Gabriela Lages Veloso é escritora, poeta e mestranda em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
Atualmente, é colunista da Revista Sucuru e do Feminário Conexões, editora do núcleo poético Sociedade Carolina e membro do projeto Entre Vasos y Versos, que conta com a participação de escritores de diversas nacionalidades.
Já colaborou com coletâneas e revistas nacionais e internacionais. Em 2020, estreou no mundo das letras com a publicação do conto O Relicário, na Revista Intransitiva, da UFRJ. Em 2021, foi finalista do Prêmio Literário AMEI 2020, na categoria crônica. Em 2022, recebeu uma menção honrosa no II Concurso Pedro Ivo de Poesia, da AMCLAM, foi finalista do Prêmio Literário AMEI 2021, na categoria poesia, ganhou o 3° lugar no I Concurso Nacional de Poesia da Faculdade de Direito da UFPR e conquistou o 2° lugar no Prêmio Emílio Lansac Toha, da Academia de Letras de São João da Boa Vista (SP).
SOBRE VIVER
Minha casa é o mundo.
Navio sem porto.
Minha comida é esmola.
Chuva no deserto.
Invisível, que sou,
Ando para sempre e nunca.
SELENE
Sou parte do universo,
mas não estou à deriva.
Sou atraída por uma
força maior do que eu,
maior do que a vida,
maior do que tudo.
Sou feita de fases.
Metamorfose em curso.
Sou o reflexo da luz estrelar.
Espelho solar.
Sou o silêncio da noite.
Um silêncio que pulsa e grita.
Um silêncio que controla as marés.
Silêncio, luz e sombra.
GAIA
A cada volta, um novo ciclo.
Estou presa nas areias do tempo.
Passam-se dias, meses, anos, e
aqui estou eu. Já presenciei muitas
histórias, desse ser, que em mim habita.
Como mãe, que sou, contemplei todos
os passos de meus filhos, em cavernas,
aldeias, reinos, impérios, metrópoles e no
que ainda está por vir, nessa longa estrada.
Presa nos ponteiros do relógio, observei
guerras intermináveis, o passar de incontáveis
estações. Flor, folha, neve e sol. Vi a vida
ressurgir, o amor permanecer, um novo
ciclo começar, sonho ou liberdade?
O MAR DE VIDRO
Em tua fria e funda lâmina,
encontram-se mistérios
escondidos, o medo do
confronto com verdades
ocultas, ou, quem sabe de,
simplesmente, perder-se.
Tua dura água reflete
e encanta os Narcisos,
levando-os ao eterno
descontentamento.
Teu lume frio revela
a fera interior que, em
vão, tenta-se esconder.
Espelho, és o poço mais
profundo que existe.
Em uma só mirada
atravessas as barreiras
do tempo e da vida.
Mágico, sombrio ou
verdadeiro, apenas,
és um mar de vidro.
O ECO DE ATENAS
Eu, e minhas circunstâncias,
caminhamos, lado a lado,
rumo ao desconhecido,
tendo a poesia como guia.
Por ruas de cantaria, pelo
labirinto de becos e escadarias,
escuta-se o eco do silêncio.
Do silêncio surge a poesia,
ela vem envolta nas cores
dos azulejos, no canto dos
bem-te-vis, nas ondas do mar.
Dos sobrados e igrejas,
ecoam lendas e mistérios,
a poesia destilada da saudade.
O MAR
Ninguém nunca tocou
o teu mistério. Tens essa
imensidão, que atravessa
horizontes, mas, uma
simples concha te contém.
Na superfície, tudo que
podemos enxergar é um
espelho perturbado pelas
ondas. Um vento forte
insiste em embalar tuas
águas carregadas de sal.
Na profundidade, tudo
que se escuta é o eco do
teu silêncio, que grita, aos
quatro ventos, histórias
naufragadas pelo tempo.
Nessa jornada, tens a
lua como guia das tuas
marés. Quem atravessa
tuas águas, mesmo que
somente com o olhar,
sente a difícil liberdade
de retornar ao porto.
Uma resposta
Muito obrigada pelo espaço!