O texto da vez é direcionado para escritores que querem fazer algo diferente em seus livros, utilizando ou não o romance. E quando me refiro a “romance”, falo do relacionamento entre duas pessoas e não no aspecto do gênero literário. Porém, ao final o texto, você com certeza saberá responder para si mesmo a pergunta do título.
Não é que eu não goste de romances… claro, eu já li e vi ótimos filmes sobre isso e que eu gosto muito até hoje. Mas eu sinto um certo bloqueio com tema, sabe por quê? Na maioria das vezes, nessa indústria louca do entretenimento, o romance é uma forma de “escape” de narrativas que poderiam ter um potencial gigante, mas que escolheram o romance para se apoiar. Neste texto vou falar sobre dois pares românticos da cultura pop e mostrar o que para você, escritor e escritora, pode ser interessante ser analisado.
Jacob e Emma
Em “O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares” de Ransom Rigs, temos um universo único, formado por crianças com superpoderes que vivem uma brecha no tempo, o que as tornam praticamente eternas. Jacob descobre esse mundo por acaso e é introduzido nele logo nos primeiros momentos a um romance com uma dessas “crianças”.
Até aí, okay, mas depois o livro se torna sobre O CASAL e não sobre todo aquele universo que eu estava ansioso para conhecer. Assim, ele se torna mais um típico livro adolescente com um par romântico sem sal e sem um propósito claro.
Katniss e Peeta
A trilogia Jogos Vorazes de Suzanne Collins faz, o que para mim, seria ideal para um romance em uma trama. Katniss e Peeta possuem um PROPÓSITO, mesmo que no início seja apenas para posar em frente das câmaras. Não é spolier pra ninguém que eles vencem o Jogos juntos, burlando assim o sistema rígido imposto pelo presidente Snow. Mais do que abraços e beijos, Katniss e Peeta precisam desse romance para sobreviver.
Já no livro Em Chamas o casal está em crise. Katniss precisa manter o romance com Peeta, mesmo não gostando muito dele. Aqui os dois personagens crescem juntos, se tornam reais. Katniss se mostra a “senhora sem empatia” e o Peeta cai no gosto do público da Capital. Quando chega no livro A Esperança, vemos dois personagens ainda mais transtornados por conta da guerra e da tortura física. Isso faz com que os dois juntos façam o total sentido.
Mas para que serve o romance?
1- Explorar emoções humanas
2- Se aproximar do público por meio da identificação
3-Fazer denúncias: quando o tema é relacionamento tóxico/abusivo
4-Desenvolver a história do personagem, mostrando seus sentimentos ou traumas
5-Tornar a história mais leve, abordando assuntos universais, como “o amor é capaz de mudar todas as coisas”
No entanto, quero deixar algo bem claro: eu não sou contra romances em livros ou filmes. Eu só defendo que se o romance for só para preencher um buraco na narrativa, para agradar ao público ou até mesmo só para forçar a barra, NÃO PRECISA EXISTIR. Tudo aquilo que não faz o seu personagem crescer, para que a história ande, apague e faça de novo.