudo, ou em quase tudo que existe como obra ou serviço feito às custas do dinheiro do povo.
Não há praticamente nada que se faça neste país em termos de obras e serviços que não tenha — previamente, posteriormente e postumamente — o roubo, a dilapidação, a partilha, o compadrio, o desvio, a ilicitação, a ilicitude, a bandidagem, os amigos, familiares e conhecidos que, diretamente ou por meio de “laranjas”, se beneficiam da gatunagem desses bandidos com mandatos.
Será que estariam mentindo a Imprensa, a Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal e as promotorias estaduais?
Estariam mentindo os Tribunais de Contas, a Polícia Federal e até as polícias estaduais, representantes da Igreja, de Universidades e diversas entidades da sociedade civil organizada?
Estariam mentindo todos esses quando pesquisam, estudam, descobrem, gravam e tornam público as CENTENAS E CENTENAS DE BILHÕES DE REAIS que esses ladrões de terno e gravata roubam, furtam, desviam, em verdadeiros crimes de LATROCÍNIO, pois de seu roubo se segue a morte, por falta de Saúde, Educação, Segurança e Emprego de qualidade neste país?
Estariam mentindo todos esses Órgãos e entidades e pessoas? Seria então todos eles agentes de uma grande conspiração para desmoralizar o que moral não têm — os políticos?
As dezenas e dezenas de milhares de brasileiros que nesse momento caminham pelas ruas de diversas grandes cidades brasileiras não estão sós. Definitivamente, não estão sós: estão caminhando também com nossos pés, estão gritando também com nossa voz, estão sadiamente indignados e sentem isso também com nossos sentimentos.
Não se tem ideia, nesse momento, de quantos dias, de quanto tempo mais as passeatas vão durar. Candelária, Diretas Já, caras-pintadas… Imagens e fatos passam pela memória de quem tinha vida consciente naqueles idos.
O que acontecerá agora?
Fora as análises, os editoriais de jornais, as imagens de TV, os estudos acadêmicos, o que será feito do esforço, do tempo, da energia emocional e física e dos quereres e vontades manifestados por tantos durante tanto tempo?
Se políticos, em lei e em discurso, são representantes do povo, que povo é o que representam após tanto extravasamento de decepção, de insatisfação, de vergonha pelo que eles, políticos, estão ou não estão fazendo em favor de seus representados.
Na verdade, o que vale para muitos “políticos” é a negociação, é a empreiteira, as emendas, o percentual que é devolvido do valor liberado.
O que vale são os cargos em todos os três níveis de Governo, por onde escoam poder e dinheiro, dinheiro e poder.
O que vale é a sabujice, o acanalhamento, o servilismo, o despudor, o contorcionismo verbal para justificar tantas posturas e coisas injustificáveis.
Em nível federal, em Estados e em municípios, o “modus operandi” dos bandidos da política não é diferente. Em municípios prefeitos têm empresas de “amigos” que dão cheques àqueles com que esses dejetos mantêm conluios criminosos, formação de bando, ladroagem do dinheiro da população.
São malandros… Malandros onde o “mal” é tão parte da palavra quanto dos atos. Malandros que têm ou criam empresas para, por meio de prepostos, fornecerem alimentação escolar, peças de vestuário (inclusive malharia), material gráfico, serviço de “buffet”, aluguéis de imóveis e veículos e máquinas e equipamentos, materiais de construção, notas fiscais, gasolina e outros combustíveis que evaporam fácil…
E ainda tem aquele asfalto em muito menor quantidade e qualidade do que está nos documentos e nos valores, pois ninguém (Quem? Vereador? Deputado? Senador?) mediu os buracos da operação tapa-buracos, ninguém (quem?) mediu as toneladas de asfalto que muitas das vezes mentirosamente foi posto em um semestre para já não estar prestando no outro.
É uma verdadeira teia gosmenta e fétida de corrupção, uma rede de tráfico de influência, de gente metida a “esperta”, gente que “sabe fazer política”… E tudo isso com a bem-vinda quando não bem-remunerada omissão ou inação ou faz-de-conta de Poderes Legislativos cuja maioria dos membros não é de parlamentares, são “office-boys”, meninos de recado: não têm quatro anos de mandato — têm quatro anos de… mandados.
Essa gente, esse lixo humano embalado em terno e amarrado com gravata, pratica diariamente o exercício do autoengano: por meio de redes sociais, “blogs”, “sites”, “e-mails”, assessorias de Imprensa viciadas em bajulação, jornalismo de cifrões, por meio de programinhas de TV que são verdadeiro embuste, por meio de fuxiqueiros, truões, bobos de cortes, por meio disso e muito mais, esses magotes, essas rumas de malandros se autoenganam e tentam, às escondidas, em um jogo muito particular, expiarem os próprios pecados, absolverem-se dos males que, direta ou indiretamente, cometem, penitenciarem-se do sem-número de coisas ruins que fizeram ou estão fazendo, deixaram ou estão deixando.
Mas não tem jeito. Eles não poderão convencer todos os neurônios, todas as células de seu cérebro. Restará sempre, como recurso da memória e da verdade que não se apaga, restará sempre um neurônio descarregando em sinapses sua carga elétrica e dizendo de modo mudo a cada um desses políticos corruptos, bandidos:
” — Você não passa de um ladrão.”
Um dia os pés que caminham em marcha chutarão de vez essa corja.