Por: Maria Helena Ventura – Escritora, membro da Academia Imperatrizense de Letras.
Escritos antigos dão-nos conta de que os homens arrastavam as mulheres pelos longos cabelos, para suas tabas como animal comum impondo-lhes escravidão e servilismo.
Alguns teóricos como Engel Reich e outros postulam que na pré-história da humanidade havia divisão do trabalho baseada fundamentalmente no sexo, por uma questão fisiológica: os homens caçavam e proviam e as mulheres, que tinham gravidezes constantes e próximas, cuidavam coletivamente dos filhos. Ambos os trabalhos eram valorizados não havendo, portanto, uma superposição de um sobre o outro.
No mundo atual separar os atributos exclusivos de cada sexo, tem se tornado, cada vez mais, uma tarefa utópica. Essa crise de papéis provoca uma insegurança em ambos os sexos. Observa-se que o homem ao perder o seu papel de provedor, ainda sem ter palavras para elaborar o que acontece e sem saber lidar com seus sentimentos, torna-se violento. Esse comportamento do homem independe de nível cultural, social ou financeiro. Mas depende do nível moral. O homem ainda não se adaptou diante da posição de uma mulher independente, mesmo que esta viva de subemprego.
As mulheres eram culpadas por todos os males à humanidade. Até nas escrituras sagradas se observa isso. Quem fez Adão cair, comprometendo toda a raça humana? -Eva. Quem tirou a força de Sansão? -Dalila. Quem é apedrejado na prática do adultério? -A mulher; o homem não. No casamento o homem pode repudiar a mulher, mas a mulher não pode repudiar o homem. Salomão, da raça Judia, considerado o mais sábio dos homens, era casado com a filha do faraó do Egito, mas tinha 300 mulheres e 700 concubinas. O pai é quem negociava o casamento das filhas sem considerar os seus sentimentos. Só quando a mulher atinge o status de mãe é respeitada e valorizada.
Um provérbio Russo dizia: “ Em cada 10 mulheres existe apenas uma alma”. A própria igreja chegou a duvidar se a mulher tinha alma. Este tema foi discutido em um Concílio, no ano 585 d.C.
Em 1781, Olimpe de Gouges, redigiu uma “Declaração dos Direitos da Mulher e Cidadã”, e por causa disso foi guilhotinada.
Joffre M. de Rezende, professor émérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás – (UFG), narra no livro “À sombra do Plátano” que na Idade Média já havia a Escola de Medicina de Salermo que admitia mulheres no seu curso, porém elas só podiam atuar como enfermeiras. O autor conta ainda um caso muito interessante: James Barry formou-se em Edimburgo em 1812 e ingressou no serviço médico do Exército Inglês. Era franzino, imberbe e tinha voz fina. Com a sua morte em 1865, descobriu-se que se tratava de mulher disfarçada em homem. Para evitar escândalo foi sepultada como homem e só posteriormente o segredo foi revelado.
Maria Gobelim, de Bruxelas, em 1880 conseguiu formar-se em advogada. Passou 34 anos reivindicando o direito de exercer a profissão. Quando saiu a permissão ela já havia morrido.
Em 8 de março de 1857, 129 operárias da fábrica de tecidos “Triangle Shirtwaist” em (Nova York- EUA) promoveram uma grande greve por melhores condições de trabalho e de segurança das instalações e acabaram morrendo carbonizadas durante um incêndio. Alguns acham que elas foram trancadas na fábrica e que o incêndio teria sido proposital, embora existam controvérsias. Em 1.910 por ocasião da Conferência Internacional das Mulheres estabeleceu-se que anualmente seria comemorado o Dia Internacional da Mulher no dia 8 de março em homenagem às mulheres mortas durante o incêndio de 8 de março de 1857 em Nova Iorque.
Geralmente as mulheres só buscam amparo quando a situação está muito grave.
