terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Resenha – O Signo dos Seis, de Alysson Steimacher

Publicado em 13 de setembro de 2022, às 9:32
Fonte: Gabriel Neres – Jornalista.
Imagem cedida pelo autor.

O final do ano de 2010 na cidade de Brumar é abalado com a aparição de um potencial assassino em série de crianças. Marcelo Enriquez, sobrinho do investigador Heitor Enriquez, desapareceu numa noite e foi encontrado morto num cenário ritualístico e macabro. Vinte e um dias depois, Heitor ainda absorvia a perda do sobrinho quando seu colega de trabalho, o inspetor Andrei Villas Boas, chega com a informação de que uma nova criança foi encontrada nas mesmas condições que as de Marcelo. A partir daí começa uma corrida para descobrir a identidade do criminoso, sua motivação, quem serão as próximas vítimas e se existe alguma conexão entre essas crianças.

O Signo dos Seis (2022, publicação independente, 378 páginas), do autor Alysson Steimacher, é um suspense policial executado de uma maneira ligeiramente diferente do que se costuma encontrar nas prateleiras físicas e virtuais. Para começar, possui diferentes pontos de vista. Apesar de focar nos investigadores Heitor e Andrei na maior parte do tempo, a narrativa acompanha os pais de potenciais vítimas, criando um vínculo maior com aqueles personagens antes de acontecer alguma tragédia; do jornalista Vargas, que possui um importante papel no ‘jogo’ do assassino; de alguns personagens terciários com pouca participação ativa (a princípio) na história, cumprindo o papel de explicação, mas sem mastigar as informações. Tem o uso de flashbacks, mas ao invés de mostrar o passado do antagonista e explorar suas motivações, o leitor descobre, em seis atos, como foi a noite em que Marcelo Enriquez desapareceu.

Um ponto que o autor trabalha muito bem é na construção do suspense. Existe uma frase creditada ao cineasta Alfred Hitchcock que diz: “Não existe terror no ‘buh’, somente na expectativa dele”. Em pelo menos duas situações o autor manipula a expectativa do leitor, nos fazendo acreditar que sabemos quem será a próxima criança raptada, mas nos enganando assim que acontece a revelação. Há também alguns toques de sobrenaturalidade, mas sem destoar da trama – inclusive, ajuda a avançá-la em certo momento e também a desenvolver o arco de um dos detetives.

Sobre os policiais, Heitor Enriquez e Andrei Villas Boas se destacam tanto pelas diferenças quanto pelas semelhanças. Heitor é mais culto, mais próximo à religião e à literatura, o caso é bem pessoal para ele por causa de Marcelo, o sobrinho, que foi a primeira vítima da história. Já Andrei possui ambições políticas, aparece mais em público com as entrevistas e está seguindo os passos do pai, um ex-policial que se tornou senador no momento presente da história, mesmo que não simpatize com sua figura paterna. O caso também se torna pessoal para ele a partir de certo ponto da trama, porém é menos em comparação ao Heitor.

A investigação policial é bem instigante, o caso se torna um quebra-cabeça complexo e cada detalhe conta para sua composição. Alysson Steimacher consegue surpreender a cada capítulo com alguma informação nova e com várias reviravoltas acerca da identidade do assassino e de sua motivação.

O Signo dos Seis é um ótimo suspense policial, bem escrito e bem ritmado, com uma trama complexa, mas sem ser complicada demais. É recompensador como um quebra-cabeça bem montado, é macabro em alguns momentos e ao final o leitor sente vontade de ler uma nova história com aqueles personagens.

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