segunda-feira, 14 de outubro de 2024

De contos, causos e oralidades – Do que vale ser lembrado

Publicado em 16 de dezembro de 2022, às 9:22
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Por: Helena Frenzel – romanista, especialista em Literatura e professora de Espanhol e Português Brasileiro como línguas estrangeiras.

Fim de ano se aproxima e as pessoas se põem a pensar sobre o que fizeram nos últimos 12 meses. Eu, de minha parte, acho que é de muita valia refletir sobre o que foi feito durante um ciclo e, de quebra, pensar sobre o que pode ser melhorado.

Eu, por exemplo, comecei 2022 nesta coluna falando sobre o orgulho danado que sinto do meu sotaque maranhense e das minhas origens. É importante falar sobre isso porque quando a gente sabe de onde vem e sabe quem a gente é, as feras da vida perdem os dentes e ficam tão mansas que em algum momento dá até pra montar nelas.

Enquanto soldados russos invadiam a Ucrânia em fevereiro, e eu ainda era capaz de me espantar com a estupidez humana, tentei me distrair um pouco dos horrores do mundo pensando sobre o significado de uma simples colher na Europa da Idade Média, e sobre a necessidade de metê-la – metaforicamente, claro – nos mais diversos assuntos.

Em março, ainda em choque, por conta da explosão da guerra, coisa que eu nunca havia visto tão de perto, tentei espalhar um pouco de esperança pelo mundo. Para isso, dei às pessoas invólucros para três palavrinhas, os quais elas poderiam preencher com sentidos positivos e levar adiante. Espero que a ideia tenha dado frutos.

O mês de abril dediquei à pãesia, que é a poesia que serve de alimento (pão) quando o medo e a falta de esperança ameaçam secar a alma. Uma dieta poética não engorda e faz crescer. Pode-se consumir sem receios. Recomendo!

Em maio, tive um sonho à la Kafka, e o que nele vivenciei tentei relatar no texto do mês. Talvez o texto e sua estética não tenham agradado a muitos narizes, mas o fedor da realidade precisava virar palavra, para que pudéssemos perceber quão bizarro é este tempo em que vivemos.

Em junho, visitei uma exposição internacional de videoclips e por algumas horas só consegui pensar na arte e no poder que ela tem de nos revigorar. Foi uma experiência inesquecível e tentei relatar no texto do mês. Pintar o sete, fazer arte, meu povo, é o que nos mantêm vivos!

Nas férias, em julho, dei um passeio pela obra da escritora maranhense Márcia Montenegro e, claro, deixei um convite para que mais pessoas conheçam seus livros. Sou suspeita pra falar, porque sou fã, mas quem conhece o trabalho dela se apaixona. Não perca a chance!

Em agosto, dei alimento literário a lembranças muito queridas. Sempre me emociono quando lembro do Maranhão e, nessa ocasião, claro, não podia ter sido diferente. De quebra, deixei no texto várias referências para quem, assim como eu, gosta de ler romances.

Pintou setembro e, mais uma vez, tive a oportunidade de lembrar da minha terra nas entrelinhas de Torto Arado, premiado livro de Itamar Vieira Junior. Uma das melhores experiências de leitura do ano, minha gente! Ler este livro é ler o Brasil, é ler o mundo, é ler o nosso tempo.

Em outubro, mês em que fomos às urnas praticamente lutar pela democracia, achei por bem dedicar o texto da coluna a uma revisão de autoras que me fizeram companhia ao longo deste ano sombrio. Desejo que cada vez mais autoras sejam lidas, e que cada vez mais pessoas se unam contra o patriarcado, as ditaduras e todas as formas de opressão!

Em novembro, do nada, a menina do leite apareceu e me levou a refletir sobre o poder que temos de mudar as coisas. Fiquei com vontade de ler mais fábulas e pode ser que no próximo ano eu traga mais dessas leituras para a coluna.

Agora que pude revisar o que andei letripulando aqui ao longo deste ano não posso deixar de agradecer por cada leitura. Não me canso também de agradecer à equipe do site pelo espaço que me concedem e pelo excelente trabalho que realizam. Tem sido uma honra para mim escrever aqui. Um milhão de vezes: “Obrigada!”

Desejo a todos Feliz Natal e Feliz Ano Novo, com tempo para refletir sobre os desafios que temos pela frente, no Brasil e no mundo. Que consigamos nos livrar da pulsão de ódio e morte, coisa que ameaça nossa existência como espécie, e que busquemos, coletivamente, um sentimento de solidariedade que nos leve a construir coisas boas e sustentáveis. Nesse meio tempo, fico aqui pensando sobre o que escrever para a coluna em janeiro. Aceito sugestões, claro. É isso, povo! Nos vemos. Obrigada e fiquem bem!

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