Foi no Renascimento que as mulheres foram entregues ao trabalho domiciliar, confinadas entre as paredes domésticas. A partir do século XIX encontramo-las empregadas principalmente na industrial têxtil, mas em jornadas de trabalho com até 13 horas diárias em locais insalubres e salários irrisórios.
Os homens, ao sucumbirem nas guerras deixavam mulheres viúvas e/ou órfãs, as quais foram as primeiras trabalhadoras chamadas para diversos encargos, o que aumentou a prostituição e a exploração das mulheres.
As mulheres sofrem violência doméstica (física, psicológica, moral, sexual e patrimonial).
Sobre Feminismo:
Certos aspectos do feminismo apresentaram-se tão danosos para humanidade quanto o machismo. A liberdade passou a ser usada indiscriminadamente trazendo inovações nocivas.
Maria Thereza Carreço de Oliveira em seu livro Luz na Penumbra diz: “Nada mais justo lutar-se pela causa de maior liberdade e direitos para a mulher, alardear sobre a violência e repressão, reivindicar-se a criação de Conselhos, Órgãos, etc, que amparem a mulher. Mas é preciso colocar toda essa luta sem cair no radicalismo. Os equívocos não serão desfeitos à custa de críticas destrutivas e agressões ideológicas. É imprescindível um processo de reeducação da sociedade. Por exemplo, contra a idéia antiquada da dona de casa que nada fez.” Hoje já temos a noção de que a administração de um lar, nos tempos modernos, é tarefa tão importante – ou até mais – quanto dirigir uma Empresa. Dentro dessa organização, há o aspecto econômico, a ordem, a disciplina e a responsabilidade da formação moral e intelectual dos filhos. Não há porque negar a profissão quando indagadas: “Sou administradora do lar”.
Nunca a mulher necessitou tanto saber administrar a multiplicidade de tarefas. E isso é outro desafio. A presidente do Conselho da Mulher Empresária (CME/ACII) divulgou no ano 2018 um estudo do SEBRAE apontando que 3 em cada 10 empresas do Maranhão são geridas por mulheres e que 70% dessas empresárias são mães e realizam atividades domésticas.
Foi em 1932 com a reforma da Constituição Federal, que as mulheres conquistaram o direito de votar e serem votadas marcando o inicio da cidadania das mulheres no Brasil.
Reconhece-se que o Brasil possui uma Constituição avançada e bastante protetora dos direitos da mulher, mas nem assim se conseguiu banir a violência contra a mulher, ainda considerada endêmica em nossa nação.
Um fato aconteceu para que as mulheres brasileiras resolvessem defender os seus direitos. Tudo começou com a violência sofrida pela farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes sendo o autor seu próprio marido Marco Antônio Hereda Viveiros, economista e professor universitário. Ele tentou matá-la em 1983 por 2 vezes, na primeira tentativa ela recebeu um tiro de espingarda que obstruiu a coluna, tornando-a paraplégica, e a segunda tentativa de morte ocorreu quando a vítima recebeu uma descarga elétrica. O Brasil foi considerado omisso pela Organização dos Estados Americanos (OEA). A partir daí o Brasil iniciou a criação do Projeto da Lei Maria da Penha que foi sancionada em 7 de agosto de 2006.
Os franceses foram os primeiros que saíram em favor das mulheres dizendo que é preciso colocar o homem e mulher lado a lado, pois a própria vida deles depende da emancipação feminina.
Por isso e embora tenham sido as mulheres socialistas que deram largada ao movimento de emancipação da mulher, lembremo-nos que as senhoras da corte romana corajosamente a tudo abandonaram, sacrificaram-se e renunciaram aos bens materiais de que dispunham, bem como a posições sociais para morrerem na arena por converterem-se ao cristianismo. Pois Jesus inaugurou uma nova era de esperança para as mulheres.
Alguém já disse que nesse século XXI estamos cansados de tiroteios. Precisamos de um mundo mais maternal.
Uma resposta
Artigo muito bem escrito, com bons fundamentos