Por: Liana Melo – advogada, empreendedora e coach sistêmica.

“Assim como o homem pensa em seu coração que ele é, isto ele será” (Provérbios 23,7)

Hoje o que não falta é metodologia para ensinar o empreendedor sobre como se posicionar no mercado, ensinamento útil, uma vez que sabemos que é a nossa postura, o tal posicionamento, quem dita o ritmo e os resultados de todo e qualquer relacionamento, inclusive o relacionamento do empreendedor com seus clientes, colaboradores e com seu produto.

Mas, você já parou para analisar o que você pensa sobre si mesmo? Como seu coração sente que você é? Acredito que o que externamos é simplesmente um reflexo do que é interno, assim como é dentro, é fora. Materializamos o que acreditamos. Por isto, hoje, eu gostaria de acrescentar algo importante a essa teoria: O que acha de começarmos na origem e falarmos da importância da postura interna?

Cocordando com o texto bíblico citado acima, Henry Ford nos presenteou com a celebre frase: “Se você pensa que pode, ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo!”

Nestas horas, eu imagino o leitor me indagando: Ah! Tranquilo! Entendi! Se meu pensamento interno vai determinar minha postura externa, então é só eu mudar meu pensamento. Certo? 

Então também na minha mente eu respondo: errado você não está. Porém não é simples mudar nossos pensamentos, porque nosso cérebro não é capaz de obedecer ao comando de não pensar em algo. É! Parece um caminho curto entre a minha comunicação interna e o que eu externalizo ao mundo, mas eu diria que é uma comunicação rápida, mas não curta.

Não é simples mudar o que pensamos a respeito de nós mesmos porque o que pensamos é determinado pelo nosso sentimento, e a neurociência afirma que não podemos controlar como sentimos algo – o caminho seria controlar a reação diante dos sentimentos – portanto não é simples substituir os pensamentos, porque eles nascem nas nossas crenças, naquilo que acreditamos consciente ou inconsciente como verdade.

Estabelecido que vivemos no ciclo “crenças determinam sentimentos, que por sua vez determinam os pensamentos que gerarão nossas atitudes”, podemos encontrar um possível caminho para criar novos pensamentos a nosso respeito, pensamentos impulsionadores ao invés de paralisantes. Vamos à primeira técnica:

Tem algo no qual já acreditou por um período da sua vida e hoje não acredita mais? Pode ser algo da infância, por exemplo, vamos dizer que um dia você acreditou que Papai Noel comprava os presentes de Natal. Do mesmo jeito, você pode conversar com seus pensamentos e ir transformando crenças limitantes em crenças possibilitadoras. Pergunte-se: este pensamento é meu ou de outra pessoa? Um dia fui levado a acreditar nisto, esta crença ainda me é útil? Como posso pôr este pensamento à prova? O que de pior pode me acontecer se eu experimentar a vida por um caminho diferente? E vá fazendo perguntas.

Segundo, se hoje te aparecer o pensamento de que você não dá conta de empreender ou de continuar com qualquer outro objetivo, faça uma lista de todas as superações que já viveu. Se seus pensamentos forem de desesperança, de que não dá conta sozinho, que tal fazer uma lista de todas as suas orações já respondidas? Pense em algo que pediu a Deus e que hoje não precisa mais pedir. Faça uma lista de todos os milagres que já experenciou.

E, por fim, pegue um espelho. Sim! Olhe para você mesmo e se lembre de que hoje você é adulto e pode cuidar daquela criança que mora em você e que pode estar ferida e sendo guiada por sabotadores internos, que na teoria da Inteligência Positiva, do autor Shirzad Chamine, criamos para dar conta de sobrevivermos à infância. Ao olhar para este espelho, fite o fundo dos seus olhos, veja você, sim, olhe para você com amor e cultive o hábito de dizer a si mesmo no espelho frases como: eu te amo! Eu me amo e me aprovo! Estou disposto a me amar. E também pergunte-se (sempre olhando no fundo dos seus próprios olhos): O que posso fazer por você hoje que vai lhe deixar feliz? Sabe aquela sensação de querer carinho ou querer receber algo material dos pais, de esperar e isto não vir? Tenho uma boa notícia, hoje você cresceu e pode tanto dar carinho como provisão a você mesmo. Experimente!

Você é a pessoa mais importante da sua vida, então fica claro o quanto é fundamental ter um bom relacionamento consigo mesmo. Acontece de você se pegar dizendo coisas do tipo: Eu não consigo! Sou burro! Que idiota! Acontece? Se sim, pense o seguinte: Você passaria 24h do dia com quem fala assim a seu respeito? Se não toleraria uma companhia que só  o critica, então por que trata mal a si mesmo? Que tal educar-se para o autoamor?

Dura a vida inteira este processo, mas se nos libertarmos da síndrome de Gabriela que diz que quem nasceu assim vai morrer assim, acredito que até o nosso último dia de vida estaremos mudando nossa forma de pensar sobre nós, sobre a vida, o universo e tudo mais. E tudo começa com o que pensamos sobre nós mesmo.

O que já me serviu um dia e hoje não me serve mais e, portanto, escolho pensar diferente?

Achei legal este papo sobre relacionamento INTRApessoal, sobre como nos comunicamos conosco. No nosso próximo encontro vamos falar de relacionamento INTERpessoal, de como nossa postura interna determina como eu me relaciono com o outro, em como o que está dentro vai reverberar em como eu me comunico com as pessoas.

E para encerrar, deixo você com a frase que ouvi ontem durante uma vivência com a psicóloga Gilmara Azevedo, ela é uma baiana arretada de linda e a frase é: “o barulho que acontece fora é apenas o eco do que existe dentro de nós”.