Linda Barros é graduada em Letras (Português-Espanhol) pela UFMA, pós-graduada em Língua Portuguesa (Fama), em Dança Educacional e em Artes Cênicas (Censupeg-SC).
É escritora cronista, contista, poeta, atriz. Faz parte do Grupo Teatro Improviso, onde já atuou em vários espetáculos, entre eles “Verão no Aquário”, “O Mulato”, “Alice no País das Maravilhas”, “A Criação do Mundo”, “Morte e Vida Severina”. No cinema, tem participação nos curta-metragens “Branca…” , “Um Pouco antes das cinco” e participação especial nos longas “Muleque té Doido 3 – mais doido ainda” e “Muleque té Doido 4 – Morreu Maria Preá”.
É professora da Rede Estadual e de Ensino Superior na Faculdade do Maranhão – FACAM, nos cursos de Letras, Pedagogia e Turismo.
É coautora de “Maranhão na Ponta da Língua” e autora do livro de poemas “Palavras ao Vento” e do livro “Meu Ser Espelhado em Mim”, recém-lançado. É cronista do Portal Facetubes, da Academia Poética Brasileira; colaboradora do Jornal do Maranhão (jornal da Arquidiocese de São Luís) e do Site Região Tocantina.
Faz parte da AJEB-MA (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil) e da Sociedade de Cultura Latina. É membro da Academia Poética Brasileira, onde ocupa a cadeira de número 99, que tem como patrono o teatrólogo Charles Melo, ocupando também o cargo de Secretária Nacional da referida Academia.
OS VÁRIOS TONS DAS PALAVRAS
Já pararam para pensar que as palavras têm cores? Têm cores, têm vida e têm sabores? A palavra “tamarindo”, como seu cérebro se manifesta quando você a ouve? Manga verde, o que vem em sua mente? É automático, nossa boca se enche de água. Afinal, quem nunca passou por esse processo? Então começa aqui um passeio cultura pelas palavras, sejam elas bem recentes ou mais antigas. As palavras conversam com você, sem nem mesmo a gente perceber. E o que nós escritores fazemos com as palavras? Todos devem estar pensando “damos vida a elas”. A respeito disso, observem essa quintilha do jornalista, poeta e Presidente da Academia Poética Brasileira, Mhario Lincoln:
A palavra lavra
liberta e consome
a prosa, a lírica, a lida
de todo e qualquer poeta,
no estribilho do ir
e vir da vida!
Didática e metodologicamente, quem trabalha com crianças sabe bem o que é esse processo de ir e vir das palavras, principalmente quando se está conversando com os pequeninos; nesse momento, temos a tendência de “florear” as palavras para que eles entendam a mensagem, já que os mesmos têm um cérebro ainda em desenvolvimento, então para que esses pimpolhos possam compreender o contexto, faz-se necessário “brincar” com as palavras. A título disso temos a cantiga popular abaixo:
Borboletinha
Ta na cozinha
Fazendo chocolate
Para a madrinha
Poti Poti
Perna de pau
Olho de vidro
E nariz de pica-pau
As palavras nos saltam a olhos vistos. Elas falam, cantam, se manifestam, mas também silenciam, principalmente quando não temos nada a dizer. As palavras têm forma, tamanho e sentimentos, como podemos observar no refrão da canção “Palavras ao Vento”, da inesquecível Cássia Eller:
Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras momentos
Palavras, palavras
Palavras, palavras
Na essência, as palavras percorrem todos os lugares, levando uma mensagem de alento a quem quer ouvir, com isso, as palavras em sua soberba, ditam as regras, quer você goste ou não. Na obra “50 Tons de Palavras”, do Imortal da Academia Poética Brasileira, João Batista do Lago, é possível fazer um longo passeio pelos vários “tons” que as palavras carregam entre si. O jornalista, poeta, ator e teatrólogo nos impressiona com a forma simples com que traz as palavras para demonstrar os mais diferentes sentimentos que elas possam nos causar. Como no poema PALAVRA:
Coisa estranha este fenômeno: Palavra!
Nela tudo se decompõe
Numa razão assimétrica
Incoerente e disfuncional
Para no ato seguinte
Ser toda ela funcional
De toda metafísica que se impõe
Não conheço qualquer ser
Que dela não dependa
Nada se lhe escapa
– seja na vida;
Seja na morte –
Tudo dela depende:
Paz e guerra
Homem e mulher
Criança e adulto
Fome e fartura
Miséria e riqueza
Leis e anomia
Patrão e empregado
Céu e terra
Deus e diabo…
Como foi possível observar no poema acima, as palavras passeiam por todo o universo: da Terra ao Céu, do Divino ao Profano, do mais simples ao mais complexo da vida. Ainda num verso do mesmo poema, o autor de “Eu pescador de Ilusões”, brinca e desdenha da mesma,
Palavra! Ó tu, meiga e doce palavra!
Rude e azeda como o fel da ponta da lança
Voraz, caidiça, decrépita e senil
Bela, altiva, nobre e digna
Arrogante, soberba e presunçosa
Sou-te o mais humilde escravo na floresta do discurso
É certo que nossa língua é pulsante, dinâmica e que com o passar dos anos algumas palavras “trocaram de roupa”, deixando transparecer que o tempo é seu maior algoz. Em um artigo do escritor e engenheiro Sanatiel Pereira, publicado há alguns anos no jornal O Estado do Maranhão, intitulado “De palavras que não se usam mais”, o membro da Academia Ludovicense de Letras e da SOBRAMES (Sociedade Brasileira de Médicos e Escritores), diz que “Muitas palavras desapareceram e vão continuar desaparecendo por forças internas e externas à sociedade, que se contorce diante do andar do tempo e das mudanças em construção”. A respeito disso, Sanatiel nos dá alguns exemplos,
“Quando alguém quer lhe fazer pressão, ele considera que o outro quer apurrinhar. Apurrinhação é uma palavra perdida no tempo presente”.
“As mulheres usavam corpetes e hoje usam sutiãs”.
“Antigamente, dava-se um arrocho no broto, hoje damos um amasso na piriguete”.
Por fim, as palavras em sua essência mais profunda não se deixam abater, afinal, todas elas são essenciais, nos mais diversos textos e contextos. Mas não se deixe enganar, elas nem sempre são o que parecem ser ou querem dizer.
4 respostas
Maravilhosa! Parabéns à querida Linda e ao querido Marcos Fábio! Iluminados!
Ela é sensacional! Nasceu pra fazer artes.
Parabéns minha mestra Linda.
De Sabores e cores vai se tecendo a vida na palavra bem dita. Um texto gostoso, de fato. Parabéns, Linda. Obrigada pelo deleite.
Linda Barros is a graduate of Portuguese (Spanish) from the University of Miami, after which she was a post-graduate in Linguistics (Fama), and a dance educator and artist. She’s a writer, contista, poet, actress. She’s a part of the Grupo Teatro Improviso, where she has performed in a number of shows, among them “Verão no Aquário”, “O Mulato”, “Alice no País das Maravilhas”, “A Criação do Mundo”, “Morte e Vida Severina”. In the cinema, she has participated in short films.