O jornalista e professor Paulo Pellegrini está à frente de um projeto de formação inovador no Maranhão: a Especialização em Jornalismo Esportivo. O curso está com inscrições abertas e será realizado em formato presencial, numa parceria entre a Fundação Sousândrade e a Faculdade Laboro. Especialista em Ciência da Informação e em Jornalismo Cultural na Contemporaneidade e Mestre em Cultura e Sociedade, Pellegrini coordenará o projeto, além de lecionar no curso, e, nesta entrevista, detalha como ela vai funcionar. Confira.
Região Tocantina – Qual é o papel do esporte no jornalismo?
Paulo Pellegrini – Acredito que o esporte é um dos grandes atrativos do jornalismo para com seu público. Essa especialização do jornalismo fomentou um público específico, ávido por informações do seu clube de coração. Com isso, tornou o jornalismo ainda mais popular. E o esporte também se alimenta disso. É através da mídia que as competições são promovidas e ganham sentido público de existência. Eventos como Copa do Mundo ou Olimpíadas, como diz Adriano Duarte Rodrigues, são criados exatamente para ser transmitidos, para virarem pauta mundial. Enfim, esporte e jornalismo se retroalimentam, um cresce junto com o outro.
Região Tocantina – Qual é a importância de uma Pós-Graduação em Jornalismo Esportivo?
Paulo Pellegrini – Assim como as demais pós-graduações, esta Especialização em Jornalismo Esportivo tem como principal função contribuir para o aperfeiçoamento profissional para quem atua na área. No entanto, no caso específico de São Luís, é uma pós-graduação histórica, por se tratar da primeira. São gerações de jornalistas que finalmente terão a oportunidade de cursar uma Especialização na área que escolheram. Vale ressaltar, inclusive, que o curso não é restrito apenas a graduados em Comunicação, e sim aberto a profissionais de todas as áreas, que buscam se aperfeiçoar ou conhecer mais sobre o jornalismo esportivo.
Região Tocantina – Qual é a estrutura do curso?
Paulo Pellegrini – O curso é estruturado em 9 módulos mensais, com encontros em dois finais de semana. No primeiro, aula sexta à noite, sábado manhã e tarde e domingo de manhã, e no segundo somente sábado manhã e tarde. O vínculo dos alunos é de 12 meses. Os três últimos meses, após o módulo final, os alunos devem dedicar à produção do TCC. O curso será presencial, no auditório da Fundação Sousândrade (Rua das Juçaras, Renascença, São Luís-MA), com previsão de visitas técnicas e aulas práticas em estúdios e laboratórios de informática. As disciplinas versam sobre metodologia científica, sociologia e psicologia do esporte, teoria e técnica de jornalismo, as particularidades do jornalismo esportivo nas diferentes plataformas, jornalismo de dados e estatísticas, direito esportivo, marketing esportivo, assessoria de imprensa, enfim, um leque amplo de conteúdos que consideramos importantes na evolução da carreira do profissional e na sua prática do dia a dia.
Região Tocantina – Quem são os professores?
Paulo Pellegrini – Convidamos professores especialistas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas, ou independentes, todos com larga experiência em docência e prática profissional no jornalismo ou no esporte. Os dois primeiros módulos serão ministrados pela professora mestra em Comunicação pela UFMA Amarílis Cardoso Santos (Metodologia Científica) e pelo professor doutor Zartu Giglio Cavalcanti, da área de Educação Física da UFMA, um dos pioneiros no ensino e prática da Sociologia e Psicologia do Esporte em nosso estado. Entre os professores dos demais módulos, estão, além de mim, Poliana Sales Alves, Soares Júnior, Elthon Aragão, Guilbert Macedo e Heraldo Moreira. E sempre teremos também participação de convidados presenciais e online, ministrando palestras, videoconferências ou treinamentos. A ideia é fazer do curso um ambiente de práticas e desenvolvimento de novas linguagens e experimentações, além da exposição de conteúdos.
Região Tocantina – O curso será presencial? Se sim, onde funcionará?
Paulo Pellegrini – O curso terá formato presencial e as aulas serão no Auditório da Fundação Sousândrade.
Região Tocantina – Ao final do curso, que tipo de TCC o estudante defende?
Paulo Pellegrini – Por se tratar de uma pós-graduação, consideramos indispensável a priorização da produção científica durante todo o percurso, com desenvolvimento de artigos ao longo das disciplinas e a confecção de uma monografia em seu final, como requisito para obtenção do diploma. É importante ressaltar que a Especialização em Jornalismo Esportivo é uma realização conjunta da Fundação Sousândrade, órgão vinculado à UFMA, e da Faculdade Laboro.
Região Tocantina – Qual é o valor do curso e como pode ser pago?
Paulo Pellegrini – Fizemos o estudo financeiro para a viabilização desta pós-graduação, levando em conta as horas-aulas dos docentes, as taxas cobradas pelas instituições proponentes, que incluem pagamento de pessoal de apoio e manutenção (pelo fato de as aulas ocorrerem em dias e horários não comerciais) e os impostos decorrentes de todas as operações e conseguimos estabelecer o valor de 350,00 reais de mensalidade, que são cobrados via boleto bancário emitido pela Fundação Sousândrade. No entanto, estamos estudando a possibilidade de desconto para pagamentos antes do vencimento, o que, caso consigamos equacionar nesse sentido, será divulgado em breve. As inscrições estão abertas até o dia 31 de janeiro.
Região Tocantina – Você acha que uma pós-graduação em Jornalismo Esportivo abre mercado de trabalho?
Paulo Pellegrini – Não tenho dúvida. O mercado é cada vez mais competitivo e todo e qualquer diferencial é super importante. Conhecimento e compartilhamento de experiências somam demais. Ainda hoje, vemos discursos de descrédito em relação a essas oportunidades de aperfeiçoamento, não somente na área da comunicação, por uma visão distorcida de que estudo é gasto, e não investimento. Entendo que a questão financeira é fundamental, mas considero um curso de pós-graduação um momento especialíssimo na vida acadêmica e profissional do graduado. Não é algo que ele ou ela farão 3 ou 4 vezes na vida. Então, investir vale demais a pena. Primeiro, porque vai trazer conhecimento atualizado, debatido, contextualizado, o que já o tornará diferenciado ou diferenciada no seu ambiente de trabalho. Depois, porque, com esse destaque, é mais provável ser escolhido ou escolhida para projetos especiais, pautas diferentes, e até mesmo cargos de chefia, que pagam mais. Por fim, abre outro tipo de mercado, o da docência, que é tão importante quanto o da prática do dia a dia. É através da docência que a área, enquanto teoria, conceito e deontologia, sobrevive. Se ninguém mais estuda, nada mais é produzido sobre o campo de conhecimento, e assim, com o tempo, ele começa a sumir. E aí a prática torna-se repetitiva e sem rumo. Então, o especialista é o primeiro professor, é o primeiro que valoriza a profissão, pois a torna sempre viva e presente, porque sempre está tratando-a como objeto de existência. E nem precisa ser como professor universitário, da docência regular como emprego. Realizar oficinas, workshops, treinamentos, rodas de conversa é também fundamental. É o especialista o mais habilitado para esses tipos de iniciativas. O valor que se paga por 12 meses é praticamente nada para os ganhos que esse período vai proporcionar para ele ou ela, para os futuros alunos e alunas e, portanto, para a profissão como um todo.