Por: Edmilson Sanches – Administrador, historiador, comunicador, escritor, palestrante, consultor, autor da Enciclopédia de Imperatriz.
Neste 15 de dezembro de 2022 o município de João Lisboa completa 61 anos de existência oficial. No dia 15 de dezembro de 1961 o governador maranhense Newton Belo sancionava a Lei 2.167.
Mas o município tem início em 1925, quando o Sr. Joaquim Alves da Silva ali chegou, desbravou matas e fixou residência. Assim, daqui a três anos, em 2025, João Lisboa completará o primeiro centenário do início de sua história.
Primeiramente, o Sr. Joaquim morou próximo a um riacho. Depois, foi para uma região central e construiu sua casa debaixo de uma gameleira, árvore do gênero “ficus” (como a figueira), cuja madeira é utilizada para fazer utensílios domésticos, a exemplo da gamela, uma vasilha que serve para nela serem colocados ou guardados líquidos ou sólidos. Do nome da árvore gameleira veio a primeira denominação do lugar (que, em 1961, teve como distrito um povoado também com nome de planta, uma palmeira: Buritirana, desmembrado de João Lisboa, após se tornar município por Lei de 1994). Na época do Sr. Joaquim, as terras de João Lisboa faziam parte do município de Imperatriz, até o desmembramento no dia de hoje, em 1961.
O nome João Lisboa é uma homenagem a um intelectual maranhense de grande valor e referência para o estado e para o País: João Francisco Lisboa, que nasceu em Pirapemas, em 22 de março de 1812, e aos 51 anos, faleceu em Lisboa (Portugal), em 26 de abril de 1863. Além de escritor, historiador e jornalista, João Lisboa foi político (eleito e reeleito para a Assembleia Provincial) e advogado provisionado (sem diploma). Seus merecimentos levaram a Academia Brasileira de Letras (ABL) a conferir a João Lisboa o patronato da cadeira 18 daquela Instituição nacional. A Cadeira 18, fundada pelo escritor, educador e jornalista paraense José Veríssimo, atualmente é ocupada pelo professor, pedagogo, escritor, filósofo e historiador carioca Arnaldo Niskier, que foi presidente da ABL (1998-99).
O grande intelectual João Lisboa foi chamado de “o Tímon maranhense”, uma referência ao filósofo grego Tímon, dos séculos 3 e 4 antes de Cristo, que ficou célebre por seus poemas satíricos.
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O município de João Lisboa tem 23.677 habitantes (2021) e área de 1.137 km2. Foi o segundo a ser desmembrado de Imperatriz. O município imperatrizense já teve 15.375 km2 de área e hoje tem apenas 1.369 km2, menos de 10% da área total que um dia foi sua.
Considerada a população de 20.381 habitantes, de 2010 (o último Censo Demográfico do IBGE), João Lisboa estava na classificação número 85, entre os 217 municípios do Maranhão, abaixo de Cantanhede (nº 84) e acima de Bequimão (nº 86), e nº 1610, entre os 5.270 municípios do Brasil, abaixo de Conceição da Feira – BA (nº 1609) e acima de Olho d’Água das Flores – AL (nº 1611).
A economia joão-lisboense totaliza R$ 214 milhões 359 mil e 280 reais, a soma de toda a produção de bens e serviços no município (o chamado PIB – Produto Interno Bruto), segundo dados de 2019, do IBGE (até o fim de 2022 deve ser informado o PIB de 2020; há um intervalo de quase três anos entre o ano-base e o ano de divulgação dos novos números). Em relação ao ano anterior, a economia do município caiu mais de R$ 2,4 milhões: em 2018, a economia de João Lisboa era de R$ 216 milhões, 823 mil e 610 reais.
Pelos números de sua economia, João Lisboa sobrevive majoritariamente, em primeiro lugar, da Administração Pública (federal, estadual, municipal), que participa, nos R$ 214,3 milhões, com R$ 89,6 milhões.
Em segundo lugar, vem o setor terciário, os Serviços (que incluem o segmento comércio), que entra com R$ 69,7 milhões do total do PIB.
Em terceiro lugar, o setor primário, a Agropecuária, que contribui com R$ 24,1 milhões.
Por sua vez, o setor secundário, a Indústria, ocupa a quarta e última posição, participando com apenas R$ 19,5 milhões, menos de 10% da economia joão-lisboense. (Os impostos completam o total do PIB, com pouco mais de R$ 11,3 milhões).
Com forte influência de Imperatriz, seu município-pai ou terra-mãe, João Lisboa terá de, um dia, fazer uma conferência de busca de seu futuro (“Future Search Conference”), para determinar que tipo de desenvolvimento almeja e em que velocidade o deseja. Deve ser feito um pacto de cooperação entre a Sociedade, a iniciativa privada e os Poderes Públicos.
Já ultrapassado o sexagésimo aniversário, o município tem idade suficiente para aprender com seus erros, ausência de planejamento estratégico, pouca ou nenhuma participação comunitária no debate sobre construção do orçamento público e aplicação dos recursos.
Na palavra “desenvolvimento” há a palavra “envolvimento”.
Ou seja: o desenvolvimento da cidade se faz com o envolvimento dos cidadãos.
De qualquer modo, ao município e à comunidade, parabéns.