segunda-feira, 14 de outubro de 2024

É só a minha opinião.

Publicado em 14 de novembro de 2022, às 17:01
Fonte: Cristiane de Magalhães – poeta, professora de Língua Portuguesa
Imagem de Markus Winkler em unsplash.com

Vivemos o período da história chamado opinionismo (sic). Todos temos opiniões sobre tudo. Segurança Pública, Educação, Leis. Com o pretexto da liberdade de expressão, cometem-se as mais diversas verborragias em plena pizzaria, mesa do bar ou no almoço de domingo. Até aí tudo bem. Nada como alguém alegre para divertir os convivas com suas colocações expansivas.

Mas nas redes, onde tudo toma proporção em escala e assume status de verdade, opiniões sem embasamento geram mais falta de embasamento. Nós lemos fake news no zap e disseminamos como verdade absoluta. Principalmente se ela favorecer nosso lado político da atual polarização.

Em questão de minutos, somos capazes de opinar sobre maioridade penal, educação inclusiva, comportamento humano e mais uma vasta quantidade de assuntos complexos. São muito comuns, por exemplo, opiniões sobre educação vindas de quem não conhece chão de escola e muito menos teorias de aprendizagem.

Enquanto os profissionais dessas áreas ponderam em seus argumentos, nós, os especialistas de whatsapp, disseminamos nossas opiniões nada confiáveis e ainda nos orgulhamos delas. Não foi à toa que o escritor italiano Umberto Eco disse que as redes sociais haviam dado voz a uma legião de imbecis.

Existem também as opiniões de mesa de bar que transformam todo encontro em um Tratado Universal Para Decidir Algo De Importância Global. Assim mesmo, com iniciais maiúsculas, para designar a solenidade do acontecimento. O que era para ser apenas um happy hour se transforma na Conferência Mundial sobre mudar o mundo.

Por favor, nós, os adultos, sabemos como a banda toca e onde o sapato aperta. Fora do mundo fantástico das opiniões de feed de instagram, nós mal conseguimos mudar os próprios hábitos. Por que acreditamos que mudar o mundo é algo que se faz do dia para a noite? Mas isso é só minha opinião…

Sinceramente, quando começam as chuvas de opiniões no rolê, não sei se contraponho com fatos, se digo que a pessoa não sabe do que está falando ou se apenas respiro fundo e pergunto: você jura?

Mas sabe qual a melhor chance de conhecer quem está dividindo a mesa conosco? É quando nosso interlocutor dá uma opinião não solicitada. Ora, sabemos que ela, a opinião, é o retrato do universo de quem opina, isto é, aquilo que se espera que seja verdade conforme a própria vivência. Quem dá opinião não solicitada está fazendo nada mais do que uma crítica deliberada.

Diante do mar de criticismo disfarçado de “é apenas minha opinião”, não custa nada adotar o minimalismo digital. De vez em quando é bom fazer detox das redes ou até trocar a turma do rolê. Por que não?

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